sexta-feira, abril 22, 2005

23 - A. de C. -

Pego na batuta...
Comando o código das palavras para me sacramentar novamente.
Uma confissão hedionda...
Um banco, o coreto, um polícia distraído ao telemóvel, um casal de... italianos? Portugueses?
As vozes do outro lado do jardim, e o vagabundo de t-shirt vermelha, perdido na vida, na droga. A droga, a droga!
Estou vazio; suspiro de brando, solúvel vazio.
Coisa nascida, triste entre nada.
Um pássaro na mão, dois a voar!
Entre dois extremos é onde me vão encontrar.
Ninguém me pode suster, ninguém me pode ajudar!
Sinto a feição declinada, minha reflexão turva.
Estou frio como um vão de escada;
Sou expressão vaga; resvalava nas tuas curvas
e agora tenteio nada.
Estou preparado para nascer ou morrer.
Este estado não existe, e para onde for agora,
irei como pela primeira vez.
E o melhor será deixar-me morrer, ir,
nascer como nas primeiras vezes.
As palavras, deixo-as como papelinhos de rebuçados pelo caminho...
mas hei-de ser sempre eu a lá chegar pela primeira vez,
e só; desterrado e sozinho.
É por isso que deixo os papelinhos, os indícios,
para que toda a tristeza seja vencida e aprisionada nestas palavras.
E Eternamente! Em todas as primeiras vezes, em todos os princípios!
Agora, estou de novo triste pela primeira vez.

(Cp. Sant'Ana)

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