Sobre a Almofada dos Teus Ossos (parte 1)
Viste os anjos cair de alturas vertiginosas
E tu, como eles, sabias ser tão mais humano do que divino
- o próximo, tarde ou cedo.
De cada vez que olhas para o Sol
Procuras a razão de ser e, perfurante,
A visão, cega, queima a luz e tudo em redor,
Deixando-te caído numa Lua bêbeda e entorpecida,
Imprópria dos imortais.
Vamos, criança lunar que estás tão longe esta noite.
A porta já foi arrombada de par em par.
Como foi que tu te fizeste brisa volátil mas selvagem,
Flor de prata tão distante e capaz de florir a qualquer instante,
Em qualquer parte?
Crepúsculo e sombra, és o passageiro, a visão e a cicatriz,
As brasas do teu mistério, que afagam a incredulidade
no brilho refulgente deste próprio pesar
- dependurado no lábio superior da depressão,
Tal a febre pintada em recuo da mentira sem a dor,
Sem a chance do remorso.
E quando fosse apenas sim ou não,
E agora se tornasse demasiado cedo,
Convidavas-me para ver a Lua, mais uma vez,
Sob a cintilação azul dos mistérios ansiosos da inquietude.
Todo o coração deveria ter batida;
Toda a noite se embalaria no sonho;
Todo o rei deveria ter rainha
E todo o santo deveria ter pecado.
Somos a margem à mercê da maré
E poeira diamantina.
O metal enferruja e afoga-se, Ilha de Homem.
Estamos cercados por nós próprios.
Mas como?, se desde que nascemos até ao dia final,
Na escuridão da noite mais escura
E até sob o brilho solar da cegueira,
Dizias ser à luta sangrenta
Que não se viram costas,
Para chegares tão cansado de viver na linha da frente,
Mesmo sendo um príncipe e uma sombra.
Cada momento deixa-nos mais próximos de dizermos adeus para sempre.
És o inimigo de ti, o inimigo que tragicamente trazes contigo.
Porque não existe tal coisa como nada.
Sim, não há tal coisa como coisa nenhuma.
Mas tens o dedo no gatilho e prometeste desligar o mundo.
Durmo há duas noites sobre a almofada dos teus ossos.
Há duas noites sobre a almofada dos teus ossos.
E tu, como eles, sabias ser tão mais humano do que divino
- o próximo, tarde ou cedo.
De cada vez que olhas para o Sol
Procuras a razão de ser e, perfurante,
A visão, cega, queima a luz e tudo em redor,
Deixando-te caído numa Lua bêbeda e entorpecida,
Imprópria dos imortais.
Vamos, criança lunar que estás tão longe esta noite.
A porta já foi arrombada de par em par.
Como foi que tu te fizeste brisa volátil mas selvagem,
Flor de prata tão distante e capaz de florir a qualquer instante,
Em qualquer parte?
Crepúsculo e sombra, és o passageiro, a visão e a cicatriz,
As brasas do teu mistério, que afagam a incredulidade
no brilho refulgente deste próprio pesar
- dependurado no lábio superior da depressão,
Tal a febre pintada em recuo da mentira sem a dor,
Sem a chance do remorso.
E quando fosse apenas sim ou não,
E agora se tornasse demasiado cedo,
Convidavas-me para ver a Lua, mais uma vez,
Sob a cintilação azul dos mistérios ansiosos da inquietude.
Todo o coração deveria ter batida;
Toda a noite se embalaria no sonho;
Todo o rei deveria ter rainha
E todo o santo deveria ter pecado.
Somos a margem à mercê da maré
E poeira diamantina.
O metal enferruja e afoga-se, Ilha de Homem.
Estamos cercados por nós próprios.
Mas como?, se desde que nascemos até ao dia final,
Na escuridão da noite mais escura
E até sob o brilho solar da cegueira,
Dizias ser à luta sangrenta
Que não se viram costas,
Para chegares tão cansado de viver na linha da frente,
Mesmo sendo um príncipe e uma sombra.
Cada momento deixa-nos mais próximos de dizermos adeus para sempre.
És o inimigo de ti, o inimigo que tragicamente trazes contigo.
Porque não existe tal coisa como nada.
Sim, não há tal coisa como coisa nenhuma.
Mas tens o dedo no gatilho e prometeste desligar o mundo.
Durmo há duas noites sobre a almofada dos teus ossos.
Há duas noites sobre a almofada dos teus ossos.
Poema (primeira parte) escrito dois dias após a morte de
Chris Cornell (Seattle, 20 de Julho de 1964 - Detroit, 17 de Maio de 2017), a
quem dedico Amor.
Etiquetas: Música, Poesia Cordiana
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