quarta-feira, setembro 17, 2008

À Divisão de Trânsito da Irmã de Maria e Lázaro

Estava para aqui sentado
à espera que um carro guinasse
que um trovão cindisse a noite
e disparasse à minha alma
o flash sincrónico do diafragma
penetrante nos meus olhos de luz
vermelhos e esperançados
Mas a TV estava ligada
e eu absorto

Enquanto estava para aqui sentado
ouvi uma frase antiga
num programa de segunda
à noite

Portugal Portugal
continua à espera
e uma multa no párabrisas
não me convence do contrário
Todos enviam cartas
se para exigir dinheiro
Aos credores não falta competência

Pois dizia o ilustrado em directo
num programa de TV
tal frase que subscrevo

Se eu não for ter com o mar
vem o mar ter comigo
inundar a sala de estar
a sala de ser

Há que tempos não vou ao Bairro Alto
beber um copo ou quinze
Todos somos fracos e fortes
e só fortes sobrevivendo
Não há mau estacionamento
mas terra indevidamente possuída

Não concebo a lei
que mais nos persegue e cerceia
do que protege e assiste

À divisão de trânsito
um dia
destes 15 úteis
em folha azul
de 25 linhas

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