domingo, julho 26, 2009

Leite Negro

Leite negro de uma manhã por nascer,
debaixo de um pneu que eu tivesse comprado
recauchutado, com prego e tudo.
Noutra manhã acordei a meio da tarde
com o nariz entupido, como se não fosse de Lisboa.
Era fumo e os alvéolos indispostos
como eu com o álcool.
Aqui não há velhos nem jardins,
e suspeito que as famílias vivem de outro modo,
como se partilhassem uma estância de férias,
mas ao contrário.
Aproximam-se as eleições
e o dinheiro continua a ser gasto em papel
- não em trabalho; não em pessoas.

Há-de chegar o dia em que o progresso não conseguirá evitar o Progresso.

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