Desilusão incompleta submergida em crude
Poeta que fui, esqueci o talento hoje;
falta-me a sugestão.
Olhei em pasmo a inspiração que me foge
e, cansado, perdi-a em desilusão.
Já tive em mim o mundo encerrado,
silenciado, agrilhoado, tolhido.
Tentei ainda assim transpô-lo certo ou errado
para o papel fecundo a cãs tecido.
Lívido, eu, o príncipe das nuvens,
não caminho por delito das asas de gigante,
e lembro-me apenas do futuro desconcertante
num parapeito onde à tardinha tu vens
falar-me do que viste acontecer lá longe.
Não me lanço ao lodo dantesco do senso comum mediatizado;
não discuto a fome prescrita pelos senhores da guerra,
e renego a retórica exibicionista e inconsequente sobre o machado que ninguém enterra.
Afoguem-se as crianças em barris de crude,
que o povo ainda sai à praia em tanga, sem saber o que o espera.
O dia é breve e o sol alude à explosão de átomos,
tão bela a coisa que devasta sem se deitar com a noite nos olhos do assassino.
"Os poetas odeiam o ódio e fazem guerra à guerra."
falta-me a sugestão.
Olhei em pasmo a inspiração que me foge
e, cansado, perdi-a em desilusão.
Já tive em mim o mundo encerrado,
silenciado, agrilhoado, tolhido.
Tentei ainda assim transpô-lo certo ou errado
para o papel fecundo a cãs tecido.
Lívido, eu, o príncipe das nuvens,
não caminho por delito das asas de gigante,
e lembro-me apenas do futuro desconcertante
num parapeito onde à tardinha tu vens
falar-me do que viste acontecer lá longe.
Não me lanço ao lodo dantesco do senso comum mediatizado;
não discuto a fome prescrita pelos senhores da guerra,
e renego a retórica exibicionista e inconsequente sobre o machado que ninguém enterra.
Afoguem-se as crianças em barris de crude,
que o povo ainda sai à praia em tanga, sem saber o que o espera.
O dia é breve e o sol alude à explosão de átomos,
tão bela a coisa que devasta sem se deitar com a noite nos olhos do assassino.
"Os poetas odeiam o ódio e fazem guerra à guerra."
Etiquetas: Poesia Cordiana
5 Comments:
Forte, mas muito lindo...
=]
Obrigado, Nina. Quem me dera escrever um poema que mudasse o mundo... mas não seria este.
Um beijinho atlântico
=]
Odiar o ódio e guerrear a guerra...
Por isso se consomem por dentro, os poetas. Resta a esperança de que o sonho, e não o pesadelo, comande a vida...
Até breve,
RS
A frase é, como saberás, Rui, de Pablo Neruda, um dos maiores poetas de sempre. Para pesadelo já chega a real(idade) polítika.
Very pretty site! Keep working. thnx!
»
Enviar um comentário
<< Home