Diário de Bordo II - Terrorismo e Humanismo no mesmo dia
Na última semana tem-me sido difícil publicar numa base diária, como até aqui tenho feito. Por hoje pretendo apenas deixar duas notas. Uma - a primeira - é a indignação que partilho com, creio, todos aqueles que desejam viver em harmonia, a propósito dos incidentes ocorridos ontem em Londres. Uma vez que nada acrescentarei à blogosfera a respeito dos atentados bombistas da Al-Qaeda, até porque ontem fui até ao Porto de carro, tendo apenas sido informado do sucedido à chegada, já ao final do dia, convido o estimado leitor a deitar o olho na Rua da Judiaria, de Nuno Guerreiro, onde se encontra também a curiosíssima transcrição de uma entrevista realizada por Paulo Moura, jornalista do Público, a Omar Bakri Mohammed, um sheik que se autoproclamava “líder do Londonistão” e “Teórico da Al-Qaeda na Europa”. Na entrevista, publicada a 18 de Abril de 2004, Omar Bakri falava da “inevitabilidade” de grandes atentados terroristas em Londres, dos grupos que os preparavam, e do grande propósito apocalíptico destes fanáticos dementes, alienados doidivanas.
A segunda nota é dedicada ao senhor Pedro Lima, que tive o prazer de conhecer ontem. Foi o primeiro surfista português; primeiro português no Calypso, conhecida embarcação do comandante Jacques Cousteau, com quem privou e de quem recebeu o famoso barrete vermelho, que ainda hoje guarda; precursor da fotografia subaquática e co-fundador, juntamente com outros ilustres nomes, do Hot Club, como todos saberão, casa do jazz em português, por excelência. Dedicar-lhe-ia um naco saboroso de prosa, que escreveria por prazer, mas vou guardar a verbosidade para a compulsão inevitável do trabalho, inefável obrigatoriedade. O Pedro tem 74 anos mas um sorriso livre e adolescente de quem ama viver. Como terá dito Camus, a vida é um fenómeno absurdo. O Pedro retrospectivou comigo três quartos de século recheados. Marcámos encontro com a vida, ao fim da tempestade, a vogar à deriva, numa longínqua cidade de paz prometida. Mas cuidado em mar encrespado, que é frágil o pano que veste as velas do desengano que nos empurra em novo oceano. O estóico Pedro quis conhecer-se primeiro, vencer os seus medos e tornou-se melhor; envelhece bem, como poucos ou nenhum terei visto.
Etiquetas: Diário de Bordo, Prosas Cordianas, Quotidianos, Terrorismo, Viagens
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