sexta-feira, maio 06, 2005

Vem Ver

Meu amor perdido,
vem ver como eu estou bonito.
Meu amor sentido,
vem ver como te admiro.
Vem ver-me nu, para ti,
meu corpo perfeito e sem delito.
Meu amor fugido,
meu amor esvaído dos meus pulsos,
vem ver-me de qualquer forma,
nu ou vestido,
que sou o mesmo eternamente teu,
sem pudor e sem prurido.
Meu amor aflitivo,
torrente incompanhável
de um rio no seu indefectível curso,
que em si não sobrevivo,
se ao teu tronco não me abraço,
se para ti não me debruço.
Sem ti, ao mar não sigo
neste rio tão caudaloso.
Estende-me a tua mão,
dá-me o teu braço,
precipita-te na multidão,
dá-me o teu abraço,
que sou eu, eu mesmo, e não
na multidão qualquer acaso.
Meu amor jamais vencido,
meu amor jamais tomado,
vem ver como te estou rendido,
vem ter-me a teu agrado.
E enquanto tu me esqueces,
para mim não sorrindo,
é o tempo em que te escrevo;
Todo o tempo te dedico.
Nada sentenciando, sublimando,
há esperança talvez zonza, talvez tonta,
em círculos que por ti ando
na bebedeira dos sentidos,
em loucuras que não comando,
por teu amor perdido,
por mim não esquecido,
em mim ablativo,
em mim amputado,
em ti desvanecido.
Vem, meu amor, vem!
Estou como quem nada tem.
Estou pelo teu namoro
ceguinho de choro,
e vou num vai-vem
à velocidade a que te adoro,
buscar-te à indiferença do futuro,
resgatar-te do uivo do passado,
dar-te um presente que esconjuro,
por agora já ter passado.
Vem! Vem para meu lado!
Onde as ruas não têm nome
e os bairros são de amor.
Onde não existe em nós a fome
que alcooliza o rancor,
mas uma fome, sim!, que come,
mas se alimenta de amor.
Perdoa-me, meu amor! Perdoa-me!
E agora, que te disse tudo,
que mais do que isto não consigo,
vou terminar o verso
como quem nada quer disto...

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