sexta-feira, abril 22, 2005

24

Ela chora se necessário uma noite inteira.
Está cansada e cansada desta vida,
como do livro empoeirado que há meses se cansa na cabeceira,
e a raiva, que se molha numa lágrima contida.
De manhã, contorce o rosto.
Diz a si mesma que a noite acabou.
Diz que quem se dá não tem de o fazer com gosto
e nunca pede desculpa a quem por a amar a culpou.
Disse-me outro dia com o olhar
o que a boca não dizia,
e quase sem querer me disse
tudo o que havia para dizer.

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