Luz Branca Cega
Eu quero estar lá,
onde a luz branca cega
e ergue cidades;
em local indefinido,
sem corpo,
tão amplo e tão esconso,
sólido e ténue, que só assim
sustenha a iniquidade erma
de uma palestiniana
e todas as coisas
que no cérebro encerramos
sem sabermos adormecer o universo.
Eu quero estar lá,
reflexo da luz branca
que extinguiu em cinzas,
num caixão selado,
o coração exausto do meu Irmão,
sem credenciais necessárias.
Quero estar na fronteira,
onde a luz branca cega
não permita distinguir
quem seja amigo
por não existir inimizade
e o caminho se faça
segredado por um ribeiro
sem que restem dúvidas
nem destino.
Quero estar lá,
banhado pela luz cega
que evolve continentes
para lá da compreensão;
na carreira das ondas
até à espuma da Lua,
maré de esperança a nado.
Quero estar nessa manhã de luz branca
sem entardecer
para regressar à condição
de matéria sem memória.
onde a luz branca cega
e ergue cidades;
em local indefinido,
sem corpo,
tão amplo e tão esconso,
sólido e ténue, que só assim
sustenha a iniquidade erma
de uma palestiniana
e todas as coisas
que no cérebro encerramos
sem sabermos adormecer o universo.
Eu quero estar lá,
reflexo da luz branca
que extinguiu em cinzas,
num caixão selado,
o coração exausto do meu Irmão,
sem credenciais necessárias.
Quero estar na fronteira,
onde a luz branca cega
não permita distinguir
quem seja amigo
por não existir inimizade
e o caminho se faça
segredado por um ribeiro
sem que restem dúvidas
nem destino.
Quero estar lá,
banhado pela luz cega
que evolve continentes
para lá da compreensão;
na carreira das ondas
até à espuma da Lua,
maré de esperança a nado.
Quero estar nessa manhã de luz branca
sem entardecer
para regressar à condição
de matéria sem memória.
Todos temos os nossos cães atropelados
e a pálida hora de negarmos quem somos
por não o sabermos nunca.
Quero estar lá, a memorar a morte,
para que a não confunda com a vida
e possa reconhecer as chaves do reino
em que me encontre e saiba ter renascido.
Quero estar lá, infinito,
numa viagem de luz e sangue
navegado pela ignorância de Colombo.
Cega e branca, a luz ofusca os magos
e deixa morrer o vinho na videira,
mas dá-nos asas no lugar de ombros
- macios como dorsos de corvos
engalanados em festim de família.
Quero estar na noite diurna do tempo
não sabendo em que fuso horário
deva converter sonhos de divindade,
numa praia em que casais nus de amantes
passeiem à beira-mar e sorriam.
Quero estar lá, sem corpos macios
nem ascendência polaca, nem luz branca,
a pairar sobre a consciência descalça,
como quem pede minutos ao despertador.
Não sei se agradeça pela luz branca cega.
O cálculo da razão planeia homicídios
e funda religiões atrás de vedações.
Quero estar lá para um último beijo
antes que nos reencontremos.
Eu hei-de estar lá.
e a pálida hora de negarmos quem somos
por não o sabermos nunca.
Quero estar lá, a memorar a morte,
para que a não confunda com a vida
e possa reconhecer as chaves do reino
em que me encontre e saiba ter renascido.
Quero estar lá, infinito,
numa viagem de luz e sangue
navegado pela ignorância de Colombo.
Cega e branca, a luz ofusca os magos
e deixa morrer o vinho na videira,
mas dá-nos asas no lugar de ombros
- macios como dorsos de corvos
engalanados em festim de família.
Quero estar na noite diurna do tempo
não sabendo em que fuso horário
deva converter sonhos de divindade,
numa praia em que casais nus de amantes
passeiem à beira-mar e sorriam.
Quero estar lá, sem corpos macios
nem ascendência polaca, nem luz branca,
a pairar sobre a consciência descalça,
como quem pede minutos ao despertador.
Não sei se agradeça pela luz branca cega.
O cálculo da razão planeia homicídios
e funda religiões atrás de vedações.
Quero estar lá para um último beijo
antes que nos reencontremos.
Eu hei-de estar lá.
Obrigado, Ray Manzarek (12 de Fevereiro de 1939 - 20 de Maio de 2013)
Etiquetas: Música, Poesia Cordiana
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