terça-feira, abril 04, 2006

Suicídio truncado

Deixaste a mão escrever,
no teu bilhete ardente,
que por mim eras até capaz de morrer
e transmigrar contente.

Deixaste o rádio tocar
e ainda esperaste na música a mensagem,
mas o que estava no ar
nem sequioso-deserto-alucinava-miragem.

Deixaste de querer saber
senão do que tua mão vertia,
e o bilhete que pudesses escrever
não saciaria do teu lirismo a poesia.

Deixaste entrar a morte
de mansinho, lentamente,
sem do gume da faca, afiado, o corte.
Empurraste num trago as comoções
e, lívida, selaste a carta já desvanecente.

Dizias no teu bilhete ardente
que por mim eras até capaz de morrer,
e assim tomaste de um frasco, de repente,
displicente, o remédio permanente
para o padecimento de viver.

Sem poesia nem prosa fremente,
escreveste a tua carta.
Nem esperaste para ouvir na rádio
a nossa música, a tua mensagem,
de tão esvaída e farta.

Adormeceste espraiada sobre a escrivaninha,
e supunhas que assim eu te encontrasse à noitinha.

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3 Comments:

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sábado, julho 22, 2006 6:26:00 da tarde  

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