quarta-feira, abril 13, 2005

14

Não nos devemos perguntar.
Simplificar e subir a outro patamar!
Não nos devemos preocupar
senão com a criança que já foi no tempo, outro lugar.
Nem devia escrever.
E o que interessa ser de azul,
rosa, ou não ser...
Nem o inteligente que o escritor quer parecer,
esquecendo-se eternamente
que as palavras não fazem sentido à vida.
Ainda que apenas no instante em que ele escreve,
se lembre de no papel encontrar guarida.
Melopeias recitadas, melodias silábicas,
para se poderem eternizar num negativo
as eternidades e as harmonias cósmicas
que deslizam sobre o transeunte, seu nativo.
Tudo é dentro e fora mas, eventualmente,
ao mesmo tempo.
E como tu sabes que um segundo de música não faz sentido!
(e ouves num segundo o mesmo que o cair de um cinzeiro, agora partido)
Se desmantela para voltar a nascer,
e nasce na música uma melodia de cinzeiros partidos
atrás uns dos outros,
talheres sujos, portas que se abrem, buzinas, rugidos,
tudo a seu tempo, tudo no seu compasso,
observado de perto pela clave do astro.
E o escritor, sem coragem, pergunta agora:
”Mas afinal, para onde vamos?”

(binaural)

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