quinta-feira, setembro 27, 2007

"ServilivreS", o poema-palíndromo

"Drawing Hands", de M. C. Escher
Duvidei sobre a publicação deste poema-palíndromo. Optando pela definição da Wikipédia, “o palíndromo é uma palavra, frase ou qualquer outra sequência de unidades (como uma cadeia de ADN) que tenha a propriedade de poder ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. Num palíndromo, normalmente são desconsiderados os sinais ortográficos (diacríticos ou de pontuação), assim como os espaços entre palavras”.
Voltando ao poema, trata-se de um trabalho poético que realizei após pesquisa e estudo dos palíndromos da língua portuguesa. Quer isto dizer que o poema “ServilivreS” é mais um esforço criativo estrutural do que de conteúdo, apesar de resultar da redescoberta, numa tira da “Mafalda”, de Quino, de que a palavra “livres” se lê “servil” quando de trás para a frente. Ou seja, o contributo original que dou reside essencialmente no aspecto da composição formal.
Os palíndromos existem, não os descobri ou inventei, mas compus o que se segue para os estimados leitores do Caderno de Corda, que não podem deixar de ler este poema de trás para a frente, até porque, caso o façam, descobrirão uma mensagem subliminar invertida a certo ponto. Deixo-vos então o primeiro poema-palíndromo deste vosso humilde escriba:

ServilivreS

Palíndromo!
Socorram-me em Marrocos!
Só renego géneros,
Erro comum que ocorre
Até o poeta,
Luz azul,
Ódio do doido,
O voo do ovo,
Ame o poema.
Eva, essa ave,
A torre da derrota
Ataca o namoro.
A dama cai acamada,
Adias a saída
E aí rufa a fúria.
Amada dama, o dia cai.
Ó, e reter o mar é ter amor etéreo...
Ia caído, amada dama…
A sua pausa,
O nó do dono,
O rumo do muro,
O copo no poço,
O rude e duro,
O teu gueto,
O breve verbo,
O ano do não.
Salta esse atlas
E até o Papa poeta é.
Servil é livres.
A grama é amarga.
Até o poder do povo é ovo podre do poeta.
Palíndromo!

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