domingo, dezembro 11, 2005

Palavra vulgar

Tantas palavras e letras;
tantas sentidas canções,
poemas de dor, alarido, tristeza,
e apenas uma palavra soletra
algo que vai perdido
em tantos corações...

Amor...

Tantos homens de riqueza
dizem-na como dor de consciência,
que também arde não se vendo;
vêem-lhe formas de beleza,
e não sentem penitência
em trair quem os vai amando.

E a palavra, comum, ordinária,
cai na boca da mulher que o fode,
repetindo a palavra corrente, vulgar,
"amor!", as vezes que pode...
Tantas quantas ele podia comprar.

Desvio o olhar.
Tanta choradeira e vociferação,
tanta gente nua, pés descalços no chão,
carne quase crua ao almoço,
outra vez pé descalço no Verão.
Venha mais uma imperial e um prego,
E seja Inverno; seja Verão...
Solidão e um campo aberto...
Companhia no deserto...
E a felicidade de não se estar certo
nem politicamente correcto.
Sem a pressa de chegar,
Carne crua come o cão na rua,
onde o faro o conduz incerto,
na calçada de contornos indistintos,
sob a lua.

E a palavra, trivial,
chega a ser ofensa
ao fazer do sublime, banal!
Quem diz um amor corriqueiro,
um amor usual,
não merece confiança,
porque engana o mundo inteiro!

Etiquetas:

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

I really enjoyed looking at your site, I found it very helpful indeed, keep up the good work.
»

quinta-feira, junho 08, 2006 9:56:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Hmm I love the idea behind this website, very unique.
»

sábado, julho 22, 2006 6:27:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home