Volto revolto (Jeremias Cabrita da Silva)
Depois, vai-se esta carne e ninguém repara no que fui. Vai-se a esperança e vem, fumegante, o cheiro a morte, qual névoa sobre o campo de batalha pairando. O ataque não será repetido, nem homens há que o façam. As mulheres, de luto; órfãos de pai. Foi-se o envoltório seco, rugoso, flácido, dissipou-se o ouro, esboroou-se o diamante, e a luz, cada vez mais ténue e difusa, a mim, que vivo só na penumbra, acusa. Vapor, ascendo às nuvens e volto gota de água. Ninguém me viu secar. Todos me sentiram molhar... e sacudiram.
Jeremias Cabrita da Silva
Foto "O Velho da Baixa" de Vera Cymbron
Etiquetas: Imagens e Afins, Jeremias Cabrita da Silva - Citações e Textos
3 Comments:
Obrigada pelo comentário. Por acaso estou outra vez em Lisboa em férias. Como sabes e deves ter percebido sou dos Açores.
Realmente as pessoas nem sempre conseguem ver para além do momento.
Jinho e bem hajas por veres também como eu.
Obrigado, Vera. Eu é que agradeço pela foto e por enriqueceres a blogosfera com a tua contribuição. Um beijinho.
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