segunda-feira, julho 18, 2005

Poemas da adolescência 11

Não pode a nobre solidão ocupar o vazio da escuridão que cá dentro tenho, vasto senão de me dizer que quero o que não tenho, tocando-me no que em devassa sonho, tamanha pequenez, senhora dos seus actos. Responderei ao que me acusam sem qualquer engenho, e ora sentindo uma estranha acidez que me corrói o âmago, me enruga e esbranquece, serei sempre os meus próprios actos. E quando a espada me picar e me absolver a dor que ela deixar ficar, saberei que serei eu quem se penitencia em solidão. Para que tu não conheças os meus actos, para que tu não conheças os meus pensamentos, para que nunca me conheças, eterno solitário, autodestrutivo deus. Para que o sol se manifeste, muitos outros nasçam, e nada se extinga em definitivo adeus. E quem nos ensinou a respirar o mesmo ar?, se somos todos uma canção que o silêncio pariu. Ah! Que muitos outros sóis como eu e tu nasçam do vazio. Que muitas almas cantem um vento vadio, música e silêncio que te quebrou. Mas o som será sempre o mesmo, filho do ar, e eu, filho deles, senhor dos meus próprios actos.

Etiquetas: