terça-feira, junho 28, 2005

Um aroma vivificante

Na sexta-feira tive de ir à Serra da Estrela e atravessar todo o Vale Glaciar. De um lado e de outro, encostas grandiosas, vertentes abruptas sulcadas por cascatas, riachos velozes e fontes caudalosas. Parei junto à Fonte de Paulo Luís Martins para tirar fotografias, com a ajuda de um fotógrafo da Covilhã, de seu nome Filipe Pinto. Aqui lhe deixo, desde já, o agradecimento. À direita, o Covão de Albergaria e, adiante, o Covão d’Ametade, antiga lagoa de origem glaciar, aos pés do maciço do Cântaro Magro, onde nasce o rio Zêzere. Tenho também uma fotografia junto ao lago de Viriato que, dizem, por lá andava naquele tempo de ocupação romana. O ar, sadio e viçoso, ateava no vento brando - mas, ainda assim, fresco de Verão -, um perfume, fragrância natural do que é imaculado, virtuoso e verdadeiro. Senti prazer em algo tão simples e inato: respirar. Encontrei um tempo de montanha sem neve, escalado pela luz dourada da altitude, pelo verde da vegetação insondável vista da estrada, pelo jorro das essências termais e pelas cascatas e rios truteiros que descem no berço de antigos glaciares. O silêncio é total. Senti-me em paz e nem pela magnitude do que presenciava me supus menor. Pelo contrário. Cheguei à Covilhã com aquela estranha sensação de ter nos ouvidos um zunido pressurizado. Com a mão, tapei o nariz e funguei. Passei a ouvir bem mas a fragrância do Vale Glaciar dissolvia-se, aos poucos, na aproximação à urbe poluta, pelo ziguezaguear descendente até à Covilhã. Seguem as fotos acima.

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