domingo, setembro 15, 2013

Primevo

Sou o original,
o escolhido para estar aqui e agora
a escrever estas linhas,
herdeiro supremo da omnipotência,
nascido do destino por selecção natural.
Em linhagem directa remonto ao primeiro organismo vivo
e a poeira estelar.
Sou imperador do livre-arbítrio,
autor deste poema único,
revelador apenas do vazio cósmico
que me preenche, abstracto, por vezes,
porque escrevo para lá dos meus limites,
desconhecendo-os.
Detenho o poder de aceitar julgamento
daqueles que farão apenas isso,
não sabendo que sou eles na absoluta realidade de nós.
Sou o mesmo poema,
reescrito intermitentemente,
porque escrevo assim
palavras que não comando.

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