terça-feira, maio 30, 2006

Eu, Cárcere

Nasci sem ter sabido;
cresci aprendendo o que devia ter sido;
fui esquecendo o que sem saber já vinha ensinado
sem alguma vez ter aprendido.

Sou dúvida insossa
no palato persecutório da minha boca
- que não saboreio.

Cheiro
- de que estou tão cheio por fora,
que queria de mim ir embora.

Que pensar desta pele que tacteio?,
tão longe dos corpóreos sentidos
de aqui tão perto, à superfície do que aparento…

Onde estou?, que ao espelho não me destilo?,
ouvindo destramente berrar-me em alarido, ruído,
sem escutar a lúcida verve de cá dentro, o pensamento?

Que sou eu capaz de não fazer,
afora estar na ausência de mim mesmo?

Ao som de “Weather Storm”, de Craig Armstrong

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3 Comments:

Blogger Nina said...

Isso é muito lindo!

Construído de maneira cuidadosa... Tem um pouco a ver com o momento em que vivo.

Saudades, hehe!

=]~

terça-feira, maio 30, 2006 1:24:00 da manhã  
Blogger Davi Reis said...

Nina, "em poucas palavras" já está linkado. O primeiro elo blogosférico trans-oceânico do Caderno de Corda...

terça-feira, maio 30, 2006 1:55:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

What a great site, how do you build such a cool site, its excellent.
»

sábado, julho 22, 2006 6:26:00 da tarde  

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