quarta-feira, agosto 30, 2006

A efeméride da miríade: Atingidas as 10 mil visitas!

De hoje em diante, cinco dígitos na contagem. Obrigado a todos vós.

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Quero Mais (Baby Jane)

QUERO MAIS
(Baby Jane)

Não foi nada como devia ser
Tu zangada e eu sem nada fazer
Dá-me um minuto para pensar

Um sonho tornado realidade
No fim mostrei falta de capacidade
Para te ter, para te amar

Hoje vejo-me no corpo a idade
De ti resta uma miragem-saudade
E o gosto ao cheiro que era teu...

Eu
Quero mais, muito mais, quero mais de ti... x2
Quero mais, muito mais, mais de ti... x2

Pedi-te que me desses algum tempo
Mas não podias esperar pra sempre
O amor não pode esperar

Eu sei que tu já não queres saber
Do que eu possa pensar ou dizer
Tarde demais pra te conquistar

E se um dia tu passares por mim
Lembra-te que já fui teu e sorri
Por tudo aquilo que não aconteceu

Eu
Quero mais, muito mais, quero mais de ti... x2
Quero mais, muito mais, mais de ti... x2

[Bridge]

Quero mais... quero um pouco mais...
Um tudo-nada-tanto
Quero tudo em ti
Quero tanto em ti
Quero tanto...

Quero mais, muito mais, quero mais de ti... x2
Quero mais, muito mais, mais de ti... x2
-*-

Ao que parece, o Ricardo Tomás, um dos guitarristas da banda Baby Jane, numa sã demonstração de vitalidade e open mindness, decidiu gravar umas músicas empoeiradas. Num sistema caseiro, com bateria sintetizada (por incrível que pareça, nem me chocou muito), reproduziu com mestria assinalável alguns riffs de boa memória para a banda - no caso, refiro-me à música "Quero Mais", inspirada num caso real em causa própria, escrita na plenitude adolescente do autor, contados líricos 16 anos apaixonantes e ultra-românticos...
Entretanto, o Tomás pediu-me há dias para lhe escrever a letra novamente, uma vez que já não a sabia toda de cor. Acedi, apesar de também eu, no continuum de lapsus mentis, me ter esquecido de uma ou outra parte. Sabia ter algures a gravação de um concerto no qual tocámos a música, em Marco de Canavezes, que valeu sobretudo pela viagem e pela presença em palco dos enigmáticos "Pausa Para Jantar", que tocavam em ambos os dias de cartaz - curiosamente, à hora de... jantar. Sei dizer que ouvi a cassete, mas acontece que o Pinto se esqueceu, em palco, das mesmas partes da letra que fugiram da minha memória, assim como da do Tomás - a fuga foi repetir as estrofes. Propus então ao Tomás reescrever totalmente a letra, o que ele declinou, argumentando gostar dela assim mesmo, como há dez anos. O que fiz foi reescrever os gaps da letra, respeitando a métrica e a temática, como é óbvio. Este "Quero Mais" aqui apresentado hoje à laia de mera curiosidade - pois que não terá sido uma das músicas mais marcantes do grupo -, fez um liftingzito, recordando o platonismo de uma paixoneta adolescente, como até aqui o texto já deixou claro. Fica registada a letra, para que nunca mais se perca, com apreço pela blogosfera.

n.b. - Uma gravação de "Quero Mais" - assim como de "Credor", Princípio do Fim" e "Revolução" - já havia sido "produzida" pelo João Martins (Skamioneta do Lixo). O resultado era um som sujo e sincero, grungy q.b., com power. No entanto, por estranhíssimos motivos até hoje desconhecidos, os masters desapareceram debaixo das barbas da banda.

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domingo, agosto 27, 2006

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sábado, agosto 26, 2006

Dez Anos é Muito Tempo

O que será de nós, daqui por dez anos,
amparando os cotovelos na ombreira da janela tecnológica,
agora que fecundamos o cântico ubíquo e permanente da noosfera?

Entretanto,
de todos os deuses, qual deles O era?;
de todos os homens, qual alcançou sua quimera?

Que será de nós, no espelho retrovisor,
vendo que, durante dez anos,
perdidos andámos e perdidos estamos na senda interior?

O que será do que era?

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quarta-feira, agosto 23, 2006

Il ritorno del Maestro

Um jogo oficial, um grande golo, uma grande assistência. O melhor em campo. Benfica 3 - 0 Áustria de Viena

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terça-feira, agosto 22, 2006

"Vale menos a verdade de um do que a mentira de dois" (Jeremias Cabrita da Silva)


A propósito ou não, eis um curto recorte fílmico de "1984", obra cinematográfica homónima daquela literária, de George Orwell. Excerto no qual Winston, no quarto do velho Charrington, reproduz interiormente as palavras ilícitas e reveladoras do "Livro" de Goldstein:


(...)

In accordance with the principles of doublethink, it does not matter if the war is not real, or, when it is, that victory is not possible. The war is not meant to be won; it is meant to be continuous. The essencial act of modern warfare is the destruction of the produce of human labour. A hierarchical society is only possible on the basis of poverty and ignorance. In principle, the war effort is planned to keep society on the brink of starvation. The war is waged by the ruling group against its own subjects. Its object is not victory over Eurasia or Eastasia, but to keep the very structure of society intact.

(...)

Julia acorda suavemente, olha para Winston, trocam poucas palavras. Entre ambos, uma atmosfera apaziguadora de felicidade e liberdade, coisa para eles até então desconhecida. Winston, ainda pensando no que lia, diz a Julia:

(...) To be in a minority of one doesn´t make you mad.

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"Bárbara, Bárbara, nunca é tarde, nunca é demais..."

sexta-feira, agosto 18, 2006

"Fuga delle maschere", de Franco Grobberio, 2005

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quinta-feira, agosto 17, 2006

Porto de Partida

O porto de partida faz as delícias da alma fatigada,
a cujas iniquidades da vida fazem desejar não ter morada.
No céu, a maravilhosa arquitectura móvel da amplitude,
nuvens caminham a lua e universos capitulam na maior quietude.
No porto de partida perde-se o olhar nas cintilações do mar,
fulgurante e trémulo no esplendor em que também eu ondulo.

No porto de partida tem-se um vislumbre da felicidade.
Diria que bastava, para tanto, a absorção de um fotão
que m'iluminasse bruscamente mudado de intensidade,
levantando-me ferro rumo à eterna Verdade,
que cintila tão brevemente, em tão curta duração,
que não cintilava o mar sem a absorção de um fotão.

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quarta-feira, agosto 16, 2006

"Portugal é uma fatia vertical de paisagens horizontais", dizia o Sérgio Godinho, outro dia, num programa de televisão

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terça-feira, agosto 15, 2006

"La mesure du temps". Foto de Tevfik Ataman.

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segunda-feira, agosto 14, 2006

À la mesure du temps

Esvaíram-se as clepsidras;
o relógio de pêndulo há muito está quebrado.
Nem tiquetaque cadenciado
certificando-me de viver.
O cair deleitoso do sol por detrás do spleen alaranjado,
algo amargo mas silenciosamente confortante,
e uma rosa esmaecida, nostálgica,
numa estalada jarra antiga das mais finas argilas,
cujo deslustre a um canto vitrifica,
pende a cabeça sem ânimo
sobre o retrato do meu passado.

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quinta-feira, agosto 10, 2006

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quarta-feira, agosto 09, 2006

Prosema Raiano

O frenesim poluto alucinado; o tinido da moeda em cesta metálica. O portageiro acena, passageiro, e outras vezes não acena, já cansado do alarido, da entrada, da saída, do imóvel cenário. E depois do deprimido, sem olheiras entregam-se de rosto girassóis em campo plano aberto, depois das máquinas, do zunido que reparte países de homens sem do mundo seu real sentido, gratuito.

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terça-feira, agosto 08, 2006

Viatìcu, cammínu, percursu, cognitio, libertáte: Parisii!

A Torre Eiffel vista por baixo, à noite (a foto é de telemóvel, como, aliás, as duas seguintes)
“Somos sempre levados para o caminho que desejamos percorrer” - já se escrevia pelos doutores hebreus debaixo das barbas hirsutas, cerdosas, eriçadas, nas sombras assombrosas da luz trémula do círio, fora pela noite ululante, escura e seca. Mas jamais qualquer Talmude imaginável da doutrina e dos costumes, ilegível sob a poeira babilónica, me confessaria outrora sussurrado (timidamente escrito) o mais longínquo extremo do destino. Daí também o percurso, o conhecimento, a liberdade. “Percorrer o Caminho” - eis a dimensão verbal expressiva simples que, no meu dicionário, melhor se adequa à experiência da viagem de longa distância por via terrestre, em oposição à viagem de avião, pela qual nos sentimos como que imediatamente “teleportados” de um local para o outro, para qualquer parte do planeta a quase qualquer hora, e sem experiência cognitiva e sensível de permeio. Fui de carro, sim, como aliás já havia escrito. O destino final e mais longínquo do ponto de partida (Lisboa) acabou por ser, impromptu, Paris.
Manejando habilmente as alavancas dos mecanismos do improviso, como é apanágio da boa gente lusitana, traçando a rota do dia seguinte em função do Caminho percorrido, concluímos, a meio da primeira semana, algures em Bilbao (já depois de visitar o Guggenheim), que poderíamos estar em Paris na sexta-feira, sem grande esforço. O risco fascinante embebido em emoção gerava um qualquer engrandecimento de espírito que acabaria a sofrer suavemente por antecipação, mas muito pior seria a indelével culpa pela oportunidade perdida, pejada de cobarde passividade existencial... Talvez o que senti fosse meramente adrenalina.

Escreverei então, para que fique registado, o itinerário da viagem, que realmente se iniciou quando a dois (com partida de Santarém para Vila Nova de Cerveira), no dia 21 de Julho de 2006, e não no dia 20, desde Lisboa, donde parti sozinho:

Ida

Lisboa; Santarém; Vila Nova de Cerveira; A Coruña; Gijón; Picos da Europa (Covadonga, Arenas de Cabrales, Naranjo de Bulnes); Bilbao; Bordeaux; Poitiers; Chartres; Versailles; Paris.

Regresso

Paris; San Sebastián; Vitoria – Gasteiz; Miranda de Ebro (xiiiii); Valladolid; Tordesilhas – o almoço na Plaza Mayor (ou Pequeña?) foi agradável, mas a casa-museu onde se assinou o Tratado estava fechada, sem quaisquer indicações, lamentavelmente, talvez devido à siesta; Salamanca e, finalmente, Portugal, Lisboa, um céu azul divinal e límpido, e um calor dos demónios.

“Os homens tropeçam por vezes na Verdade, mas a maior parte torna a levantar-se e continua depressa o seu caminho, como se nada tivesse acontecido.” Churchill terá dito também que “o orgulhoso prefere perder-se a perguntar qual é o seu caminho” – e, irra!, como eu conheço gente assim!
Se é verdade que o homem não precisa de viajar para engrandecer, pois traz em si o infinito, recordo as palavras de Victor Hugo, jacente no Panteão de Paris, que visitei, em pleno Quartier Latin:

“Viajar é nascer e morrer a todo o instante.”

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