domingo, agosto 19, 2007

Ampulheta Transfigurada

Pulsátil coração métrico, sincopado,
sangrando o tempo e a pulsação!
Cadência de um fado sem batida,
silhueta de mulher, angústia, sonho alado,
ausência de estar noutro lado, onde se quer,
ou aqui estrangulando de vez a ampulheta,
cintura tão esbelta de mulher comigo grudado,
de saudade concreta, curvilínea, e eu abraçado
à doce candura dos meus braços,
ausentes de ti, enganados,
ramos tristes de um tronco à espera,
que soletra os passos de nunca chegares em cada letra,
em cada grão de areia que esgano a sufocar a ampulheta.

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