A palavra palavra
Palavras são baraços.
Ditas, soam aos ouvidos de quem fala
como cacos em estilhaços envolvidos na mordaça.
Palavras são sons fracos
e linhas ténues; são "és porco" na vidraça,
são latidos que o açaime nunca cala
e, de quem nada tem para dizer,
uma bota que não se descalça.
Palavras são um jogo
mas não têm cheiro tendo.
As palavras não são palavras,
são outra coisa.
As palavras são cerejas...
Há palavras que sabem a mar,
outras que cheiram a livro novo;
umas, por inteiro relendo,
outras, palavras que não são palavras,
leio como quem as oiça,
e as sinta fervendo.
Há palavras que rutilam a cor.
Áridas no céu da boca seca,
escritas na pele para sempre,
indicando a direcção de Meca,
palavras há que são o luar
visto da água-furtada,
e o prazer de estar
lá, onde nunca acontece nada.
Palavras nem sempre estão àquem
da dureza das pedras, da frieza do olhar,
do murro na mesa, do grito,
mas não conseguem igualar
este silêncio aflito
nem a tua indiferença,
a falta do teu riso.
As palavras podem ou não
ser a nossa salvação.
Ditas, soam aos ouvidos de quem fala
como cacos em estilhaços envolvidos na mordaça.
Palavras são sons fracos
e linhas ténues; são "és porco" na vidraça,
são latidos que o açaime nunca cala
e, de quem nada tem para dizer,
uma bota que não se descalça.
Palavras são um jogo
mas não têm cheiro tendo.
As palavras não são palavras,
são outra coisa.
As palavras são cerejas...
Há palavras que sabem a mar,
outras que cheiram a livro novo;
umas, por inteiro relendo,
outras, palavras que não são palavras,
leio como quem as oiça,
e as sinta fervendo.
Há palavras que rutilam a cor.
Áridas no céu da boca seca,
escritas na pele para sempre,
indicando a direcção de Meca,
palavras há que são o luar
visto da água-furtada,
e o prazer de estar
lá, onde nunca acontece nada.
Palavras nem sempre estão àquem
da dureza das pedras, da frieza do olhar,
do murro na mesa, do grito,
mas não conseguem igualar
este silêncio aflito
nem a tua indiferença,
a falta do teu riso.
As palavras podem ou não
ser a nossa salvação.
n.b. - Escrevi agora, de improviso. É possível que venha a sofrer alterações. Estava deitado sem conseguir dormir. Gabriel, o Pensador, cantava na tv e pareceu-me bonito o som da palavra "palavra", que, por acaso, até sei dizer em russo: Slovo. Entretando, terminei-o a pensar num poema de Eugénio de Andrade que apanhei no ar; um poema com sabor a terra, frutos de Verão e mar. Eugénio de Andrade chamou-lhe "As palavras são o ofício do poeta". Cliquem pra dar uma olhada. Tão simples...
Etiquetas: Hipertexto Vazante, Poesia Cordiana
5 Comments:
A palavra é algo de especial: pode ter a_(c)entos mas não cansa... [Gustas]
Mano! Aquele abraço! Quase de regresso à capital, carago?
E o regresso no Blogueaberto? Desafio-te a voltar. Nunca digas nunca. Aquele abraço enorme - olha, semelhante ao "abraço da sorte" antes de o nosso Benfica jogar. Lembras-te?
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