Anamnésias 6
... e aos meus olhos, imagens fugazes das correrias, abraços e encontrões explodindo em gargalhadas nos transportes públicos. Eu e a forçosa cidade, exalando odores cinzentos que embaciam as fachadas e enegrecem a abóbada azul dos céus. Perfumes que me viciam, onde confluem interesses mundanos, e o sangue que me inunda o coração. Lisboa, cidade melodiosa de encantos ancestrais, vai perdendo a sua virgindade, levada sem carrego pela máquina invisível dos compromissos inadiáveis, dos relógios que ditam a lei do trabalho. Do desassossego, vidrado como fotografia na minha retina, amparo os cotovelos resignados na ombreira da janela, que é a minha.
n.b. - Numa frequência de Literatura Portuguesa, creio que no ano de 1999, a professora Maria Cavaco Silva lançava, no grupo II do exame, a seguinte questão: 1) Escreva um pequeno texto sobre Lisboa, à maneira de Cesário Verde.
Confesso ainda hoje ter de lê-lo com mais dedicação.
Etiquetas: Anamnésias, Literatura, Prosas Cordianas, Quotidianos
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