quinta-feira, maio 19, 2005

Praça da Tristeza

A Praça da Figueira foi um dos locais privilegiados para que os adeptos pudessem ver num ecrã gigante o jogo da ansiada final em Alvalade. A antecipação da festa começou às 10 horas da manhã, com a transmissão em directo do programa “Praça da Alegria”, que ali assentou arraiais até às 17 horas. Adeptos sportinguistas houve que não arredaram pé desde manhã até ao final do jogo, confraternizando também com alguns russos que, com cachecóis do CSKA, puderam assistir à transmissão pacificamente entre os portugueses. Cheguei-me perto deles e perguntei-lhes de onde eram, ao que responderam prontamente: «Ucrânia, mas nosso clube ser Benfica!» Junto à estátua de D. Pedro I estava todo o aparato técnico da RTP, que começou a ser desmontado minutos após as 22 horas, uma vez que, contra a vontade da maioria dos presentes, os festejos não se prolongaram pela noite. Entre os sportinguistas, a palavra «injustiça» era de ordem. Naturalmente insatisfeitos, os leoninos teciam críticas duras a Ricardo e aos consecutivos «frangos» em jogos cruciais; Pedro Barbosa, por estar «desenquadrado do jogo», e ao treinador Peseiro por ter realizado «substituições tardias». Os russos, serenos, admitindo a superioridade do Sporting na primeira parte, e «alguma sorte» do CSKA na segunda, afirmavam a verdade insofismável de que «o jogo tem 90 minutos, coisa de que os jogadores do Sporting se esqueceram». A Praça, durante todo o dia repleta de alegria e ansiedade, vazou rapidamente no final do jogo com a saída cabisbaixa mas ordeira do público, que se dissipou, então conformado, pelas ruas da Baixa lisboeta. Tal como no final do jogo, em Alvalade, os sportinguistas aplaudiram vencidos e vencedores, o mesmo se observou na Praça da Figueira. De assinalar, portanto, o desportivismo demonstrado numa derrota que fecha uma semana de desilusão para o Sporting.

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