Por Debaixo dos Escombros
Ainda há pouco nos amámos
E agora estamos apartados.
Ressoam as palavras que me dizias ao ouvido
Quando me pedias para arvorar os teus sentidos
E me beijavas puxando-me para ti,
Fazendo o que querias de mim.
Ouço as palavras feias que me dizias ao ouvido,
E me agarravas estátua de mármore,
Me lançavas serafim do paraíso
Não sei se para portas do inferno em choro e riso,
Obra-branca-prima de Rodin.
Brinca, puxando-me para ti,
Fazendo o que queres de mim,
Algures nunca no divã.
Dizes que já não me amas.
Terás alguma vez amado?
Tocaste o meu corpo,
Que conheces, e que eu, assim como tu, ignoro,
Sem as nossas almas teres encontrado?
E se eu olhar meigo nos teus olhos,
Que me dirão eles, outrora doces?
E se procurarmos nos destroços,
Não haverá nada de nós os dois?
Toma como certo: Se passarmos p’los escolhos
Temos a praia depois.
E foram tantas provações,
Tantas dores lancinantes,
Tantas impossíveis desilusões,
Que a vida custa a ser vivida,
Daqui e em diante,
E sem ti nada será como dantes,
Como nada o terá alguma vez sido.
Choro, lagrimejo, mas não grito
Como no dia em que tenha nascido.
Não tivesse eu gritado de todo
Para ter de viver no assombro
De não ouvires sequer o que digo;
De não me sentires contigo
A cada segundo que passa.
Nem me assomo da vidraça.
Não me deixo sequer olhar
O sol que nasce, a gente que passa,
Pois tudo é tu no seu estar
E tudo sem ti é só desgraça.
Fecho os olhos e fujo para o meu casulo.
Fecho-me em casa.
Durmo.
Passo o ferrolho da abstinência de lutar
Que sem ti não há causa justa a travar.
Nos meus membros, a vã indolência de cobarde,
Mas paira em mim ainda a inocência
Que crê não haver tempo para ser tarde.
Todas as palavras que escrever
Não serão aquelas que te diria.
Talvez por isso as escreva, talvez um dia...
Talvez descubra que palavras farão a tua alegria.
E sei que me dirás que todas elas são vãs
Como o sol te traz a mim, dolorosamente, todas as manhãs.
Imagino-te a acordar, estremunhada,
Como se visse renascer uma amena alvorada.
Os olhinhos pequeninos,
A pele branca e macia
Onde eu fazia ninhos
E hoje faço nada.
Talvez nunca te descreva...
Ou talvez um dia...
Ressoam palavras que me disseste ao ouvido.
Refulgem dias claros e felizes ao teu lado,
A cabeça no teu ombro,
A tua mão na minha.
Ouve-me por uma vez na vida!
Por debaixo dos escombros,
Vai estar uma menina.
Ela há-de estar ferida
E precisará do teu socorro.
E agora estamos apartados.
Ressoam as palavras que me dizias ao ouvido
Quando me pedias para arvorar os teus sentidos
E me beijavas puxando-me para ti,
Fazendo o que querias de mim.
Ouço as palavras feias que me dizias ao ouvido,
E me agarravas estátua de mármore,
Me lançavas serafim do paraíso
Não sei se para portas do inferno em choro e riso,
Obra-branca-prima de Rodin.
Brinca, puxando-me para ti,
Fazendo o que queres de mim,
Algures nunca no divã.
Dizes que já não me amas.
Terás alguma vez amado?
Tocaste o meu corpo,
Que conheces, e que eu, assim como tu, ignoro,
Sem as nossas almas teres encontrado?
E se eu olhar meigo nos teus olhos,
Que me dirão eles, outrora doces?
E se procurarmos nos destroços,
Não haverá nada de nós os dois?
Toma como certo: Se passarmos p’los escolhos
Temos a praia depois.
E foram tantas provações,
Tantas dores lancinantes,
Tantas impossíveis desilusões,
Que a vida custa a ser vivida,
Daqui e em diante,
E sem ti nada será como dantes,
Como nada o terá alguma vez sido.
Choro, lagrimejo, mas não grito
Como no dia em que tenha nascido.
Não tivesse eu gritado de todo
Para ter de viver no assombro
De não ouvires sequer o que digo;
De não me sentires contigo
A cada segundo que passa.
Nem me assomo da vidraça.
Não me deixo sequer olhar
O sol que nasce, a gente que passa,
Pois tudo é tu no seu estar
E tudo sem ti é só desgraça.
Fecho os olhos e fujo para o meu casulo.
Fecho-me em casa.
Durmo.
Passo o ferrolho da abstinência de lutar
Que sem ti não há causa justa a travar.
Nos meus membros, a vã indolência de cobarde,
Mas paira em mim ainda a inocência
Que crê não haver tempo para ser tarde.
Todas as palavras que escrever
Não serão aquelas que te diria.
Talvez por isso as escreva, talvez um dia...
Talvez descubra que palavras farão a tua alegria.
E sei que me dirás que todas elas são vãs
Como o sol te traz a mim, dolorosamente, todas as manhãs.
Imagino-te a acordar, estremunhada,
Como se visse renascer uma amena alvorada.
Os olhinhos pequeninos,
A pele branca e macia
Onde eu fazia ninhos
E hoje faço nada.
Talvez nunca te descreva...
Ou talvez um dia...
Ressoam palavras que me disseste ao ouvido.
Refulgem dias claros e felizes ao teu lado,
A cabeça no teu ombro,
A tua mão na minha.
Ouve-me por uma vez na vida!
Por debaixo dos escombros,
Vai estar uma menina.
Ela há-de estar ferida
E precisará do teu socorro.
Etiquetas: Maratona de Mim Exangue em Mágoa Desmamado - Livro Segundo, Poesia Cordiana
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home