sexta-feira, abril 17, 2020

#estatudobem em 2040

O convite, em jeito de desafio, do Mestre António Simões encheu-me de felicidade, mas também de um sentido de grande responsabilidade. Por ser vindo de quem vem e de onde vem, e ainda pelo momento em que todos nos encontramos. Seria escusado dizer que me sinto extremamente honrado por se terem lembrado de mim. No entanto, tenho de ressalvar que este não é apenas um jornal - é o meu jornal do coração desde criança; o jornal com o qual aprendi a ler... jornais; o jornal no qual sonhei trabalhar um dia e no qual aprendi a fazer jornalismo diário, anos mais tarde. A foto é do meu querido Carlos Mateus de Lima e a não atribuição da autoria nesta página 13 deve-se inteiramente ao meu lamentável esquecimento.

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domingo, março 11, 2018

Domingo Chuvoso, Dia de Reis

Deus, Pátria, Família;
Fado, Futebol, Fátima.
Acima da neblina
que esconde a deidade,
eis o proto-mito,
simples, humilde, porte negro
da altíssima nobreza da Mafalala
- pé descalço, bolas de trapos
chutadas pó adentro,
levitantes nas asas de anjos
feitos da terra vermelha dos heróis.
Daquém e dalém,
antípoda dos clichés.

Sonhada Mãe África
que da argila brota pérolas,
rapazes serenos de olhos atentos,
reluzentes, contendo o brilho de estrelas
e as próprias estrelas.
Pernas de Hércules,
destrezas de Ulisses,
pés com astúcias de mãos,
um joelho de Aquiles.

De Lourenço Marques colonial
renascia um grande Portugal,
das brumas da memória
dormentes na noite funda,
quente e húmida de Moçambique.

O mergulho na ruidosa e velhaca ideologia.
O menino tem frio.
Aquece-o uma roda de fogo
que o destina a flamejante pirotecnia
sobre as cabeças da gente.
Em Lisboa, quase clandestino,
fez a vontade à mãe
e ficou.

Nos olhos do Povo,
em despique com a gramática,
como um espelho,
Eusébio e Benfica
seriam palavra fundida,
uma parelha amorosa
que a semântica teme
e desdenha
na angústia dos 90 minutos
que dura a vida 
- e a eternidade.

Golo após golo,
com dignidade inigualável,
disparado o sonho da multidão
na ponta das chuteiras,
ousou sonhar também, sempre.
Que poeta portentoso dos relvados
vestiu a pele dos anónimos,
ébrios desgraçados,
e os fez grandes e felizes,
estraçalhando a pontapé
o espelho que une e separa
a razão do coração
num segundo fraccionado
pela parábola do seu drible.

Golo! Goolo! Gooolo!

Havia golos, orgasmos com asas,
silenciando o samba
por um fado negro de relâmpago;
havia abraços a adversários batidos
e lágrimas de brio
em homenagem à condição humana
no rosto da derrota.

Arrepiante, viu cair reis a seus pés.
Puskás, Gento, Kocsis, Crizbor, Pelé,
o semi-deus Di Stéfano
soçobraram ante o menino
que bailava para eles
sem oponentes nem inimigos,
com uma camisola por troféu.

Guardião de todos os símbolos,
foi estátua em vida;
metro de todas as medidas
no rectângulo de jogo,
curto para uma pantera
a transpirar savana.

Em recta, elipse, meia-lua,
escrito em constelações,
reinventa a velocidade,
o ritmo, a intensidade, a direcção.
Potência, explosão!
Uma lança no mundo,
rematado em jeito.

Arqueado, oscilam músculos,
ossos, tendões,
reconstituindo com minúcia
e impacto a ordem das coisas,
o Universo.

Santo rotundo de bronze
com honras de Panteão,
de todos um no onze contra onze,
homem todo coração,
em movimento feérico, bailado,
de torsos e pés enlaçados.

No final, corpo triunfante, deitado
como todos os homens,
sujeitos da gravidade,
e no Lumiar repousou sob chuva torrencial.
Alguns lhe ofereceram asas e flores de múltiplas cores.
Rubras, alvas, negras,
asas de fogo engomadas pela fantasia
e fecundas de imaginação,
da matéria densa dos sonhos
levados às suas costas.

Protagonista improvável de narrativa imperial,
Eusébio indizível, incorporado, inexprimível
- que “as lendas não têm ponto final” -,
é outra forma de dizer Benfica.

E por obras valorosas, incríveis,
Eusébio foi da lei da morte libertado
num domingo chuvoso, dia de reis.

Eusébio da Silva Ferreira

N.B. - Dedicado a Eusébio da Silva Ferreira, este poema foi escrito quase integralmente e na sua forma definitiva entre o dia do falecimento de Eusébio (5 de Janeiro de 2014), num domingo chuvoso, dia de reis, e o dia do seu funeral, a que compareci sob chuva torrencial. Não senti, no entanto, que o havia completado, e guardei-o. Entretanto, mudei de computador, mudei de casa... O poema ficou num Word esquecido até que foi recuperado de um disco rígido e de mim para mim recordado há cerca de um mês. Já não me lembrava da sua existência. O último quarto do poema foi escrito recentemente, numa qualquer noite deste mês. Agradeço ao Mestre António Simões, autor do livro "Eusébio como Nunca se Viu", pela amizade, pelo apoio, pelo olho crítico e pelas tão pertinentes sugestões após a leitura prévia do poema. Por fim, aquele abraço, o da Vitória, ao meu querido Irmão ilegítimo Gustavo Silva, com quem partilho o idealismo dos elevados princípios do puro benfiquismo e dessa memória pueril de dia de jogo, já que não o posso fazer com o meu pai. 

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terça-feira, abril 22, 2014

A minha visão literal da confirmação do título


Benfica - Olhanense, 28.ª jornada, época 2013/14. Vídeo gravado pouco depois do segundo golo do Benfica e de Lima no jogo. Quem não gosta de futebol é porque não nasceu do Benfica. Et Pluribus Unum.

Obrigado, Patrícia Nicolau e Miguel Dias Ferreira! À Benfica!

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quinta-feira, junho 14, 2012

Nova canção "Liberdade É Escrever Canções" em estreia mundial aqui e agora


'Liberdade É Escrever Canções' é uma canção com muitos avôs, admitindo que eu seja o pai. Trata-se do tema mais curto (apenas 2,32 minutos) e mais simples que já compus, novamente com recurso ao gravador digital de quatro pistas Boss Micro BR. A gravação durou alguns meses, durante as horas livres, e a letra só ficou verdadeiramente concluída hoje, no decorrer do processo de gravação da voz.
Embora já estivesse parcialmente escrita, a letra teve como mote a frase "enquanto te exploram gritas golo", que li algures numa imagem partilhada no Facebook há bastantes meses. Essa frase, e toda uma lógica metafórica em torno da vida contemporânea e do futebol, redundou numa analogia premente, uma vez estando a disputar-se neste momento o Europeu de futebol 2012 na Polónia e na Ucrânia. Tão premente a analogia que me vi quase obrigado a concluir a canção no curto prazo, ganhando momentum de empurrão e chuto para a frente. Devo acrescentar que o título se deve a Sérgio Godinho, que entrevistei recentemente, tendo usado essa mesma frase para titular uma grande entrevista.
Antes de proceder a algumas considerações acerca do processo criativo e das chaves-mestras que deram luz à ideia, inevitável é dizer que, em 'Liberdade É Escrever Canções', contei com a participação do meu querido e velho amigo (de infância, mesmo!) Moisés nas teclas, também conhecido por Bernardo Rodrigues. O Moisés, que já havia gravado comigo em 'Italian Wool' (versão de 1999), tocou com um Roland daqueles que quase não cabem num carro grande, com oitavas a mais, diga-se, mas de momento não sei enunciar a referência do órgão.
Sobre a origem da ideia, revelo tudo, sem cartas na manga: foi quando estava a ouvir bootlegs e gravações de ensaios de uma banda chamada Nirvana, onde despontava Kurt Cobain, que deslindei um projecto de música interessante: 'Old Age'. Não me fiz rogado, peguei na guitarra e toquei o tema à primeira, descarrilando rapidamente para 'All Along the Watchtower', de Bob Dylan. Deitei uma pitada de modernidade com Strokes de guitarra, palminhas, feedbacks orgânicos e sintetizados, e incorporei tudo numa nova canção. 
Voltei a tocar com o pobre baixo Rockson do costume, com a guitarra electro-acústica Ibañez EWC-30 de cordas de aço e com a guitarra eléctrica Duesenberg Starplayer TV. Mais uma vez, a bateria é programada no Micro BR. O Caderno de Corda volta a ser o suporte de lançamento (leia-se publicação) de uma canção inédita.  
Antes de concluir o post com a inserção da letra de 'Liberdade É Escrever Canções', reforço que esta e as outras gravações disponíveis no player acima foram, à excepção de 'Italian Wool' (1999) e 'Universo de 1' (2000), inteiramente produzidas, gravadas, masterizadas, produzidas, you name it, no minúsculo four-track Boss Micro BR. De recordar que, em 'Por Aquela Estrada', tive o privilégio e a honra de contar com a amizade e a colaboração do saxofonista inglês Mark Cain. Ainda assim, sublinhe-se que, neste Micro BR Sport Billy, que é fantástico, as limitações são inúmeras se compararmos o sistema ao do estúdio caseiro mais modesto. Para melhor audição, aconselha-se o uso de headphones.
PS - E eu sei que infortúnio é um substantivo, adianto, precavendo-me contra o chico-espertismo intelectual de trazer por casa que se afirma apenas sobre o erro alheio.

Todas as canções originais deste player estão disponíveis para download gratuito.
Clique em "download".


* Liberdade É Escrever Canções - letra *

Amanhã vais sair mudo,
a tempo de ver o jogo...
Enquanto te exploram gritas golo...

Depois vais entrar calado
e ficar por um bocado
a digerir o infortúnio resultado.

Eu cá já dei prá petição;
assinei de cruz a votação.
Liberdade é escrever canções,
fazer amor e revoluções...

Amanhã jogas pró empate;
dos males o menos grave...
Glorificas os remates à trave.

Depois deixas correr a sorte,
mas isso toda a gente sabe...
Quem não marca... sofre.

Eu cá já dei prá petição;
assinei de cruz a votação.
Liberdade é escrever canções,
fazer amor e revoluções...

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quarta-feira, setembro 09, 2009

Portugal: Cristiano Ronaldo is the problem; not the solution

Portugal: O Cristiano Ronaldo é o problema; não a solução

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segunda-feira, fevereiro 02, 2009

domingo, fevereiro 01, 2009

Poema Escarlate reeditado para o talismã Mantorras

Já que há tanto não publico, ainda emocionado pelo feito do talismã Pedro Mantorras e na esteira de um rubro post sentido, segue, pela primeira vez nesta casa blogosférica, uma reedição de um poema, ligeiramente adaptado para o efeito. Originalmente publicado AQUI, o "Poema Escarlate" faz parte de uma série de poemas "pletóricos" dedicados ao Glorioso e foi escrito em Abril de 2006, antecipando um embate de gigantes na Champions contra o Barcelona, no qual Mantorras acabou por infelizmente não participar, dando Koeman lugar a Marcel...
O Benfica é Mantorras; o Benfica é inexplicável; o Benfica é mística! Ao "homem queimado" mais acarinhado do planeta!

Poema Escarlate

Quem fala de futebol e não sente,
não sabe o que faz sonhar a pobre gente,
perdedora da vida sempre,
vencedora quando o Benfica vence.

E então somos todos contentes
neste recanto do mundo impaciente,
capazes de, juntos, sermos maiores que o mundo,
maiores no golo, num uníssono profundo.

(O que traz a poesia ao futebol,
senão nós, pequenos gigantes,
que acendemos um sol quando joga o Benfica
e esquecemos os lúgubres prantos?)

Sejamos grandes como dantes!,
que esta página urge ser escrita!
Sabemos ser pobres mas infantes
da Descoberta mais bonita:

Que somos capazes
de escrever a História
contra os maiores ventos e tempestades,
sobrevivendo aos escolhos,
atrevendo-nos em glória.

Já fomos jovens rapazes
mais ou menos loquazes
em palavras ou actos,
de nós todos memória.

Tivemos o mundo colado aos pés;
somos o Brasil da Europa.
Driblamos dois; driblamos três,
fazemos do Mantorras anjo-negro-cometa
que hoje pode chutar uma estrela,
fintar sem aviso todo o planeta!

Dá na anca, dá no peito,
beija a bola no joelho;
dá de bunda, dá com jeito,
Mantorras, faz chorar de alegria o País
no mundo inteiro!

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domingo, janeiro 25, 2009

Dia especial para os benfiquistas

O dia 25 de Janeiro é de felicidade e tristeza para a família benfiquista. Felicidade porque nesta data nasceu, há 67 anos, o Rei Eusébio, e tristeza porque, há cinco anos, faleceu Miklos Fehér no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, com apenas 24 anos. Miki teve ainda tempo para, nesse jogo, fazer a assistência para o golo que deu a vitória ao Glorioso. Eu estava a assistir ao jogo em directo na TV. Na altura vivia em Benfica e posso afirmar que a minha vela foi das primeiras a brilhar, nessa noite, à entrada do Estádio da Luz. O 29 será sempre teu, Miki.

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sábado, outubro 04, 2008

Ecos da glória em Bollywood

O Caderno de Corda descobriu AQUI, após aturada investigação, que o próximo blockbuster do cinema de Bollywood, a ser rodado neste momento, fará referência à vitória de anteontem do Benfica. Ao que se sabe, o afamado realizador indiano Rajnish Omparkash é um fervoroso benfiquista. Diz-se, inclusivamente, que estava com um olho na transmissão do jogo e outro na objectiva, durante as filmagens, tendo feito questão de inserir esta curta cena numa parte do filme cujo guião havia sido fumado por um assistente de câmara. Rajnish, que tem contactos privilegiados com a direcção do clube da Luz, gastou milhões de rupias na instalação do canal Benfica TV em todos os seus aposentos, gabando-se de ser o "primeiro indiano com o Benfica no coração e em casa".

n.b. - Este post foi republicado sem a inserção do vídeo devido a incompatibilidades com o Firefox.

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quinta-feira, julho 03, 2008

Queiroz is the man

Foto DAQUI
Sem a actualidade que a tábua de valores jornalísticos exige, dedico este tímido post ao rescaldo minimalista da inglória presença lusitana no Euro 2008. Na esperança de que, com sorte e engenho, pudéssemos mesmo estar no pináculo do futebol europeu, iniciei uma série de posts centrados na temática em causa, à semelhança do que fiz anteriormente a propósito do Mundial, não fossem os magriços tecê-las...
Sem rebater os factos desportivos e mediáticos a que todos assistimos com maior ou menor entusiasmo, posso apenas manifestar algumas considerações, de mim para mim, esperando sinceramente poder contradizer-me no futuro próximo.
A primeira consideração, que não creio vir a alterar, é a de que Portugal perdeu o Europeu contra a Suíça. Porquê? Por motivos vários que - por manifesta indolência e porque, a descrevê-los, o post deixaria de ser minimalista e superficial, tornando-se profundo - não descreverei.
A segunda consideração - a mais polémica - é a de que enquanto Cristiano Ronaldo for tido como o "patrão" em campo e no balneário, Portugal não sairá da cepa torta. E mais não digo.
A terceira consideração concentra-se em Scolari: por vantajosa que tenha sido a benfeitoria do brasileiro à graça do País, recordar-me-ei sempre de como soçobrámos no Euro 2004 com a Grécia, sempre com apenas um ponta-de-lança, a perder com uma equipa notoriamente mais fraca e em formação "autocarro". Em 2006 eu já havia apelidado, algures neste blogue, de "4x5x1 cagarolas" a táctica de Felipão. Voltou a repetir-se, se bem que, a perder com a Alemanha nos quartos-de-final do recente Euro, chegámos a não ter ponta-de-lança em campo...
A quarta e última consideração é de esperança na negação futura do receio manifestado nos segundo e terceiro pontos. Isto porque Carlos Queiroz parece quase garantido ao comando do seleccionado luso e é, com segurança, o homem certo para o cargo. Na verdade, melhor seria impossível - a bem da equipa "A" actual e futura, se pensarmos no benfazejo trabalho que Queiroz poderá também desenvolver junto das selecções jovens.
Note-se que não guardei considerações quanto à participação desastrosa de Ricardo. Perante a lesão de Quim e a falta de alternativas, a crítica é impotente e gratuita. Do futuro escrevam os deuses e as bruxas.

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quinta-feira, junho 12, 2008

Nos quartos em dois jogos apenas

Genebra, 11 Junho - Deco foi o escolhido para figurar no Caderno de Corda, num instantâneo do jogo de ontem entre Portugal e República Checa (3-1). Esta é a jogada de insistência que resultou no primeiro golo da partida, após tabela entre Nuno Gomes e Cristiano Ronaldo. Apesar do nosso 20 ter sido, na minha opinião, o melhor em campo, foi Ronaldo quem levou o prémio para casa, a juntar às dezenas que exibe na sua sala de troféus. Deco, Ronaldo e Quaresma foram os marcadores, vingando o chapéu antológico do grande Poborsky, em 96... Contra uma excelente equipa, Portugal fez o mais difícil parecer fácil - manietar o adversário, com poucas excepções no jogo aéreo... Isto no dia em que se soube que está perto do fim a era dourada de Scolari, que iniciará funções no Chelsea a 1 de Julho próximo. Saia campeão da Europa!
Foto DAQUI

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terça-feira, junho 10, 2008

Genebra, 7 de Junho - Raul Meireles, autor do segundo golo português frente à Turquia, festeja com João Moutinho, o assistente em rodopio. Portugal deu um banho de bola. Com entrada auspiciosa no Euro'2008, a vitória, por 2-0, é curta para o domínio total dos portugueses, num jogo em que não se viu Turquia.
Foto DAQUI

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segunda-feira, junho 09, 2008

Silenciando o fatalismo

Afazeres "suplementares" - aqui, como adjectivo figurativo do físico, folheável e ilustrado substantivo masculino donde deriva, se semiologicamente correcto fosse - não me permitem a terapêutica prática blogosférica... Como há quatro e há dois anos, teria gosto em acompanhar proximamente todos os triunfantes passos da nossa Selecção no Caderno de Corda. Já falhei a crónica turca, com pena minha... Just for the record, 2-0 e três "quases" nos postes.
Adiante, talvez esteja a silenciar o oracular fatalismo da portugalidade em mim entranhada ao tutano, mas com esperança de que pode ser desta. Talvez a engula e remoa este ano de vez, libertando o estrangulado grito da vitória. Ao jeito de há quase dois anos, quando regressámos do Mundial, eu termino hoje como então titulei ESTE post, com a simples e simplista frase "It's just a football game, but I like it".

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sexta-feira, junho 06, 2008

Convosco, guerreiros

Neuchâtel, 3 Junho - Cerca de 12 mil adeptos (a esmagadora maioria do quais emigrantes portugueses) encheram o Estádio La Maladière, durante um treino, e não se pouparam no apoio aos craques da Selecção Nacional que preparam a estreia no Europeu.
Foto e legenda DAQUI

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quinta-feira, maio 01, 2008

Honras sejam feitas!

O meu amigo Rui Almeida deu-me a satisfação e a honra de figurar na sua galeria de inúmeros e, muitos deles, notáveis poetas. O post encontra-se AQUI e foi publicado no blogue Poesia Distribuída na Rua, a 25 de Abril passado. O poema, "Grita, Liberdade!"
Este ano não assinalei, lamentavelmente, o dia do golpe de Esta... er... quero dizer... Revolução. Dos cravos. Falhei o prometido há um ano, sobre a publicação, a 25 de Abril, no Caderno de Corda, de um documentário fotográfico em filme que realizei pelo trigésimo aniversário da Revolução. O Rui salvou, assim, a minha face, assinalando por mim uma data que não queria deixar passar mudamente.
Acontece que ainda nem fiz o upload no YouTube. Pedi a um amigo para converter o filme em formato adequado - o que ele fez prontamente -, mas o encontro ainda não foi possível, apesar de morarmos tão perto!...
Vou mudar de estratégia: assim tenha a coisa na minha posse, faço o upload e toca a embutir aqui o player, mesmo que a data seja a mais inapropriada e longínqua daquela simbólica.
Por falar em "toca", e dando uma pirueta semiológica, o meu querido amigo T. atribuiu-me, na toca do Rato do Deserto, mais exactamente AQUI, um prémio piegas... Qualquer coisa como o glorioso laurel "Este blogue é um mimo". Parece que uma das regras sugere a passagem da honra a 50 (?!) blogues considerados "mimosos" ("ternurentos, simpáticos e agradáveis de se visitar").
Lamentavelmente, não me recordo de um único blogue "mimoso" que visite regularmente. Talvez por ser "mimoso"... Mas eu sei que o meu Irmão T., que me tramou anteontem com uma futebolada infernal que fez de mim guarda-redes quase após cinco minutos à Benfica de Artur Jorge, fez por bem. E ele refere-o: "Pela história, maturidade e evolução." Mais uma vez, obrigado pela honra (vindo de ti!) e por te teres lembrado deste valdevinos errante dos relvados sintéticos... Seu "mimoso"! :)

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sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Joga mais um, Maestro! (clique aqui para votar)

"Maestro, dá-nos música mais um ano!” é o apelo de um benfazejo grupo de benfiquistas que decidiu lançar uma petição na Internet com o objectivo de convencer Rui Costa a jogar mais um ano de águia ao peito. Nascida no blogue Fica Rui Costa, aí está uma ideia que pode tocar o coração do jogador - como se sabe, um homem de grande paixão na vida e no futebol. Na minha opinião, muito acima de qualquer Luís Figo em duas virtudes, que confluem no seu amor à camisola: carácter e jogar futebol fino, genial.
n.b. - Reparem na braçadeira de capitão. Por falar nisso, por que carga de água não é o Rui o capitão?!

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terça-feira, novembro 27, 2007

Manchester United vs Sporting C.P.

Uhm... Ainda assim, gosto mais do Sporting que do Cristiano Ronaldo e do Nani...

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terça-feira, setembro 18, 2007

Ser Benfiquista



Sou do Benfica
E isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece

Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontrou rival
Neste nosso Portugal.

Ser Benfiquista
É ter na alma a chama imensa
Que nos conquista
E leva à palma a luz intensa
Do sol que lá no céu
Risonho vem beijar
Com orgulho muito seu
As camisolas berrantes
Que nos campos a vibrar
São papoilas saltitantes.

No dia em que o Glorioso regressa a San Siro, mas desta feita com o maestro de águia ao peito, eis a muito procurada história do hino do Sport Lisboa e Benfica, inesquecivelmente cantado para a posteridade pelo grande Luís Piçarra:

Paulino Gomes Júnior era o director do jornal do clube. E também ele queria dar ao Benfica uma coisa especial. Uma canção, por exemplo. Uma canção que entrasse no ouvido e no coração e servisse de encorajamento para a caminhada que havia pela frente. Escreveu a letra, a música, e ensaiou tudo a preceito com Luís Piçarra, que ofereceu a sua voz sem par. A estreia em público ficou aprazada para a noite de 16 de Abril, no Pavilhão dos Desportos, por ocasião de um sarau com a receita a reverter pró-Estádio. Seis mil benfiquistas responderam à chamada, enchendo o recinto. A canção de Paulino Gomes Júnior e de Luís Piçarra seria a surpresa da noite. Desconhecendo como o público iria reagir, autor e intérprete aceitaram que a sua actuação acontecesse, discretamente, entre o número musical da artista paraguaia Sarita Antuñez, vedeta do Teatro Apolo, e a exibição do conjunto da «dinâmica e revolucionária» Alzirinha Camargo. Nervosos, os dois homens subiram ao palco. Paulino Gomes Júnior dirigiu-se ao piano, Piçarra ao microfone. A assistência agitou-se naquela desconfiança que sempre suscita a apresentação de uma novidade. Mas quando Piçarra entoou as notas finais de Ser Benfiquista a casa veio abaixo.Conta o jornal O Benfica o que se passou: «O sarau acabou por provocar manifestações clubistas como raras vezes temos visto. Vibrantes, apoteóticas, plenas de euforia, como foi a primeira audição de Ser Benfiquista, culminando em êxito tão clamoroso que o público ovacionou longamente, de pé, autor e intérprete. O próprio maestro, Vítor Bonjour, cederia a batuta ao dr. Paulino Gomes Júnior para que este dirigisse a orquestra na repetição do número.»Nasceu, assim, inspirada pela construção do Estádio da Luz, a canção que ainda hoje se ouve quando o Benfica entra no seu campo. A emoção dessa noite de estreia, há quase meio século, contagiou até os polícias de serviço. «Era de 363$00 a importância da folha de serviço dos guardas destacados para o pavilhão. Tal quantia, porém, foi entregue ao clube pelo senhor Domingos Ribeiro, polícia municipal que, em nome dos seus colegas, afirmou prescindirem dela com muita satisfação, dado o fim a que se destinava – engrossar a lista de dádivas pró-Estádio do Sport Lisboa e Benfica.»

Texto DAQUI

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quinta-feira, agosto 23, 2007

Baby Jane e "o último artista"; Camacho ao final da tarde; Magnólias à noite

Foi há pouco que liguei a um amigo, conhecido das lides musicais da nossa praça, para confirmar definitivamente o seu desejo e disponibilidade para participar na gravação de uma ou, quiçá, duas das seis músicas que incluirão o EP que os Baby Jane têm no forno. O amigo de que vos falo é, nada mais nada menos, do que o meu músico preferido e principal inspiração. Porque é apenas necessária, por escrito, a autorização da editora deste artista maior da música portuguesa, fica guardada para a primeira quinzena de Setembro a revelação do nome.

-*-
Como àparte marcante deste cansativo 23 de Agosto, devo ainda dizer que estive à conversa (breve; quase um olá e adeus, como diria Hendrix) com José António Camacho, actual treinador do Benfica, quando, à saída do trabalho - e porque encontrei, à porta do Hotel Marriott, um colega fotógrafo (APS, agora no "Sol") com quem tive o prazer de trabalhar nos tempos de "A BOLA" -, me deparo com a iminência da sua chegada àquele local.
Dois dedos de conversa de reencontro com o APS, cinco ou dez minutos, e lá estava Camacho com encontro marcado. Detive-me junto a eles, deixei o APS disparar (mais rapidamente que a própria sombra), e, no final, cheguei-me junto do técnico, cumprimentei-o e...
- Sou um fã benfiquista. Venho desejar-lhe as maiores felicidades e sucessos.
Camacho agradeceu, ao que repliquei:
- Somos grandes; somos o maior clube do mundo! - disse, enquanto lhe segurava gentilmente o braço.
Voltei a cumprimentá-lo e afastei-me, que o homem levava as bagagens para dentro.
(Foto de Ana Baião/Expresso)


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Antes de chegar tardiamente a casa, há pouco, saio do carro, vejo no chão dois euros e, talvez três metros à frente, junto à base de um candeeiro com um caixote do lixo, um gato preto morto.

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quarta-feira, agosto 15, 2007

Rui Costa 2-1 Copenhaga

Foto retirada do Site Oficial do Sport Lisboa e Benfica
Uma pobreza franciscana num convento* mal e porcamente gerido por um beato salvo por um anjo caído... Na verdade, este post não tem razão de ser pelo jogo de ontem, mas porque presenciámos, pela pessoa do Rui, uma mostra do benfiquismo que faz do Glorioso o maior clube do mundo. Foi dada a prova de que não basta ter nos pés magia, pois esta é accionada nos momentos decisivos pelo que se traz no coração - uma vontade mística que não se compadece com o comodismo medíocre daqueles que se entregam ao desenrolar dos acontecimentos. O Benfica ganha sempre; o Rui ganha sempre.
Adiante, se Luisão estava lesionado, porque jogou de início? Como se explica a lentidão de processos, a passividade e a parca dinâmica na ocupação de espaços e movimentações? Nuno Assis é jogador de banco; Luís Filipe foi esmagado pelo peso do manto sagrado; Cardozo é jogador, mesmo ao pé coxinho; Bergessio não é muito diferente de Paulo Jorge, Marco Ferreira, Manú ou até Carlitos; Katsouranis esteve irreconhecível, por vezes perdido, desorientado, desconcentrado; Coentrão (tenha vergonha pelos mergulhos!) ainda não passa de um puto inconsequente que não tem lugar no 11 (precisa de tempo para crescer sem se sentir vedeta prematura), embora seja mais acutilante que Bergessio - uma desilusão. Os restantes não estiveram mal e David Luiz merece, mais uma vez, o elogio destacado.
Sublinhe-se que o Benfica jogou ontem com quatro (!?!?!) médios-centro, sem alas. Aquilo não era um losango, mas um fernandango - não lembra a ninguém construir uma equipa assim. Porque não retorna o Benfica, a curto prazo, ao 4x4x2 com que tantas vezes foi campeão até à década de 90? O futebol mudou assim tanto, que tenhamos de nos adaptar às circunstâncias ao invés de fazê-las?
O lançamento do pequeno Adu em campo, como se de um Eusébio recentemente chegado se tratasse, revela a aleatoridade com que Fernando Santos faz estratégia. Correu o risco de queimar o jovem, cuja estreia não foi brilhante - mas vale a simpatia da massa associativa, que sente a falta de alegria dos jogadores ao comando do beato, que mexeu em toda a estrutura do meio-campo, onde só Petit manteve a posição, ingloriamente, não fosse o Maestro.
Quanto ao traidor ingrato cujo nome aqui não se escreverá, é e será sempre persona non grata na Catedral. Resumindo, Benfica é Rui Costa e vice-versa.
* - Não pelo cor-de-rosa, mas pelas "Marias Alices"...

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