terça-feira, março 21, 2006

Poesia do dia no dia da poesia

A alma do poeta
não a entende ninguém,
seja no dia da floresta,
ou no da poesia também.

Ele é o príncipe das nuvens,
com asas de gigante
que lhe não são úteis
para caminhar em passo errante.

O poema nasce não das letras
espetadas como pregos no papel,
mas da alvura de folhas abertas
esperando do poeta o branco fel.

O poeta desfoca o olhar
e embebeda-se a pensar,
em total desregramento.
Faz-se vendo, faz-se lendo,
num imenso mas sensato bramido
na intemperança dos sentidos.

A solidão do sonho e da poesia
sacode-nos no pesadelo da nossa desolação.
O que um poeta diz outro não diria.
Uns acham na poesia a confissão...

Perguntava alguém a Deus, que fez de nós mortais,
porque nos deu Ele a sede de eternidade de que é feito o só poeta.
Responde Lorca que «todas as coisas têm o seu mistério,
e a poesia é o mistério de todas as coisas».

Falando claro e falando sério,
a poesia pode até ser fruto do absurdo
e não obedecer a base lógica,
mas é antes de mais um grito mudo
quando escrita pungente e trágica
na solidão ignota de todas as coisas.

A poesia é heteronímica
- esconderijo e amplificador simultâneo.
A poesia é mágica
e faz surgir o invisível subcutâneo,
como um coelho puxado da cartola.
É o transbordamento do espontâneo,
que redondo nas mãos do poeta rebola,
reprocessado em posterior tranquilidade.

A poesia? É muito mais do que isto.

A poesia é nexo dos anjos o sexo,
de mistério um processo entre poeta e leitor.

Uma coisa tem de ser a poesia: amor.

Etiquetas: ,

2 Comments:

Blogger Kaiser said...

Vê lá se "atentas" bem os comments!!!

terça-feira, março 21, 2006 4:45:00 da tarde  
Blogger Davi Reis said...

Estou a atentar, mas em silêncio...

:)

Quando o telefone toca...

terça-feira, março 21, 2006 9:16:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home