segunda-feira, outubro 01, 2007

Segunda-Feira

Ah, se eu pudesse…
Se me bastasse querer
Consertar o mundo…
Se acordar fosse
A liberdade de viver
Além dum sono profundo…

E quando eu saía
Da casca da solidão,
Sonhava alto o despertar;
Corria e não sabia
Que voava de pés no chão
Improvisando-me no ar.

Não é essencial a doutrina.
À segunda-feira tenho sono
E preguiça peregrina.
Sou melhor como patrono
De mim próprio à bolina,
A ver se não me afogo deste trono,
Poltrona adamantina.

E quantas manhãs triunfantes
Em adolescente despertei,
Abrindo as janelas de par em par,
Inspirando a vida, abundante,
Com fulgor de quem é rei
Com o mundo por conquistar.

Ah!, se eu pudesse
Consertava o mundo,
Como tu, não duvido.
Se eu alegrar soubesse
O moribundo…
Com palavras doces ao ouvido?

Ai, meu amor, já está…
Passou-se outro dia
Sem que saibamos o que há
Por trás da monotonia.

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10 Comments:

Blogger Marianela Rebelo said...

Parabéns poeta cordiano :)

o poema está muito bom...
sim senhor

Bj
Maria

segunda-feira, outubro 01, 2007 9:40:00 da tarde  
Blogger Davi Reis said...

:)

Obrigado, Maria... Não consigo fazer aqui o smiley corado... Foi escrito hoje, segunda-feira, pois claro.

Beijinho

segunda-feira, outubro 01, 2007 9:58:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ai se eu pudesse...

Ainda hoje.pensei para com os meus botões..

Ai se eu pudesse...


Abraço fraterno

terça-feira, outubro 02, 2007 11:55:00 da manhã  
Blogger Davi Reis said...

Amigo GC, deixo-te um poema do grande e místico Mestre Fernando Pessoa (A. Caeiro) cujo título é nada mais nada menos do que "Se Eu Pudesse":

"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja..."

Um abraço fraterno, companheiro

terça-feira, outubro 02, 2007 5:17:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Magnificente, Hugo! Acredita!
Parabéns!

terça-feira, outubro 02, 2007 9:59:00 da tarde  
Blogger Davi Reis said...

Ruizão? Vindo de ti, acredito. Uma crítica tua, boa ou má, é sempre ouvida de orelha arrebitada. E bem sei que tão aguçado espírito crítico não se adoça com muita parra...

Aquele abraço, mano

(O jantar!!!)

quarta-feira, outubro 03, 2007 2:25:00 da tarde  
Blogger JPT said...

bom, muito bom. parabéns, rapaz!

quarta-feira, outubro 03, 2007 4:34:00 da tarde  
Blogger hora tardia said...

e fica-se à espera de mais.


poesia cordiana.
assim.


para ser dia.


beijo.

/piano.

quinta-feira, outubro 04, 2007 10:24:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Outro dia sem monotonia....lindo!
Já devia ter passado por cá antes!

Bom fim-de-semana. (ou semana ou o que for válido se/quando leres isto)

Beijo de gata

sábado, outubro 13, 2007 9:21:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

espreitei hoje, porque encontrei o caminho... :)
visito-te mais atrás no tempo, numa tarde de sexta feira.

sexta-feira, abril 04, 2008 5:12:00 da tarde  

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