quinta-feira, agosto 17, 2006

Porto de Partida

O porto de partida faz as delícias da alma fatigada,
a cujas iniquidades da vida fazem desejar não ter morada.
No céu, a maravilhosa arquitectura móvel da amplitude,
nuvens caminham a lua e universos capitulam na maior quietude.
No porto de partida perde-se o olhar nas cintilações do mar,
fulgurante e trémulo no esplendor em que também eu ondulo.

No porto de partida tem-se um vislumbre da felicidade.
Diria que bastava, para tanto, a absorção de um fotão
que m'iluminasse bruscamente mudado de intensidade,
levantando-me ferro rumo à eterna Verdade,
que cintila tão brevemente, em tão curta duração,
que não cintilava o mar sem a absorção de um fotão.

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