Anamnésias 7
Premi o botão. Debaixo da gordura e de uma camada escura de sujidade se entrevia o relevo de uma seta ascendente que indicava a subida. Chamara o elevador haviam 11 segundos. No hall da cave que me apeava, o ar rarefeito, rico em monóxido de carbono, carregava a atmosfera. Nisto, abrem-se as portas. A limpeza antiséptica, desinfecta, do interior do elevador, contrastava com a cinzentez poluta das paredes onde, embutidas, as portas automáticas performam a sua mecânica labuta. No interior do elevador, um jogo de espelhos deliciosamente paradoxal reflectia a minha imagem sonolenta, prolongada longinquamente, fazendo quebrar o espaço e o tempo, fazendo-me pensar que, para lá daquele momento, para lá daquele lugar, muitos outros se propagam e se sustentam. Foram 5 segundos pré-programados de limbo levitante até que as portas se fecharam novamente, comigo do lado de fora. Sem ar puro nem luz, perdera a lucidez irreflexiva do automático. Perdera a oportunidade luminosa e fresca da superfície.
Etiquetas: Anamnésias, Prosas Cordianas
2 Comments:
Very pretty design! Keep up the good work. Thanks.
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