Serei velho?
O rosto do homem olhando para o mar era velho e ríspido. Sulcos secos de carácter como rios passados abriam caminho junto aos olhos rasgados e escuros, por vezes castanhos, que muito já haviam visto. Duas rugas profundas aos cantos da boca guardavam-na como dois parêntesis curvos sussurram uma palavra surda. A tez morena, curtida pelo sol, escondia-se apenas por detrás da barba rala que o velho cofiava viciosamente. Em evidência, um nariz adunco e protuberante; uma fronte saliente e pensadora; as maçãs do rosto, até onde se estendiam afluentes, os mesmos sulcos secos que dirigiam como margens as lágrimas raras que ele chorava dolorosamente. Serei velho. Sou-o sempre que olho o mar.
Etiquetas: Prosas Cordianas
1 Comments:
Caro Amigo,
Depois de uma certa ausência, aqui me encontro novamente...
Já me torno repetitiva, mas vou elogiar-te, aliás, vou elogiar o "dom" da palavra que tens; cada vez mais aprecio ler o que escreves,pois muitos dos textos são profundos e muito bem escritos...
Sabes transmitir bem o que sentes/pensas sobre isto ou aquilo!
Fica bem...Beijo Zarcos
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