quinta-feira, maio 12, 2005

NOTA EXPLICATIVA 2 - MARATONA DE MIM EXANGUE EM MÁGOA DESMAMADO, Fecho do Livro Segundo

Pensei seguir caminho mas deparei-me com o promontório de névoa, neblina aos meus pés. Adormeci todo o tempo que não dediquei e todo o outro perdi nas tuas mãos, num copo de Martini; perdi nos teus olhos de menina a minha imagem tão pouco constante, tão pouco retida na tua retina. Perdi-te nos "serões habituais e [n]as conversas sempre iguais", nos "horóscopos, [n]os signos e ascendentes", mais a inútil discussão sobre aquilo que não sentes.
"Não está só a solidão." Ao ouvir a "Canção de Lisboa", descarrilei, mas não tanto. Para escrever não posso ouvir o Jorge, pois, se oiço, deixo-me conduzir. Se pudesse, diria tudo exactamente como ele, o que seria plagiato. Visto que "NOTA EXPLICATIVA" titula este post - que de explicativo não tem nada até ao momento -, concluirei: A solidão, a mágoa, a desilusão, a angústia, a melancolia, a tristeza, o desgosto, a amargura, e, vá, algum saudosismo oracular, fatal e fatalista, são marcas indeléveis na grande parte dos textos (chamar-lhes-ei poemas) publicados desde o fecho daquilo a que chamei "Lohengrin, Livro Primeiro" (26 de Abril, 2005), até agora. Seja a sua coerência anacorética, se outra não se encontrar. Atribuirei também a este segundo conjunto de poemas a denominação de "livro", método estruturante semelhante àquele que etiquetou "Lohengrin". Será este, portanto, o "Livro Segundo". "Maratona de Mim Exangue em Mágoa Desmamado", nomeia. Surgiu rapidamente e é mais cabeçalho do que título, pelo menos a meu ver. Apenas por uma questão de alinho e método optei por "arrumar" este pequeno bloco de textos, filhos localizados de solidão dedicada.

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quarta-feira, maio 11, 2005

Uma Vez um Viajante

E além, quem lá vem?,
pela estrada segura, um viajante,
não mais que um homem
talvez destinado, ou talvez à procura,
num passo arrastado, cansado, errante.
Um homem igual, temerário,
segue rumo Norte por estrada segura.
O homem, um viajante,
com destino traçado, passada errante.
Seja o homem passado,
apenas corpo presente;
seja o homem silente,
a fímbria vazante.
De onde vem o viajante?,
que passa tão perto,
no entanto, distante?
Quem será este homem vazio?,
como tanta outra gente,
lançando o anzol ao rio?
Quem será o passageiro ausente,
esperando o destino que dita o tempo,
vagando paciente.
Este homem e esta gente
que passa a vida dormente,
silenciando o corpo,
mas pior, o coração e a mente.
Esta gente que passa
pela estrada segura
e que nunca me abraça,
nunca perdura...
Só há uma vidraça
por onde espreito de fora
e vejo a gente que passa,
e sinto o peso do tempo,
o corpo cansado,
e só tenho agora.
Amanhã levantou-se tarde
o que podes fazer hoje.
E além, quem lá vem?
Um viajante sem emprego,
por entre seus dedos se escapa, foge
o destino ideal, o amor cego,
a areia da ampulheta que ruge
o tempo que falta
no toque fugitivo
do homem sem emprego
que o olhar assalta
apenas o chão, pensativo.
Assim, o viajante passa
pela estrada segura.
Eu espreito pela vidraça,
que sei, um dia será quebrada
pela bola de uma criança
numa vida futura.
Resolvi não sair da carapaça.
O viajante passou consigo próprio.
O tempo passa...
e ele mais distante.
Não discutimos doença
nem procurámos a cura,
e ele, lá longe,
talvez destinado, ou talvez à procura,
um viajante, sem escolha, pela estrada segura,
como eu, um homem!, não mais,
paciente como fruta madura.
Além, quem lá vai?

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terça-feira, maio 10, 2005

Estou em Dor

Sintoma de doença, tortura.
Inércia que me cansa, amarga doçura...
O sol que ao se pôr me descobre;
a cama que me deita e me soçobra.
Sou tua escuridão cansada e ainda inquieta.
Me camufla e protege na penumbra,
me ensombra e me soletra,
me espreita, do cimo da placa que se encontra na viela.
Sintoma de carência, quase loucura,
esta forma de indecência, amarga doçura...
Teu corpo que se ergue e que eu conheço como nenhum outro,
instante fugaz...
Sou porto que alberga barcaças fatigadas, empurradas a eito por
incertas marés.
Sintoma de demência, mais que loucura,
sobressalto em que me deixas...
Sou poesia, serei todo brandura,
serei todo saudável indecência
em noites passadas que na memória me deixas;
em noites que virão depois de uma noite futura.
Ah! Sintoma de uma vã esperança
de que tu ainda sejas a cura;
que tu ainda sejas a lança
que no meu peito aberto perdura.
Sintoma de doença, loucura,
sobressalto em que me deixas, amarga doçura.

n.b. - Dedico este poema a quem sabe que se lhe destina. Mas não posso deixar de recordar a célebre frase do Bill, "Estou em dor", depois de cair do skate, traduzindo à letra o sentimento imediato de sofrimento, da sua língua nativa para português.
Outra ressalva faço, e esta muy importante: De entre a inspiração patológica e a decorrente dos frémitos platónicos, houve ainda outra origem: Um dos meus irmãos - Tomás -, que escreveu uma música intitulada também "Estou em Dor". Faço-lhe justiça pelo uso do título e envio-lhe da blogosfera um abraço fraterno.

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segunda-feira, maio 09, 2005

Por Debaixo dos Escombros

Ainda há pouco nos amámos
E agora estamos apartados.
Ressoam as palavras que me dizias ao ouvido
Quando me pedias para arvorar os teus sentidos
E me beijavas puxando-me para ti,
Fazendo o que querias de mim.
Ouço as palavras feias que me dizias ao ouvido,
E me agarravas estátua de mármore,
Me lançavas serafim do paraíso
Não sei se para portas do inferno em choro e riso,
Obra-branca-prima de Rodin.
Brinca, puxando-me para ti,
Fazendo o que queres de mim,
Algures nunca no divã.
Dizes que já não me amas.
Terás alguma vez amado?
Tocaste o meu corpo,
Que conheces, e que eu, assim como tu, ignoro,
Sem as nossas almas teres encontrado?
E se eu olhar meigo nos teus olhos,
Que me dirão eles, outrora doces?
E se procurarmos nos destroços,
Não haverá nada de nós os dois?
Toma como certo: Se passarmos p’los escolhos
Temos a praia depois.
E foram tantas provações,
Tantas dores lancinantes,
Tantas impossíveis desilusões,
Que a vida custa a ser vivida,
Daqui e em diante,
E sem ti nada será como dantes,
Como nada o terá alguma vez sido.
Choro, lagrimejo, mas não grito
Como no dia em que tenha nascido.
Não tivesse eu gritado de todo
Para ter de viver no assombro
De não ouvires sequer o que digo;
De não me sentires contigo
A cada segundo que passa.
Nem me assomo da vidraça.
Não me deixo sequer olhar
O sol que nasce, a gente que passa,
Pois tudo é tu no seu estar
E tudo sem ti é só desgraça.
Fecho os olhos e fujo para o meu casulo.
Fecho-me em casa.
Durmo.
Passo o ferrolho da abstinência de lutar
Que sem ti não há causa justa a travar.
Nos meus membros, a vã indolência de cobarde,
Mas paira em mim ainda a inocência
Que crê não haver tempo para ser tarde.
Todas as palavras que escrever
Não serão aquelas que te diria.
Talvez por isso as escreva, talvez um dia...
Talvez descubra que palavras farão a tua alegria.
E sei que me dirás que todas elas são vãs
Como o sol te traz a mim, dolorosamente, todas as manhãs.
Imagino-te a acordar, estremunhada,
Como se visse renascer uma amena alvorada.
Os olhinhos pequeninos,
A pele branca e macia
Onde eu fazia ninhos
E hoje faço nada.
Talvez nunca te descreva...
Ou talvez um dia...
Ressoam palavras que me disseste ao ouvido.
Refulgem dias claros e felizes ao teu lado,
A cabeça no teu ombro,
A tua mão na minha.
Ouve-me por uma vez na vida!
Por debaixo dos escombros,
Vai estar uma menina.
Ela há-de estar ferida
E precisará do teu socorro.

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domingo, maio 08, 2005

Debaixo da Ponte

Debaixo da ponte,
onde água não corre,
bebi água da fonte, um chafariz.
Minha centelha padece, morre.
Meu pensamento vai longe,
desde onde o sol me socorre.
Penso grande e fujo,
fazendo-me pequeno, só, e ninguém me acode.
No entanto sereno, dentro de mim chove.
Sou no mar um marujo
e uma imensa tempestade.
Que posso fazer? Renunciar um amor?
Abdicar de ser? Ser insensível à maior dor?
E assim, suspirante e errático, cá estou, dentro de mim,
ao fim da tarde, debaixo da ponte.
E que ponte, afinal!
Mas eras tu a minha fonte,
a minha praia e o meu farol.
Estou de novo com o pensamento em ti
e já nem o sol me socorre.
Só és tu e eu e este sol,
que até ele já me foge.
Começo a perder o seu sentido,
por detrás da ponte.
Já nem o meu astro das coisas certas me aquece.
Uma lua mentirosa desponta.
A lua, essa, será tua.

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sábado, maio 07, 2005

Impaciência, solitude, aridez e... mais tempo perdido

Há dois dias que durmo pela noite;
Há duas noites que não vivo,
E hoje vejo-te, ó noite,
Descoberta por um fio de cabelo.
Não tenho sono,
Por isso não me deito.
Sou esponja morna
De vapor rarefeito,
Seja lá isso o que for.
Tudo o que podemos fazer
É intentar e receber
O que for que se nos depare.
Por vezes por um motivo se parte,
Parindo a custo um novo início,
Porque errando se procura a sorte,
E o audaz é feito príncipe.
Hoje não me parece que durma já.
O ambiente é o propício.
Eliminei o monólogo rumoroso da tv.
Temple of the dog no leitor de cd’s.
Tentei escrever sem fazer caso
E talvez sem um ponto de vista;
Uma premissa narrativa,
Para que tudo parecesse ao acaso.
Mas como quem ao vocábulo não resista,
Deixei-me simplesmente ir à deriva
Soltando as palavras
E os sons que nelas vivem.
Mesmo que nada me incomode tanto
Como a desilusão de uma mulher,
Desato a escrever
Algo que outra coisa possa parecer.
Que talvez nada me reste agora,
Descrendo de um novo começo,
Porque não o subscrevo,
Porque me foi cominado,
Porque me foi infligido.
E tudo o resto que se colher
Arrecada-se sem glória
Pois este Verão é tão faustoso
Que o que me deste é sobejo imaturo,
Restos de amor de ti, mulher!
Queria acreditar que se é o que se quiser,
Que por nosso punho escrevemos nossa história,
Mas a história é escrita por quem sai vitorioso.
Um fruto de maduro cai
Em restos de amor de ti, mulher!

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sexta-feira, maio 06, 2005

Vem Ver

Meu amor perdido,
vem ver como eu estou bonito.
Meu amor sentido,
vem ver como te admiro.
Vem ver-me nu, para ti,
meu corpo perfeito e sem delito.
Meu amor fugido,
meu amor esvaído dos meus pulsos,
vem ver-me de qualquer forma,
nu ou vestido,
que sou o mesmo eternamente teu,
sem pudor e sem prurido.
Meu amor aflitivo,
torrente incompanhável
de um rio no seu indefectível curso,
que em si não sobrevivo,
se ao teu tronco não me abraço,
se para ti não me debruço.
Sem ti, ao mar não sigo
neste rio tão caudaloso.
Estende-me a tua mão,
dá-me o teu braço,
precipita-te na multidão,
dá-me o teu abraço,
que sou eu, eu mesmo, e não
na multidão qualquer acaso.
Meu amor jamais vencido,
meu amor jamais tomado,
vem ver como te estou rendido,
vem ter-me a teu agrado.
E enquanto tu me esqueces,
para mim não sorrindo,
é o tempo em que te escrevo;
Todo o tempo te dedico.
Nada sentenciando, sublimando,
há esperança talvez zonza, talvez tonta,
em círculos que por ti ando
na bebedeira dos sentidos,
em loucuras que não comando,
por teu amor perdido,
por mim não esquecido,
em mim ablativo,
em mim amputado,
em ti desvanecido.
Vem, meu amor, vem!
Estou como quem nada tem.
Estou pelo teu namoro
ceguinho de choro,
e vou num vai-vem
à velocidade a que te adoro,
buscar-te à indiferença do futuro,
resgatar-te do uivo do passado,
dar-te um presente que esconjuro,
por agora já ter passado.
Vem! Vem para meu lado!
Onde as ruas não têm nome
e os bairros são de amor.
Onde não existe em nós a fome
que alcooliza o rancor,
mas uma fome, sim!, que come,
mas se alimenta de amor.
Perdoa-me, meu amor! Perdoa-me!
E agora, que te disse tudo,
que mais do que isto não consigo,
vou terminar o verso
como quem nada quer disto...

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quinta-feira, maio 05, 2005

Tudo ou Nada

É uma situação exasperante,
Um sentimento explosivo,
E para ti nem é importante;
Nem ouvirás o que te digo
Ou lerás o que te escrevo,
E uma dor que não se sente.
Lugar comum por onde sigo,
Por saber ser esse o mesmo alento;
Ser esse o velho caminho
Por onde os velhos andaram.
Mas é tudo ou nada,
mesmo que tente fugir.
És como Roma: A ti dá toda a estrada,
E eu tento correr e ir.
Mas até onde, se será tudo ou nada,
Na mesma estrada
Onde me prometeste acompanhar
Enquanto dela houvesse para andar.
Disseste que íamos continuar.
Mas mesmo sem ouvir o Palma,
Rendo-me por nem a mim conhecer,
Aquele a quem ultimamente eu quero chegar,
Numa dança monolítica,
Sonolenta e fatigada.
Com tanto por fazer, tanto por realizar.

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quarta-feira, maio 04, 2005

Inverno

Hoje o mundo está mais pequeno.
As palavras escoaram o sentido das coisas
E os imprudentes intelectualizaram-se.
Captei o teu mais pequeno movimento
Enquanto a mão poisas, não poisas
e deixas voar-te com o vento.
Hoje a solidão deu comigo.

Dedicar-te um poema
Ideia
Tudo se perde
Se transforma
Se emudece
E esquece
Nem a pretensão
Um preciosismo
Apenas as palavras
Quase sem sentido
E –ismo
Solidão
Um tanque profundo
Azul mais escuro
Preto
Um rasgão
O peito
Azedo
Rancor
Perturbação
Amor acre
Mas o teu som é uma canção
O teu passo é uma arte
De uma academia de profissionais
Do poema
Parte
Perde-se
Suspira
Emudece
E esquece-se

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segunda-feira, maio 02, 2005

Verão, pouca roupa, saudade, desdita e muita mágoa

Dei um trago de ti.
Estou cego.
Sabias a mar, estavas salgada.
Era apenas suor.
Cheguei-me perto, toquei-te,
perdi o sentido.
Afastaste-me, brandiste gestos superiores.
Fiquei surdo.
Não consigo ouvir música.
Mas dei um trago de ti.
Embebedei-me quando te vi,
na saliva dos meus temores.
Cego, surdo, mudo, fica da minha mágoa a escrita.
E dei um trago de ti,
que de bebedeira nada senti,
mas reais são os tremores,
por não te ter aqui comigo,
por te tocar não te sentindo.
Ser projectado e magoado pelo zéfiro
da tua incandescência altiva,
brisa sibilina.

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Virtu

Como uma ponte sobre água agitada,
quero-te para que eu possa ser virtuoso;
para que os meus olhos possam
nos teus se encontrarem
e como irmãos possamos juntar nossas mãos,
como fizeramos, nus, num último reduto do paraíso.
Veio o nosso tempo de brilhar
e trazer as luzes aos nossos sonhos,
dar ao sol o suor dos nossos corpos.
E se precisares apenas de um amigo,
cá hei-de inevitavelmente estar,
para que a tua virtude me guie.

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domingo, maio 01, 2005

O templo do tempo perdido

No templo do tempo perdido
Um homem morria de solidão
Dormia sobre todo o sentido
Acordava por dentro vão
No templo do tempo perdido
A um canto num colchão
Todo torcido e sozinho
Como se fosse um cão
Dormia sobre todo o sentido
Um homem que enganava a solidão
No templo do tempo perdido

(No templo do tempo perdido
Um homem que enganava a solidão
Dormia sobre todo o sentido
Como se fosse um cão
Todo torcido e sozinho
A um canto num colchão
No templo do tempo perdido
Acordava por dentro vão
Dormia sobre todo o sentido
Um homem que morria de solidão
No templo do tempo perdido)

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sábado, abril 30, 2005

Vómito a Fel

Eis a saudável confissão,
A loucura do homem são
Que não cabe em si próprio,
Se olha ao espelho atónito
E se anula num colchão.
Eis um motivo para escrever: solidão;
A loucura de um homem por uma mulher;
A prisão do corpo e das palavras;
A encruzilhada de se ser, sentir e fazer,
E o muro impenetrável de estar além do que se aparenta,
Do que se diz ou escreve,
Num autismo mudo em que nem o próprio se percebe;
Quase silêncio ligeiro mas agudo
E um sabor azedo que se regurgita,
Volta à boca e se bebe.
Como um sapo se engole;
Um sopro sólido se verte.
E toda a escrita sai a ferros
De um homem que se mutila
Por nunca se alcançar.
A essência de uma frase nem ele a conhece,
E no entanto,
Entre a dor do seu parto se pare;
Entre quatro paredes de um quarto
Ele escava as suas entranhas
E mais procura sem encontrar.
Fosse a forma conteúdo;
A mentira, verdade.
Soubesse eu quem tu és.
Pudesse eu deitar a teus pés a tua felicidade.
Estou a morrer de saudade.
A morrer de não ser no teu peito eternidade;
De não ter a cabeça poisada junto aos teus seios,
Inspirando o teu cheiro, sentindo o teu toque.
Derramava-me o calor dos nossos corpos, cheios, plenos,
Toda a vida e pequenas mortes.

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sexta-feira, abril 29, 2005

Confesso que nasci

E já não interessa se te traí ou tu a mim;
Se tudo o que principia tiver de ter um fim;
Se o mundo se desmorona quando me deito e paro,
Porque não estás por perto me sinto um farrapo,
Porque não me trazes no peito, farto,
E então, quando me deito, resto nada, feito trapo.
Tudo se tivesse passado numa hora
E fosse esse tempo o que passa agora!,
Se é que nasci, vivi ou morri
Em todas as pequenas mortes dentro de ti.

(Ontem, no carro, João XXI)

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