quinta-feira, fevereiro 23, 2006

"Jorge Palma, O artista português", Parte 5 (Entrevista integral, uncut, ao jornal Impress, 2003)

Quanto à “nova” música portuguesa e novas tendências, o que recomendas?

J.P. – Adoro os Clã, gosto dos Toranja, dos Terrakota, gosto muito dos Blind Zero, dos Ornatos Violeta... Xutos for ever, 'né?

E lá fora?

J.P. – Olha, eu continuo a ouvir o Tom Waits e... mas não tenho acompanhado muito. Isto tem sido uma fase de grandes mudanças na minha vida e eu vou sair desta casa [n.d.r. - Rua de São Bento], os discos estão... epá, alguns dentro de sacos ainda desde o Verão, e não tenho comprado música um bocado por isso também.

Pela descoberta, tens ouvido alguma coisa que seja mesmo “aquilo”?

J.P. – Por acaso não. Não tenho seguido muito. Continuo a ouvir rock. De Red Hot Chili Peppers a Tom Waits e Dylan e...

Porquê um vazio de 14 anos sem gravar um único album de inéditos?

J.P. – Foram quatorze?

Foram. Tipo Sporting... (risos) Gravaste coisas mas nada de inéditos.

J.P. - Estive sempre a trabalhar. Houve coisas que me deram muito trabalho.

É que parecias ter uma certa angústia. Querias gravar mas havia sempre qualquer coisa...

J.P. – Não, eu não tinha... aqui há várias coisas: houve trabalho efectuado de facto, que me ocupou bastante, como acabar o curso de piano, que ainda foram uns anos a estudar. Portanto, aquilo deu trabalho e demorou tempo.

E quando acabaste o Conservatório, gravaste o “Só”, voz e piano em simultâneo...

J.P. – Exacto. Se me enganasse no fim da música, voltava-se ao princípio - ou mesmo que não me enganasse. Aí, contei com a produção sobretudo do José Manuel Fortes e também do Francis, que não deixavam passar nada; quer dizer: se aquilo estivesse um bocado mortiço ou não sei quê. Mas depois começaram a convidar-me para cenas de teatro que também me deram trabalho. Escrever e trabalhar letras, textos, neste caso.

Mas tu também te associaste ao teatro um pouco pelo gosto que lhe tens... Brecht...

J.P. – Tenho gosto e... pois, depois houve as canções do Brecht, e cá está a tal influênciazinha não é? [n.d.r. - referindo-se a uma certa erudição clássica] Mas eu tive de estudar uma data de partituras do Kurt Weil e do Heisler, que me deram um trabalhão, claro! Estudar aquilo tudo para tocar ao piano, algumas para cantar, se bem que a maior parte fosse cantada pela Lia Gama e pelos outros actores. Foi muito trabalho. Noutra peça do Brecht trabalhei com a Regina Guimarães e com a Maria Velho da Costa. Também adorei trabalhar com ela a parte do texto, transformar aquilo em canções, e tive cada vez mais espectáculos. Fui tendo trabalho e, portanto, eu não sentia nem necessidade económica nem... porque estava entretido, estive sempre entretido. Depois havia as noitadas também e uma certa dispersão na minha vida toda, a minha indisciplina atingiu assim um cume, um clímax. Mas também ia adiando, talvez por um certo medo de não ser capaz de fazer uma coisa... um disco ao meu sabor.
Brevemente, a Parte 6. Não perca os próximos capítulos.

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5 Comments:

Blogger Pim said...

Bem, amigo, a cada episódio que passa cresce o interesse da juventude lusitana pela música sem motor ;)
Está um must esta entrevista, pá!!! VEnha lá o sexto, que a malta cá fica ansiosamente à espera! Não sei se já dei, dou agora: Muitos parabéns. Tá brutal!!!

Abraço :)))

quinta-feira, fevereiro 23, 2006 11:47:00 da tarde  
Blogger Davi Reis said...

Se soubesse fazer o ícone expressivo do smiley corado...

Obrigado, camarada e amigo Pim!

Aquele abraço

sexta-feira, fevereiro 24, 2006 5:47:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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domingo, maio 21, 2006 11:00:00 da tarde  
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sábado, julho 22, 2006 6:26:00 da tarde  

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