sábado, maio 07, 2005

Impaciência, solitude, aridez e... mais tempo perdido

Há dois dias que durmo pela noite;
Há duas noites que não vivo,
E hoje vejo-te, ó noite,
Descoberta por um fio de cabelo.
Não tenho sono,
Por isso não me deito.
Sou esponja morna
De vapor rarefeito,
Seja lá isso o que for.
Tudo o que podemos fazer
É intentar e receber
O que for que se nos depare.
Por vezes por um motivo se parte,
Parindo a custo um novo início,
Porque errando se procura a sorte,
E o audaz é feito príncipe.
Hoje não me parece que durma já.
O ambiente é o propício.
Eliminei o monólogo rumoroso da tv.
Temple of the dog no leitor de cd’s.
Tentei escrever sem fazer caso
E talvez sem um ponto de vista;
Uma premissa narrativa,
Para que tudo parecesse ao acaso.
Mas como quem ao vocábulo não resista,
Deixei-me simplesmente ir à deriva
Soltando as palavras
E os sons que nelas vivem.
Mesmo que nada me incomode tanto
Como a desilusão de uma mulher,
Desato a escrever
Algo que outra coisa possa parecer.
Que talvez nada me reste agora,
Descrendo de um novo começo,
Porque não o subscrevo,
Porque me foi cominado,
Porque me foi infligido.
E tudo o resto que se colher
Arrecada-se sem glória
Pois este Verão é tão faustoso
Que o que me deste é sobejo imaturo,
Restos de amor de ti, mulher!
Queria acreditar que se é o que se quiser,
Que por nosso punho escrevemos nossa história,
Mas a história é escrita por quem sai vitorioso.
Um fruto de maduro cai
Em restos de amor de ti, mulher!

Etiquetas: ,