Cartas de Amor Ridículas 1
Daqui, de junto ao mar,
segredos se escondem,
silvados da torrente.
Sorrir eu quase lamento;
não consigo esconder o que sinto.
Como se isso te interessasse,
não fosse esse o problema.
Não prestes atenção
se nem rimas de bolso tenho;
se o vácuo imo consome
desejo, desígnio tamanho.
Tenho nada senão vazio na mão,
previsivelmente, no coração.
Se precisares de mim,
esfarrapo-me pelo chão,
passo fome, faço-me fim,
deslizo sôfrego como um cão.
Subo as escadas estreitas, vertiginosas.
Não têm corrimão.
Vou muito depressa,
sem olhar para baixo.
Não pertenço, não me vendo,
não me encaixo.
Se oprimo, sinto que não possuo,
e morrendo e chorando, continuo.
Sou em ti tudo, sem ti nada,
e mesmo sendo, estou no sentido inverso da estrada,
venho em contramão.
Às vezes és o sim e eu o não.
Para ti, agora sou todo senão.
Assim, mais uma vez,
previsível, eu sou agora todo Inverno
e tu Primavera que nos alaga em Abril,
mas queres ser Verão.
Mas sou em ti tudo, sem ti nada,
e mesmo sendo, sou o trajecto inverso da estrada.
Sou meio, menos que isso,
sou parte dispensada, de ti apartada.
Chove junto ao Tejo.
Suponho que tenhas o último sorriso.
A ti não vejo.
Vejo gaivotas que não conseguem comer.
Vejo cacilheiros vomitar gente sem implorar por carinho.
Vejo Cristo, que não nos poupa a adversidade do caminho,
nem às gaivotas a árdua tarefa,
o mar frio, crispado, revolto,
a chuva, o peixe fugidio...
e as gaivotas não conhecem mito ou destino.
Sou todo para mim.
Sou todo sozinho.
segredos se escondem,
silvados da torrente.
Sorrir eu quase lamento;
não consigo esconder o que sinto.
Como se isso te interessasse,
não fosse esse o problema.
Não prestes atenção
se nem rimas de bolso tenho;
se o vácuo imo consome
desejo, desígnio tamanho.
Tenho nada senão vazio na mão,
previsivelmente, no coração.
Se precisares de mim,
esfarrapo-me pelo chão,
passo fome, faço-me fim,
deslizo sôfrego como um cão.
Subo as escadas estreitas, vertiginosas.
Não têm corrimão.
Vou muito depressa,
sem olhar para baixo.
Não pertenço, não me vendo,
não me encaixo.
Se oprimo, sinto que não possuo,
e morrendo e chorando, continuo.
Sou em ti tudo, sem ti nada,
e mesmo sendo, estou no sentido inverso da estrada,
venho em contramão.
Às vezes és o sim e eu o não.
Para ti, agora sou todo senão.
Assim, mais uma vez,
previsível, eu sou agora todo Inverno
e tu Primavera que nos alaga em Abril,
mas queres ser Verão.
Mas sou em ti tudo, sem ti nada,
e mesmo sendo, sou o trajecto inverso da estrada.
Sou meio, menos que isso,
sou parte dispensada, de ti apartada.
Chove junto ao Tejo.
Suponho que tenhas o último sorriso.
A ti não vejo.
Vejo gaivotas que não conseguem comer.
Vejo cacilheiros vomitar gente sem implorar por carinho.
Vejo Cristo, que não nos poupa a adversidade do caminho,
nem às gaivotas a árdua tarefa,
o mar frio, crispado, revolto,
a chuva, o peixe fugidio...
e as gaivotas não conhecem mito ou destino.
Sou todo para mim.
Sou todo sozinho.
n.b. - O Blogger tem vindo a apresentar problemas para os quais não tenho resposta. Esta breve nota serve apenas o propósito de informar o estimado leitor de que o Caderno de Corda vê a publicação pausada por motivos eventualmente técnicos a que o autor é totalmente alheio.
Etiquetas: Cartas de Amor Ridículas, Poesia Cordiana
10 Comments:
Que lindo, adorei, de verdade... Poesia maravilhosa! =]
Muito obrigado... que dizer de um elogio vindo de lá do Atlântico? Que a língua é a minha pátria? Talvez...
Um beijinho
Magina...
Tô passando por aqui pra agradecer a visita em meu blog e a informação que lá deixaste!
=]
Vê se volta logo a postar pra eu conhecer um pouco mais... =]
Nina, não consigo "postar". Desde há três dias que o Blogger me dá erro na publicação... será que atingi o limite de posts? Será que tal é possível?
Já estou a ficar desanimado...
Davi,
Gostei muito do poema. Aliás gosto de quase todos os textos que escreves. Mas gostei deste em particular.
Continua. Sempre.
Abraço
Vitor
Vítor, ainda bem que te leio. É bom saber-te "aqui" tão perto... Já pensaste em fazer t-shirts de design inovador com... poesia?
:)
Abraço
Acho uma excelente ideia, Davi. Temos de falar sobre isso.
Abraço
Vitor
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