Estaria também "ensandecido" quando escreveu o Evangelho, ou o Ensaio sobre a lucidez? As ideias não podem ser retiradas do seu contexto. Seremos nós patriotas quando compramos, no mais vulgar hipermercado, fruta e legumes espanhóis? E isto só para citar um pequeno exemplo. Lá que ele (Saramago) paga os seus impostos em Portugal, paga! A Ibéria nunca faria sentido do ponto de vista histórico, cultural e muito menos ideológico. Mas na prática, ou seja, economicamente, isso não acontece já?
Já é a segunda vez que não consigo colocar comentários no seu blog... O segundo sobre este tema perdeu-se nos infinitos da Internet. Vamos a ver se este agora fica.
IMF: Bem-vindo seja o Piano. E... sim, Lisboa sempre!
MR: Excelente comentário de uma óbvia leitora do mestre. E que nome tão bonito!
Caro Professor: Eis a efemeridade cibernética que comentávamos outro dia, a propósito da Pedra de Rosetta... Mas seria um extremo inconveniente escrevermo-nos na pedra... E enviá-la?
Meu Caro, Vamos tentar ver se fica o que escrevo desta feita.
Saramago pode dizer o que quiser e o meu bom Amigo pode inquirir também, mas note que em História o «não» e o «nunca» são realidades falíveis. Quem nos garante o que acontece daqui por 100 anos? Ou mesmo 50? Poderemos formar uma nova unidade política com aquilo que é hoje Espanha até agora desconhecida da mente e, por conseguinte, da imaginação humana! A UE pode ter-se desmembrado ou ter-se aglutinado ainda mais; a imensa e poderosa China pode ter imposto ao decadente Ocidente junções políticas inimagináveis nos dias de hoje.
Está a ver a falibilidade da nossa opinião de agora? Este inquérito só nos leva a manifestar desejos, nada mais! Desejos que o determinismo político desvanecem como o vento desfaz as construções de areia.
Há, contudo, uma certeza que eu tenho e todos nós podemos ter: cem anos não apagam traços fundamentais da Cultura Portuguesa! Portugal como hoje o conhecemos pode deixar de existir, mas a nossa Cultura vai subsistir por muitas, muitas centenas de anos... se nós quisermos e se soubermos passar aos nossos filhos a língua que usamos e os hábitos que temos. Cultura e Mentalidade são muito difíceis de destruir, eis porque, em cada um de nós, ainda reside uma réstia do último Berbere que viu pela última vez, com os olhos marejados de lágrimas, o Al Andaluz. E cá estamos nós, com os nossos hábitos e tradições, o nosso fado e as nossas guitarras, o nosso gosto pelo pequeno comércio, pelo regatear do preço das coisas, pela toponímia, pelo saber cortejar a beleza dos olhos negros das mulheres que se cruzam connosco na vida, a recordar, de outra forma, a Cultura Islâmica que por cá deixaram esses homens do deserto de além Mediterrâneo...
Como vê, são tão efémeras as suas perguntas tão cheias de boa vontade!...
concordo inteiramente. As Sondagens Cordianas têm habitualmente um tom leve e descomprometido, por vezes até humorístico e simplista - apesar da maior ou menor seriedade do tema. Entre o branco e o preto existe uma ampla paleta de cinzentos, correcto? Como o professor disse, "este inquérito só nos leva a manifestar desejos"... Mas são os desejos dos estimados leitores do Caderno de Corda... e é essa pulsação que me interessa tomar particularmente. De qualquer modo, imagino, pelo excelente comentário, que a sua resposta se situaria na opção "Culturalmente nunca nos integraremos, mas política e economicamente sim".
Um grande abraço, professor. As suas visitas são uma alegria para esta casa. Ligar-lhe-ei em breve. Não fui contactado ainda...
7 Comments:
eu acho que ele estava "ensandecido" quando assim disse...:))))
por isso....
lisboa. sempre.
:)))))))))
beijo.
Estaria também "ensandecido" quando escreveu o Evangelho, ou o Ensaio sobre a lucidez? As ideias não podem ser retiradas do seu contexto.
Seremos nós patriotas quando compramos, no mais vulgar hipermercado, fruta e legumes espanhóis? E isto só para citar um pequeno exemplo.
Lá que ele (Saramago) paga os seus impostos em Portugal, paga!
A Ibéria nunca faria sentido do ponto de vista histórico, cultural e muito menos ideológico. Mas na prática, ou seja, economicamente, isso não acontece já?
Uivemos disse o cão
Já é a segunda vez que não consigo colocar comentários no seu blog... O segundo sobre este tema perdeu-se nos infinitos da Internet.
Vamos a ver se este agora fica.
Ficou... Aleluia!
IMF: Bem-vindo seja o Piano. E... sim, Lisboa sempre!
MR: Excelente comentário de uma óbvia leitora do mestre. E que nome tão bonito!
Caro Professor: Eis a efemeridade cibernética que comentávamos outro dia, a propósito da Pedra de Rosetta... Mas seria um extremo inconveniente escrevermo-nos na pedra... E enviá-la?
:)
Beijinhos e um abraço fraterno
Meu Caro,
Vamos tentar ver se fica o que escrevo desta feita.
Saramago pode dizer o que quiser e o meu bom Amigo pode inquirir também, mas note que em História o «não» e o «nunca» são realidades falíveis. Quem nos garante o que acontece daqui por 100 anos? Ou mesmo 50?
Poderemos formar uma nova unidade política com aquilo que é hoje Espanha até agora desconhecida da mente e, por conseguinte, da imaginação humana! A UE pode ter-se desmembrado ou ter-se aglutinado ainda mais; a imensa e poderosa China pode ter imposto ao decadente Ocidente junções políticas inimagináveis nos dias de hoje.
Está a ver a falibilidade da nossa opinião de agora?
Este inquérito só nos leva a manifestar desejos, nada mais! Desejos que o determinismo político desvanecem como o vento desfaz as construções de areia.
Há, contudo, uma certeza que eu tenho e todos nós podemos ter: cem anos não apagam traços fundamentais da Cultura Portuguesa! Portugal como hoje o conhecemos pode deixar de existir, mas a nossa Cultura vai subsistir por muitas, muitas centenas de anos... se nós quisermos e se soubermos passar aos nossos filhos a língua que usamos e os hábitos que temos. Cultura e Mentalidade são muito difíceis de destruir, eis porque, em cada um de nós, ainda reside uma réstia do último Berbere que viu pela última vez, com os olhos marejados de lágrimas, o Al Andaluz. E cá estamos nós, com os nossos hábitos e tradições, o nosso fado e as nossas guitarras, o nosso gosto pelo pequeno comércio, pelo regatear do preço das coisas, pela toponímia, pelo saber cortejar a beleza dos olhos negros das mulheres que se cruzam connosco na vida, a recordar, de outra forma, a Cultura Islâmica que por cá deixaram esses homens do deserto de além Mediterrâneo...
Como vê, são tão efémeras as suas perguntas tão cheias de boa vontade!...
Caro Professor,
concordo inteiramente. As Sondagens Cordianas têm habitualmente um tom leve e descomprometido, por vezes até humorístico e simplista - apesar da maior ou menor seriedade do tema. Entre o branco e o preto existe uma ampla paleta de cinzentos, correcto? Como o professor disse, "este inquérito só nos leva a manifestar desejos"... Mas são os desejos dos estimados leitores do Caderno de Corda... e é essa pulsação que me interessa tomar particularmente. De qualquer modo, imagino, pelo excelente comentário, que a sua resposta se situaria na opção "Culturalmente nunca nos integraremos, mas política e economicamente sim".
Um grande abraço, professor. As suas visitas são uma alegria para esta casa. Ligar-lhe-ei em breve. Não fui contactado ainda...
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