domingo, abril 17, 2005

18

São estas raízes implodidas e aquelas verdejantes...
Sento-me na relva... onde permaneço.
Que estado natural este, se mereço,
simbiose para que pereço.
Linda! Tu és linda!
Mais do que esta árvore que o sol entorpece,
confinada a selva que nunca esmorece.
Jardim lívido, plúmbeo e macilento
de verde e cinzento,
azul e preto.
E eu aqui deitado.
E a ausência do lamento,
e o amante do obsoleto.
E aquele que ainda agora sorriu
por ter sido encontrado.
Aquele que se indignou de ansiedade
e se perdeu um pouco por todo o lado.
Aquele que te vê nervosa
e que te beijava o pescoço.
Do teu lado direito, numa constelação,
uma estrela funda como um fosso!
São estas raízes, loucura total que não aparenta,
que da dor inventa, do amor se sustenta.
São estas palavras, como setas flamejantes
de um cupido que deixa afinal sós os amantes.
Linda, tu és linda!
Mais do que este sol que me aquece,
flume frio em mim corre e me arrefece.
São estas raízes que acendem um sol quando tu apareces
e que apodrecem quando anoiteces.
É o meu canto de cisne.

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