quarta-feira, novembro 09, 2005

"(...) Unidos ambos num amor grande como um mar sem praias (...)" (Cesário Verde)

Ao Caderno de Corda não interessa o individualismo opinativo, a recriação noticiosa, a política, os fait divers, o quotidiano esbatido e mastigado como pastilha elástica vezes sem conta, sem nutrir, enganando o estômago. Não interessa aquilo que já foi dito, a reposição da indignação dos outros nem a ruminagem desencontrada do primordial conhecimento: o de nós próprios. Que se escreva muito e bem, blogosfera fora, sobre factos noticiados de interesse público desde que haja algo que do autor parta, uma interpretação, por exemplo, conjuntural ou contextual que, sintonizada a uma exposição escorreita, elucidativa e lúcida, refresque luminosamente as catacumbas tenebrosas e escuras da memória perdida e criatividade empoeirada, adormecida num tombo a letra desenhada à mão, algures na nuca de um crânio. Talvez eu não tenha tempo para o fazer escrevendo... ou vontade, desacreditado da abstracção das massas, da passividade existencial do homem comum, de um alienismo psicadélico na espiral do sonho colectivo, difundido, televisionado e absorvido com avidez. Hoje não tenho, na verdade, vontade para escrever, e se qualquer motivo me ensombrasse, deixá-lo-ia só e silenciado, mas latente. Uma frase, no entanto, que lia ontem, sentado na sanita, não me saiu mais da memória. É de Cesário Verde. Lia-a n' "O livro de Cesário Verde":
"(...) Quando ao nascer da aurora, unidos ambos
Num amor grande como um mar sem praias (...)"
Cesário Verde
Poema: "Setentrional"

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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domingo, maio 21, 2006 11:02:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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sábado, julho 22, 2006 6:27:00 da tarde  

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