domingo, maio 08, 2005

Debaixo da Ponte

Debaixo da ponte,
onde água não corre,
bebi água da fonte, um chafariz.
Minha centelha padece, morre.
Meu pensamento vai longe,
desde onde o sol me socorre.
Penso grande e fujo,
fazendo-me pequeno, só, e ninguém me acode.
No entanto sereno, dentro de mim chove.
Sou no mar um marujo
e uma imensa tempestade.
Que posso fazer? Renunciar um amor?
Abdicar de ser? Ser insensível à maior dor?
E assim, suspirante e errático, cá estou, dentro de mim,
ao fim da tarde, debaixo da ponte.
E que ponte, afinal!
Mas eras tu a minha fonte,
a minha praia e o meu farol.
Estou de novo com o pensamento em ti
e já nem o sol me socorre.
Só és tu e eu e este sol,
que até ele já me foge.
Começo a perder o seu sentido,
por detrás da ponte.
Já nem o meu astro das coisas certas me aquece.
Uma lua mentirosa desponta.
A lua, essa, será tua.

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