sábado, abril 23, 2005

25

Quero pensar não soprar em esquecimento,
não esquecer com a pena do tempo,
escrever eternos romances em preia-mar,
trazer a minha lavra com dentes de rasgar.
Escrevia-te um poema mágico,
algo próprio do imaginário...
Olhavas-me com o teu olhar por vezes estrábico,
e o teu peito como um berçário.
Fome, terrível fome, dolorosa mágoa...
sacio-me com amor de pão e água.
Faço-me inesquecido presente,
ao esticar-me a mão na beira do precipício,
e no momento em que uma mão a outra sente,
dão-se as duas ao sacrifício.
Mais que minha irmã de sangue, querido incesto,
maçã que escolho e lavo ao tirar do cesto.
Minha aprendiz transfigurada, senhora da sua vontade,
foi minha a tua morada, teu corpo minha cidade.

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