Photopoiesis 1 - A coragem de ser criança
O menino estava sentado a um canto,
sem graça, sem jeito, sem espanto.
Cumpria o que diziam
os pais que tanto lhe queriam.
"É assim que deves fazer;
assim te deves comportar.
Não nos faças mal parecer;
Não repitas o prato ao jantar."
O cabelo penteado, puxado a brilhantina,
a gravata já torta, ao fundo outra menina...
E os olhos inocentes, o nariz a fungar,
uma certa melancolia do tempo a passar...
"Deixa-te estar quietinho,
não saias desse lugar."
E quedava-se o menino
de olhos fixos no ar.
Sapatinhos e um fato à senhor,
camisa branca, quietação sem louvor.
Apenas palavras de ordem,
prematura prisão de pudor,
preconceito da regra imposta
à mais casta desordem interior.
E o menino ficava,
quase sem dúvidas,
quase sem nada,
num dilúvio estancado
de porquês abafados.
Do outro canto da sala,
a menina o olhava,
e ele, envergonhado, fingia
não ver que ela o convidava.
Tinha fome, não repetira.
Não chorara nem rira.
Perdera a vontade
de se entregar à leve dança.
Perdia a coragem adulta
de ser criança.
sem graça, sem jeito, sem espanto.
Cumpria o que diziam
os pais que tanto lhe queriam.
"É assim que deves fazer;
assim te deves comportar.
Não nos faças mal parecer;
Não repitas o prato ao jantar."
O cabelo penteado, puxado a brilhantina,
a gravata já torta, ao fundo outra menina...
E os olhos inocentes, o nariz a fungar,
uma certa melancolia do tempo a passar...
"Deixa-te estar quietinho,
não saias desse lugar."
E quedava-se o menino
de olhos fixos no ar.
Sapatinhos e um fato à senhor,
camisa branca, quietação sem louvor.
Apenas palavras de ordem,
prematura prisão de pudor,
preconceito da regra imposta
à mais casta desordem interior.
E o menino ficava,
quase sem dúvidas,
quase sem nada,
num dilúvio estancado
de porquês abafados.
Do outro canto da sala,
a menina o olhava,
e ele, envergonhado, fingia
não ver que ela o convidava.
Tinha fome, não repetira.
Não chorara nem rira.
Perdera a vontade
de se entregar à leve dança.
Perdia a coragem adulta
de ser criança.
Etiquetas: Photopoiesis, Poesia Cordiana
5 Comments:
Para quando uma ida ao bairro pra mamar uns copos? Temos de combinar, o povo todo... Bom ano e um grande abraço... Dá-lhe forte...
Bruno Tomás
Bruno, meu velho, quando vocês forem, não se esqueçam de avisar! Lá estarei.
Aquele abraço para ti e para o teu mano.
...então e já pensaste nuns acordes para enfeitar esta obra?
;)
O abraço
Johnny
fui
Pensamos juntos?
;)
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