A sugestão da sugestão e o "Tarzan da Caparica"
Hoje não poderei publicar ou escrever algo fresco. Tenho afazeres entre mãos. Mas aproveito para me dirigir aos leitores de uma maneira nunca antes tentada: farei uma sugestão. A sugestão da sugestão. Passarei a explicar: ocorreu-me incitar à interactividade entre o leitor, eu, e o que eventualmente poderá ser o "Caderno de Corda" na forma prática. Quer isto dizer que aceitarei ideias, pensamentos, enredos, se quiserem. Motivos e premissas narrativas. Questões de opinião pública, desilusões e soluções, se tal existir. Não pretendo congregar um fórum nem aproveitar-me abusivamente da originalidade inventiva alheia. Eu próprio ainda terei de matutar sobre esta hipótese e a melhor forma de a colocar. Voltarei, em breve, depois de maturar a coisa ao sol tórrido de Junho, a atestar lucidamente a possibilidade perante o estimado leitor, ao invés de a suspirar tímida e desconchavadamente à boca pequena.
Fica, ainda, a nota de ter conhecido hoje um homem ímpar de simplicidade e placidez comoventes. É muito conhecido como "Tarzan da Caparica". Tem 88 anos e é o ícone dos banheiros, hoje nadadores-salvadores, na Costa da Caparica. Salvou vidas incontáveis. Aprendeu a nadar com os roazes. Viveu as agruras de todo um tempo faminto e esganado de guerra. Nunca conheceu a mãe, que faleceu oito meses após o parto. O pai escorraçou-o por não lhe poder dar de comer. O Tarzan, nome pelo qual toda a gente o conhece, é, de facto, António Ribeiro. A Câmara já lhe reconheceu os feitos, atribuindo-lhe uma medalha de ouro. Hoje ainda vigia as praias e os por demais descontraídos banheiros da nova geração. Diz que lhes falta um sentido de missão. São tantas as histórias de vida significativas deste homem invulgar. Disse, a princípio, não escrever hoje. Já me esquecia. Já me esquecia até de que devo escrever sim, mas não no blog.
Dizia o Tarzan, acerca do dia em que aprendeu a nadar:
"Aprendi a nadar com os roazes pois meti-me dentro de água, via-os lá com aquele movimento das barbatanas, distraí-me, agarrei-me e um deles levou-me com ele. Quando me larguei, voltei a nadar para terra outra vez. Quer dizer que eles já achavam aquilo engraçado. Iam para comer e então ensinar-me a nadar. Quando tinha mais talento, ia com eles lá para essa ilha do Bugio umas vezes a nadar, outras agarrado à barbatana do golfinho. E eles olhavam para mim! E tinham cá um cuidado comigo... E ninguém viu, que aquilo era um filme lindo."
Etiquetas: Prosas Cordianas, Quotidianos
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