quarta-feira, outubro 17, 2007

Resultados da Sondagem Cordiana VII: Saramago previu o nascimento de uma "união ibérica" entre Portugal e Espanha. Deveria, ou não, criar-se a Ibéria?

Em dez respostas possíveis à questão "(...) Deveria, ou não, criar-se a Ibéria?", da Sondagem Cordiana VII, prevista por José Saramago, os estimados leitores do Caderno de Corda optaram, no curto total de 22 votos registados, por seis hipóteses de réplica.
Do geral para o particular, verifica-se uma clara maioria desfavorável à criação da Ibéria (79%). De entre as três possibilidades negativas de resposta, destaca-se, com 10 votos (45%), a ideia de que nem com capital em Lisboa a constituição da Ibéria seria um projecto bem recebido pelos portugueses.
O cepticismo dos estimados leitores confirma-se novamente na subscrição das palavras do Presidente da República Cavaco Silva, quando este considerou publicamente a ideia como sendo "absurda” (cinco votos - 23%). No mesmo registo, dois votos (10%) em “Nunca! Nem os espanhóis querem ser espanhóis!” revelam, com sarcasmo q.b., a noção de que o condensado Portugal uno e indivisível é mais doce do que uma Espanha a espaços amarga e dividida.
Recorde-se que o Quinto Império foi uma forma de legitimar o movimento autonomista português, que conseguira o fim da União Ibérica...
Atestando a baixa taxa de participação nesta série das Sondagens Cordianas, a mais votada resposta afirmativa à questão soma apenas três votos (14%): "Sim. Não deixaríamos de falar nem escrever em português e, com 10 milhões de habitantes, teríamos tudo a ganhar." O pragmatismo e a audácia têm destas coisas... Poderia Portugal tornar-se assim, rapidamente, no Estado Ibérico mais representativo e desenvolvido?
Por fim, ex aequo (como eu gostava desta expressão latina, dita frequentemente no decorrer dos "Jogos Sem Fronteiras", da RTP...), duas respostas com apenas um voto (5%) cada. Se, por um lado, com alguma desilusão aparente, há quem creia que sim, que deve criar-se a Ibéria - dado que, tarde ou cedo, acabaremos por integrarmo-nos -, por outro lado, um voto em "Culturalmente nunca nos integraremos, mas política e economicamente sim" demonstra a cedência ao imperativo económico e a esperança depositada na cultura como principal massa de coesão social e de sedimentação da identidade dos povos.
Pela primeira vez revelo o meu voto: “Nunca! Nem os espanhóis querem ser espanhóis!” E não é que é mesmo verdade?

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