terça-feira, março 13, 2007

Replay

A repetição agarra-se às cortinas do tempo
e projecta-se, déjà-vu, da pele arrepanhada.
Os cabelos sinuosos - outrora lisos - guardam repetições,
como os olhos escondem num canal dois mares:
um, das coisas esquecidas, e outro, indolente, das coisas lembradas.

As palavras duram pouco mais que o pensamento,
e o pensamento é hoje um; amanhã outro - como as palavras, aliás.
Relatam-se antigas contas de um universal rosário,
com os mesmo trejeitos, a mesma sapiência cristalizada.
A repetição é a certeza daquilo que evitámos ser.

Mas eu cá não creio em Kundera, que dissera
ser a felicidade o desejo pela repetição.
A felicidade é uma quimera que passa à flor da pele
e arrepia no horizonte o pôr-do-sol, ao entardecer,
visto da proa de uma galera para não-sei-onde.

A repetição é a felicidade do ignorante.

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1 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

a felicidade é uma asa....


:)))))


beijo.

terça-feira, março 13, 2007 3:01:00 da tarde  

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