quarta-feira, março 27, 2024

19 anos de Caderno de Corda

O Caderno de Corda perfaz hoje 19 anos com vitalidade que há muito não se lia. A pedido de algumas famílias, O Jantar realiza-se apenas a 12 de Abril, como sempre no restaurante A Valenciana, evitando o período de férias da Páscoa. Como é sabido, o aniversário comemora-se de 26 para 27 de Março (data do aniversário do blogue), mas, pela quarta vez, será concretizado em data posterior, de modo a favorecer a comparência do maior número de confrades cordianos. Tragam um Amigo também e, por favor, confirmem a presença na página do evento no Facebook: 

'Té já.

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quinta-feira, julho 06, 2023

Anno XVIII - O Jantar da Maioridade

Uma corrida de fundo. Há 18 anos nenhum de nós imaginava que, um dia, estaríamos a celebrar o rito de passagem do Caderno de Corda para a vida adulta, especialmente com tamanha vivacidade e fulgor, à mesa, como inicialmente preconizado pelo Grão-Mestre Gustavo Silva, patrono d'O Jantar. Na vida sucedem-se ritos e ciclos, celebrações e reflexões sobre alegrias, conquistas e desafios, mas também sobre fracassos, infortúnios e desventuras, as quais não há como enjeitar, procurando-se seguir mais forte e sábio. No entanto, aqui, e por ocasião d’O Jantar, temos refletido, vivido e cultivado sempre alegrias, e fazemos por que perdurem.

O primeiro melhor amigo, a queda dos dentes de leite, o primeiro dia de escola são marcos da infância, alguns dos quais partilhamos entre nós em memórias ainda vívidas, porque pungentes e sentidas. Na adolescência surge a ebulição hormonal, a rebeldia, a contestação aos valores social e familiarmente estabelecidos, mas também o primeiro amor, o primeiro beijo. Ainda assim, é, diz-se, a maioridade que representa a transição das transições, com a entrada, por vezes forçada e prematura, na vida adulta.

Na idade adulta, ou idade da razão, são incrementadas, mais sérias e mais definitivas as responsabilidades, assim como as consequências das escolhas tomadas. Na maturidade, os sonhos tornam-se mais prementes e as opções mais dificilmente reversíveis. A Liberdade de quem dispõe de autonomia não se dissocia da responsabilidade pelo uso dessa mesma Liberdade. Tal consciência, dotada de sabedoria, excede em muito o cumprimento de deveres e obrigações, instigando os livres e autodeterminados a arpoar sonhos e a perseguir novas aventuras e possibilidades de descoberta, em particular de si mesmos.

O autoconhecimento, que nos conduz a tomar um lugar próprio no mundo – ou a sermos, nós próprios, um lugar -, beneficia do uso de saudável disciplina, mas não necessariamente de disciplina formal, mecânica, proficiente. Há, a montante, uma disciplina ontológica, se me permitem, que se traduz em persistente resiliência e inabalável crença. O mantra: "Não desistir." E assim se cumpriu, ao Anno XVIII, O Jantar; e assim Vos escrevo de maturidade, não ousando dar lições de tal coisa a um cão de companhia.

O Caderno de Corda e o livro-eucalipto

Em boa verdade, a maturidade a que aludimos não será, na sua génese e em teoria, relativa a uma pessoa, mas a um blogue que cumpriu 18 anos e que, de há muito a esta parte, tem n'O Jantar anual de comemoração, que serve de pretexto a muito mais do que apenas recordar escritos que nele se publicam, o seu momento alto. Tal deve-se, nos últimos anos, à concentração de esforços deste que humildemente Vos escreve na produção de uma obra literária que venha a ser digna desse nome - um romance com laivos de distopia política como sempre quis escrever e que, sendo uma empreitada quixotesca e de grande fôlego, absorve as horas livres de criação, qual eucalipto, secando qualquer outra veleidade criativa ou artística. Eis a razão (ou megalomania) primordial (e ciclópica) por que o Caderno de Corda não tem publicado mais poesia, prosa ou canções originais. Mas, se apontarmos ao Sol, talvez caiamos na Lua.

Novamente, a maturidade adverte-nos para que não se levantem véus prematuramente, muito menos de obra inacabada. Ainda assim, em perspectiva, pareceu-me apropriado utilizar uma impressão do referido trabalho em curso (à data, cerca de 120 mil caracteres em 250 páginas A4, Times New Roman, tamanho 12) para, através da consignação de folhas escolhidas por número de página, munir os Confrades Cordianos de matéria a excisar para leitura de trechos escolhidos e posterior criação de um vídeo comemorativo, como tem sido apanágio do Caderno de Corda nas mais recentes edições d'O Jantar. Simplificando, o vídeo resulta da escolha aleatória e da reorganização de trechos extirpados de um epopeico romance distópico em moroso processo de composição, mais uma vez com recurso a um intrincado mecanismo numerológico de cálculo por página, a interpretação estética à luz da sequência de Fibonacci e a uma avançada técnica de pot-pourri. Cada Consoror e cada Confrade escolheu um número de página, um excerto e leu-o para a câmara.

Saiba-se que, quando Vos escrevi a quase totalidade desta crónica, o vídeo ainda não estava sequer idealizado. Aliás, exceptuando o presente parágrafo, tudo o resto foi escrito antes mesmo que todas as Consorores e todos os Confrades me remetessem os registos das suas leituras – aqueles de nós que não chegaram a gravar na noite d’O Jantar. O último desses registos chegou apenas há  algumas semanas. A título de curiosidade, escrevo-Vos todo este parágrafo, inserido a talho de foice após a conclusão do vídeo, num apartamento em Marselha, junto ao Vieux Port, epicentro dos tumultos que eclodiram por toda a França nos últimos dias, em resposta ao assassinato do jovem Nahel, em Paris, às mãos da polícia. Ouvem-se as explosões e sente-se, por vezes, o cheiro a queimado e a gás pimenta sobreposto à lavanda marselhesa, seguindo-se um ligeiro ardor nos olhos. Fechamos as janelas. Os meliantes, muitos deles imberbes adolescentes, correm rua acima e gritam "Gucci, Gucci", mostrando os óculos e as malas a saque... Adiante, o vídeo é, como verão, composto em quatro actos, ao som de Richard Wagner (prelúdio do primeiro acto da ópera “Lohengrin”), Dominic Muldowny (“The Ministry of Truth” e “Winston's Diary, the Dream”, do álbum “Nineteen Eighty-Four, The Music of Oceania”) e The Doors (“Riders on the Storm”, do álbum “L.A. Woman”). A escolha de “Riders on the Storm” não é, no entanto, minha, mas do Grão-Mestre César da Silveira, que, ao introduzir novos elementos e uma outra abordagem, acabou por modelar e dar o tom para o trecho final do vídeo. A quase totalidade das fotos é do Grão-Mestre Ricardo Pinto e as ilustrações foram gentil e preciosamente cedidas pelo Irmão Cordiano e Missionário da Arte e do Belo Nuno “Corado” Quaresma.

Quanto ao livro que, desejavelmente, concluirei no médio prazo, posso dizer que se destina a leitores de todos os quadrantes, presentes mas também - sei-o - futuros. Porque, como aqui se escrevia há um ano, «é certo ser este o nosso tempo; o tempo para livres habitarmos a sua substância». E nunca é tarde demais. Agora e sempre.

Anno XVIII - O Jantar

Portanto, alimentado de fraternidade, memória, sonho, futuro e frango assado, O Jantar reuniu 25 à mesa no dia 25 de Março, casando números, tal como, curiosamente, há um ano fomos 23 a 23 de Abril. Chegámos, no entanto, a ser 30 Confrades no total, contando com a habitual e preambular presença do clã Franchi-Costa (Leonor, Matilde, Rita e Rui Pedro) e, desta feita, também do “padrinho” Joaquim Barbosa (Quim), que não ficou para jantar. Registe-se que, ao décimo oitavo ano, este foi o terceiro jantar realizado em data discrepante da data tradicional de 26 de Março, véspera do aniversário propriamente dito (27 de Março), e o primeiro a antecipar-se à data.

Também antecipadamente, assim estava o Grão-Mestre João Trigo à porta dianteira, onde esperou com estóica brandura e fraternal compreensão. Uma buzinadela e um aceno à passagem, de carro; o estacionamento apressado no parque e, passo rápido, os primeiros abraços, nas traseiras do restaurante, a Hugo Dantas, André Nobre e André Paiva, que também já ali aguardavam. Atravessámos A Valenciana por dentro e juntámo-nos ao Trigo, heroicamente só na dianteira, para aquele abraço apertado, grato e reparador, penitente pela delonga. Dali fomos para a Sala Fronteira, que a espaços revelou-se demasiado quente, ruidosa e esconsa para o grupo, mas chegou à conta, satisfatoriamente.

Mesa posta em “U” e acepipes na távola, foram entrando os comensais. Rapidamente se formaram, grosso modo, duas alas: a cruz-quebradense/dafundense e a salesiana, ambas pontuadas aqui e ali por Consorores e Confrades Cordianos de outras paragens, e alguns até de outras e de ambas, como é o curioso caso de Nuno “Corado” Quaresma, Missionário da Arte e do Belo. “Sintonia sinérgica”, “convergência holística”, “identificação simbiótica”, “assimilação integrativa” e “coerência paradigmática” são todas expressões que, referindo-se a uma harmonia profunda, colaborativa e produtiva, fértil, descrevem o modo como o já nosso genial “Corado” corporiza um estado etéreo que flui alegre e fraternamente pelos jantares cordianos. «Obrigado Meu Irmão pelo carinho e por estes momentos mágicos de ligação com esta Rapaziada vibrante e cheia de boa energia. Que possamos brindar muitas vezes nestes e noutros momentos de Criatividade, Amor e Reencontro”, escreveu o Corado após O Jantar via chat.

Tivemos, mais uma vez, estreias sublimes que merecem palavras especiais, como as das Infantas Rafaela Tomás, Daniela Tomás e Nicole Araújo, que iluminaram a sala e os corações; do Confrade André Nobre, primaveril e imune ao frescor da aragem, desejoso por dias mais longos e luminosos, eternamente fascinado pela fulgência das ideias, e, por fim, da maravilhosa Consoror Ana Rangel, cuja alegria e o brilho no olhar alumiam candeias em olhos outros e tangem emoções francas. São lágrimas, senhor! De alegria, concórdia e afetos partilhados, entretecidos. Registe-se, como é práxis, que os estreantes selam com a sua inestimável presença a incorporação definitiva na Confraria Cordiana. Repita-se: uma vez da Confraria, sempre da Confraria.

Registamos também, como sói dizer-se nesta ocasião, notadas ausências (eles sabem quem são) e o fenómeno dos globetrotters que, espalhados pelo mundo nesta data, não puderam comparecer. Estamos gratos, no entanto, pelos que, against all odds, conseguiram estar e ser, um dos quais vindo de uma regata no Tejo e outro do Porto, para dar os exemplos cabais dos Irmãos Cordianos Quim e Piri, respectivamente. E já que estamos a mencionar ex-Doroteias (Externato do Parque) que se conhecem desde os três anos, note-se o desencontro, por pouco, do Quim e do Frederico Cruzeiro Costa (Fred), mas também do Sérgio Miguel Ribeiro (Miguel), que esteve a uma unha de se estrear, mas adoeceu e não pôde juntar-se ao quarteto do Externato do Parque, transitado em bloco para as Oficinas de São José no ciclo preparatório.

Como disse o Irmão Fred à Ana no correr d’O Jantar, somos corredores de fundo, e daí vem a expressão que enceta este texto. O meu querido Fred teve de sair um pouco mais cedo para cumprir compromissos. À despedida, nas traseiras do restaurante, onde eu e o Nobre fumávamos, tirou do bolso das calças um olho turco em vidro que trouxe para oferecer a este Vosso escriba, dizendo que me protegeria. Já falámos depois. No entanto, não lhe disse ainda que a Rosarinho adorou o olho turco e adoptou-o mal o viu, mas que, sem incúria dela, o olho se partiu alguns dias depois. Caiu no chão de mármore vitrificado, deslizando do dorso da chave do aparador de entrada onde ela cuidadosamente o pendurara. Chorou serenamente, interiorizando a perda e atribuindo-lhe significado. Recolhemos os estilhaços e depositámo-los no lixo. Ficou sensibilizada. E eu. Mas vim a saber mais tarde que, na cultura turca, se o olho se partir terá cumprido a função de proteger os seus portadores, sendo que o descarte respeitoso e correcto dos fragmentos prolonga a boa sorte e a protecção.

Protegidos estaríamos também na presença do Grão-Mestre e Grande Inspector Cuteleiro João Carlos Graça, que esteve num pacato frente-a-frente com um seu velho amigo, o Grão-Mestre Hugo Dantas, acérrimo arguidor de traquinagens, em particular daquelas executadas sobre a sua pessoa enquanto dormita (recorde-se a despedida de solteiro do Pinto). Pois desta feita o João guardou a despesa das travessuras da noite para o que Vos escreve: já A Valenciana estava de portas fechadas e nós todos na rua quando descobri ter no capuz alguma pequena cutelaria e o naipe completo de manteigas, patés e queijos-creme que havia no restaurante, alguns encetados, já meio comidos. Mas foram os garfos nos bolsos traseiros das calças que, durante o jantar, ao sentar-me, agudamente me alertaram e indiciaram o mais que provável autor de tão bicuda e, simultaneamente, substanciosa tropelia. Não havia dúvidas: também a zombaria do couvert tinha a inconfundível assinatura do Grande Inspector Cuteleiro.

Com o João esteve em peso a fraternidade da geração Y da Loja Cruz Quebrada: João Carlos, André Paiva, André Nobre e Bruno Sardo. Para representar integralmente a estreita irmandade faltaram apenas o Grão-Mestre Bruno Tomás e o ainda candidato a confrade Miguel Lopes (Miko). Ambos confirmaram a presença, mas, crê-se que por motivos relacionados com distúrbios gastrointestinais, não puderam comparecer, lamentavelmente indispostos. Sentimos as suas ausências. Não deixamos, nesta linha, de registar duplas épicas que se reintegram n’O Jantar como se o tempo por elas não passasse: João Trigo e Dino; Pedro “Piri” Farinha e Miguel Guerreiro Pereira; Gustavo “KJ” Silva e César “Kaiser” da Silveira; Ricardo Tomás e Ricardo Pinto e múltiplas outras duplas de sonho e eternidade conjugáveis e intermutáveis, como Corado e Jacinto, sendo que apenas o Corado compareceu este ano, apesar da ausência do seu Irmão. Fazendo uso de ideias recorrentes nesta ocasião, e constatando que este foi O Jantar mais concorrido de sempre, verificamos mais uma vez que a Amizade que nos une é exponencial e contagiante, e as nossas vidas seriam menos do que outras sem do outro a nossa parte.

Menos do que outra sem a Grã-Dama Rute Ferreira e, claro, o Grão-Mestre e Venerável Cavaleiro Cordal Ricardo Tomás, que nos deu o privilégio de conduzi-la até nós e que será, quiçá, fonte de inspiração retroalimentada da sua própria musa. Foram dois os quadros de autor, predominantemente azuis, mas tão terrenos quanto celestes, magníficos, que a Rute trouxe propositadamente para ofertar à grata família do Vosso fiel escrevente. 

Menos do que outra sem o Grão-Mestre Cordiano, Visconde do Reino de Maconge, Magnífico Provedor do Tesouro e Supremo Jurisconsulto César da Silveira, que veio directo de dilecta almoçarada de convivas do Reino de Maconge – um dia literalmente em cheio.

Menos do que outra sem o Grão-Mestre e Perene Patrono Cordiano Gustavo Silva, que chegou mais tarde, cansado, de olhos a meia-haste, fazendo lembrar os olhos de madrugada a jogar Premier Manager na Calçada de Santo António, mas com a resiliência de sempre, apesar das cansativas tiradas Lisboa-Porto. Saiu mais cedo, mas esteve bem presente.

Menos do que outra sem o Grão-Mestre, Guardião do Tombo e Venerável Cavaleiro Prismático Ricardo Pinto, cuja óptica regista proverbial e devotamente O Jantar, e cujo coração alumia e colora a noite escura. As fotos são quase sempre dele, mas o Caderno de Corda e O Jantar são dele como meus, nossos.

Menos do que outra, por fim, sem o Grão-Mestre e Venerável Cavaleiro Congénito Ricardo Girão, à cabeceira oposta deste que Vos escreve, ambos comunicantes pelo simples olhar e por feixes etéreos de sinusoidais psiónicas no fino ar. Girão, o último dos moicanos a resistir à noite, depois de debandado o derradeiro grupo de obstinados Confrades Cordianos, entre os quais se incluíam Piri, Pereira, Dantas e Corado. No final dos finais, após várias voltas e pit stops em Benfica, a dupla Hugo-Girão encontrou finalmente uma roulotte em Sete Rios… Uma garrafa de água! O nosso reino por uma garrafa de água! E uma Coca-Cola. E uma imperial.

Prosaica, a imparável tendência inflacionária do preço d’O Jantar, a estória da negociação do banquete, que afinal se revelava mais vantajoso do que o consumo à carta, como acabou por acontecer, levando a turma dos digestivos a chegar-se à frente, e a civilizada discussão sobre as contas com a gerência. Concluiu-se que, afinal, teria sido melhor ficarmos pelo preço fixo do banquete. Os amores da minha vida irão ao Jantar quando a Rosarinho se sentar à mesa e comer tudo sozinha, autonomamente, com ambos os talheres… Registe-se finalmente que o Vosso fiel escriba chegou a casa perto das sete da manhã, silencioso mas com mundos ululantes no pensamento.

Este blogue é e continuará a ser o meu fiel depositório criativo.

Em 2024, no mesmo sítio, previsivelmente em Março.

ASSIM foi. Assim seja.

Links para posts análogos dos aniversários anteriores:

Legenda aleatória: Hugo Dantas, Bruno Sardo, Hugo Simões, Ricardo Pinto, Sofia Damião, Beatriz Damião Pinto, Ricardo Girão, César da Silveira, Nuno “Corado” Quaresma, Miguel Pereira, Pedro Farinha, Nuno “Dino” Rodrigues, Ana Rangel, João Trigo, Sara Matos, João Graça e André Paiva. Os comensais Gustavo Silva, Frederico Costa, Rafaela Tomás, Daniela Tomás, Nicole Araújo, Ricardo Tomás, Rute Ferreira e André Nobre já se haviam ausentado à hora da foto de grupo ou não se encontravam naquele momento na sala. O Clã Franchi-Costa veio, como é já tradição, para nos dar o prazer da sua companhia antes e ao início d'O Jantar, tal como, desta vez, o Joaquim Barbosa. Um especial Abraço aos Confrades e às Consorores que não puderam marcar presença, mas que estiveram no nosso pensamento. E uma foto nocturna. de bónus: 
n.b. - As fotos d'O Jantar estarão também disponíveis brevemente na página de Facebook do Caderno de Corda.

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segunda-feira, março 27, 2023

18 anos de Caderno de Corda

O Caderno de Corda perfaz hoje 18 anos. O Jantar da maioridade realizou-se anteontem, a 25 de março, como sempre no restaurante A Valenciana. Contámo-nos 30 confrades cordianos no total, mas "apenas" 25 comensais à mesa para um repasto cuja adjectivação diminuiria o sentimento de privilégio por dele sermos parte e pretexto. 
Sendo a nossa matriz primariamente qualitativa, importa dizer que o Caderno de Corda entrará agora em modo de processamento da noite de ontem e que, em prazo indefinido, desejavelmente breve, publicará aqui o registo anual d'O Jantar. Mas foi maravilhoso! 

'Té já. 

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quarta-feira, maio 11, 2022

Anno XVII – O Jantar

Há um desígnio intraduzível que nos move e que nos une. Há uma Verdade antiga e simples que todos trazemos a pulsar no peito, aprisionada na garganta e no estômago; nos dentes e no sangue, pela qual nos reconhecemos. São os nossos olhos de crianças que se vêem puros, contendo ainda a reminiscência feliz de todos os sonhos do mundo. Está já ali, adiante, ao virar da esquina, a confirmação indomável, primeva e fatal de tal desígnio, tecido pela memória e encimado por um prolongado e amorável abraço de recreio que nos prendeu para sempre. As nossas vidas seriam menos do que outras sem do outro a nossa parte. Somos Irmãos e sabemo-lo. 

Em 2022 o XVII Jantar Cordiano aconteceu na antecâmara da celebração de Abril, realizando-se um dia após a libertação legalista do grilhão icónico e paradigmático da pandemia – a máscara – e na antevéspera da comemoração da madrugada mais clara; da alvorada da Liberdade. Este foi justamente cognominado “O Jantar da Libertação” – libertação simbólica de máscaras e recuperação plena do direito de reunião em convergência de afectos, memórias e destinos, cujas rotas, enlaçadas, traçam o mapa partilhado da nossa própria existência. Tal como em Abril de 1974 muitos detinham a convicção de que tudo era possível, é certo ser este o nosso tempo; o tempo para livres habitarmos a sua substância.

Ao décimo sétimo ano, conta-se o terceiro jantar realizado em data posterior à data tradicional de 26 de Março, véspera do aniversário propriamente dito (27 de Março). Motivo: a mãe de todas as mudanças de casa no mesmo período, e já foram muitas. Há dois anos, aquando do primeiro adiamento sob o jugo da pandemia, escrevia-se aqui que O Jantar se realizaria “com estímulo e intensidade redobrados”. No ano seguinte – há um ano, portanto -, e mantendo-se a vigência do cativeiro pandémico, elevou-se ao quadrado a tenção. Verificamos, pois, que exponencial e contagiosa é a Amizade – veja-se pelas estreias dos tão estimados Confrades Cordianos Joaquim Barbosa (Quim), Pedro “Piri” Farinha e José Moreno (Zé). Uma vez da Confraria, sempre da Confraria. Mas lembremos Pessoa: “Não o prazer, não a glória, não o poder: a Liberdade, unicamente a Liberdade.” Cravos!, cravos para todos!

O Caderno de Corda não vergou e em 2022 fomos 23 à mesa no dia 23, um número bom e oportuno. Numerologia e cabalística à parte, o simbolismo dos cravos dispensa explicações, mas exige que se atribua ao Grão-Mestre Cordiano César da Silveira, Visconde do Reino de Maconge, a ideia. Também por sua sugestão, O Jantar foi iniciado mais cedo do que vinha sendo costume, por volta das 17 horas, configurando um lanche ajantarado, espécie de high tea que redundou num jantar tradicional. Em boa verdade, o Irmão César da Silveira havia sugerido que o dia fosse dedicado quase por inteiro à comunhão cordiana, iniciando-se ao almoço e prolongando-se pelo jantar e noite dentro. Tão ambicioso fito exigiria, no entanto, esforços supletivos, nomeadamente negociais e logísticos, que não puderam ser satisfeitos nesta jornada. Não obstante, a concepção do insigne macongino estará, apesar do ousado intento, em cima da mesa em cogitações futuras.  

Cogitante estava, à chegada à Valenciana, o Maestro António Victorino d’Almeida, a ler um livro… À porta, pontual e espartano, o Grão-Mestre César da Silveira aguardava. Chegou então, segundos antes deste que Vos escreve, o Comendador da Liberdade Miguel Leão Miranda. Éramos três e, em pouco tempo, uma dezena. Saíam empíricas e entravam Confrades a bom ritmo até que nos constituímos indomáveis 23, por momentos 27, abençoados pela tradicional visita (fugaz!) do clã Franchi-Costa, que este ano não se deu à chapa – leia-se “à lente” do Irmão, Grão-Mestre e Guardião do Tombo Ricardo Pinto, que proverbialmente assume as despesas do registo fotográfico do evento e assegura a operação logística inerente. Assinale-se também a criação à mesa, no prosaico verso da ementa, do logograma do XVII Anno Cordiano pela mão de Nuno Quaresma, Missionário da Arte e do Belo, apesar do militante ateísmo optimista. Registamos também, como sempre, notadas ausências, desejados regressos e estreias sublimes como a da Infanta Beatriz Damião Pinto, Guardiã da Felicidade e da Alegria. O futuro é nosso.

Entre as estreias seniores notabiliza-se um Abraço de intensidade cósmica, há muito adiado, que marca o reencontro com o querido e eterno Irmão Quim, que se encontra a preparar o regresso da Polónia a Portugal – o reencontro com parte tão significativa, profunda e primacial de mim próprio. Já o mui querido “old chap” Piri, após anos de conquista por essa Europa fora, radicou-se finalmente no País, mas no Porto. Ainda assim, veio do Canadá de véspera e não falhou. Quim e Piri, dois verdadeiros globetrotters, dois brilhantes e queridos Amigos desde os três anos de idade. A distância nunca será bastante para nos apartar. Last but not least, o reencontro com o também mui querido Zé Moreno, cujo debute reforça sobremaneira a Fraternidade Cordiana. As décadas parecem contrair-se ao vê-lo e diluir-se assim que nos abraçamos de novo. Esta tríade de seniores selou com a sua inestimável presença a incorporação definitiva na Confraria Cordiana. Repita-se: uma vez da Confraria, sempre da Confraria.

Lunares, após O Jantar e de novo ao desafio do Grão-Mestre César da Silveira, seis resistentes levaram a noite cordiana a pé, da Valenciana ao Príncipe Real, onde o César se quedou por força de um almoço familiar no dia seguinte. Os restantes cinco - Girão, Hugo, Sardo, Jacinto e Corado - seguiram para o Bairro Alto e desaguaram perto das seis da matina em Santos, na Merendeira. Pão com chouriço e caldo verde para forrar o estômago e aconchegar o espírito. Eram sete da manhã quando este Vosso escriba chegou a casa, depois de atravessar a lezíria com o Sol à direita, a romper o horizonte, e o coração cheio, lamentando apenas não estar mais tempo com todos e cada um. Subsiste, mais uma vez, a ideia de que o Caderno de Corda não desiste porque a Amizade não desiste; nós não desistimos. O Caderno de Corda não vergou. Enquanto houver estrada para andar.

Não se conclui o post sem antes explicar a opção pela publicação das fotos em formato de vídeo, uma vez que o Blogspot (Blogger) não possui em backoffice um widget que permita publicar, por exemplo, uma galeria de fotos, pelo menos que se conheça. Tal poderá dever-se, em parte, ao facto de que o Caderno de Corda nunca cedeu à actualização de templates, uma vez que perderia todas as suas formatações originais em HTML autodidacta, o que também acabou por conduzir o blogue a um beco escuro e fundo da Internet que o Google abandonou e esqueceu. As fotos serão ainda posteriormente publicadas na página do Caderno de Corda na rede social Facebook. A delonga na publicação deve-se, por sua vez, ao facto de ter estado adoentado na semana seguinte, ao trabalho e, agora, ao Covid. Sim, fui diagnosticado positivo pela primeira vez. Embora o texto tivesse sido escrito logo após O Jantar, o vídeo tomou mais tempo do que o desejado.

Uma palavra final de especial apreço e gratidão para o Irmão e Grão-Mestre Ricardo Tomás, que, uma semana após O Jantar, sabendo da instalação de Internet deficiente e deficitária no quartel-general cordiano, viajou de imediato da Margem Sul para Almeirim e não apenas resolveu o problema, como otimizou todo o serviço. É graças a ele que os posts comemorativos do XVII Aniversário Cordiano finalmente Vos chegam pelo éter como se dançassem.

 

Este blogue é e continuará a ser o meu fiel depositório criativo. 

 

Em 2023, no mesmo sítio, previsivelmente em Março.

 

ASSIM foi. Assim seja.

 

Links para posts análogos dos aniversários anteriores:

Anno I - O Jantar

Anno II - O Jantar

Anno III - O Jantar

Anno IV - O Jantar

Anno V - O Jantar

Anno VI

Anno VII

Anno VIII - O Jantar (ou O Regresso)

Anno IX - O Jantar

Anno X - O Jantar

Anno XI - O Jantar

Anno XII - O Jantar

Anno XIII - O Jantar

Anno XIV - O Jantar

Anno XV

Anno XVI


Legenda aleatória: Rui Pina, João Barroso, Bruno Sardo, Miguel Leão Miranda, Ricardo Girão, Pedro “Piri” Farinha, Carlos Nunes, José Moreno, Nuno “Corado” Quaresma, João Trigo, Rui Jacinto, Rute Gil, Ricardo Tomás, Bruno Tomás, Rute Ferreira, Miguel Pereira, Beatriz Pinto, Joaquim Barbosa, Sofia Damião, Hugo Simões, Ricardo Pinto, César da Silveira e Carolina Pinto. O Clã Franchi-Costa veio, como é já tradição, para nos dar o prazer da sua companhia antes e ao início d'O Jantar. Um especial Abraço aos Confrades e às Consorores que, pela iniquidade da Vida, não puderam marcar presença, mas que estiveram no nosso pensamento.

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sábado, março 27, 2021

Hoje estaríamos a publicar a crónica d'O Jantar

quinta-feira, março 25, 2021

Cabeçalho recuperado

O Caderno de Corda presta um empenhado agradecimento ao mago informático André Alçada Padez, velho Amigo desta casa, pela impagável e tenaz paciência com que ressuscitou o cabeçalho deste blogue, recorrendo, claro, à sua singular sapiência computacional. Salvé, Andrey!

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segunda-feira, março 15, 2021

Recuperação do cabeçalho em curso

Dirige-se este post aos estimados leitores que, chegados ao Caderno de Corda, possam questionar a ausência prolongada do respectivo cabeçalho dinâmico, em formato SWF (Shockwave Flash). O indesejado rectângulo branco à cabeça deve-se, portanto, ao fim da era do suporte Adobe Flash Player, pelo que a equipa de técnicos do Caderno de Corda já se encontra a trabalhar numa solução que compreenderá diversos outros formatos de vídeo e preverá o correcto funcionamento em diversos dispositivos e sistemas operativos. 

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quarta-feira, abril 10, 2019

Anno XIV - O Jantar


Pela segunda vez nos 14 anos de existência do Caderno de Corda, O Jantar anual realizou-se em data posterior à data da celebração do aniversário do blogue (27 de Março), uma vez que este vosso fiel escriba tinha viagem marcada para estadia de uma semana em Fez, Marrocos – viagem que não se concretizou por medida profiláctica, tendo em conta um súbito estado febril da minha Rosarinho. Assim, foi definido inicialmente o dia 1 de Abril, de imediato alterado para dia 2 de Abril para que o Grão-Mestre Cordiano Ricardo Pinto pudesse estar presente, na companhia da querida Mestre Sofia Damião.
Como sempre no restaurante A Valenciana e dedicado aos indefectíveis Irmãos cordianos e estimados leitores, O Jantar viu introduzidas algumas novidades nesta edição, sendo certo que quase todas se consubstanciam no vídeo que enceta o presente post e que introduz o novel poema “Quartus Decimus”. Aqui apresentado em estreia absoluta, “Quartus Decimus” resulta da escolha aleatória e da reorganização de versos extirpados do livro “Sétima-Feira” (2012).
Com recurso a um intrincado mecanismo numerológico de cálculo por página e linha, a interpretação estética à luz da sequência de Fibonacci e a uma avançada técnica de pot-pourri, “Quartus Decimus” é, em primeira análise, formado pelos estimados confrades d’ O Jantar. Cada qual escolheu um número de página, um número de linha e leu para a câmara o verso que lhe coube em sorte. Os maestros da composição são, no entanto, John Cage (Sonata I) e Iannis Xenakis (Pléiades). A câmara e parte significativa das fotos são do Grão-Mestre Ricardo Pinto. Bem vistas as coisas, não precisei de fazer nada. Fizeram tudo por mim.

Eis o poema:
Quartus Decimus
Último e primeiro por Saturno,
o Grande Chef tem a mesa posta pelos seus criados,
apóstolos, anjos, autores do mais fantástico romance.
A voz, ao nascer, caminha sobre um espelho partido.
Um puto de boné do Benfica chuta torto
e a bola aloja-se debaixo do banco.
Os pássaros cantam no escuro
e sou uma espécie de capricho,
uma epiderme granítica de seixos
que escondera outra cidade.
Posso convocar dos confins subterrâneos
os átomos das pessoas desaparecidas.
A erva-moura tem dons de terapia.
Esperança é coisa com penas que canta sem palavras;
montar uma tenda junto à praia
e deixar ir o carro em ponto morto, ir,
e de nada me valia saber no exacto instante.
Tu sabes que um sorriso falso nos esmorece.
Se eu morrer antes, sobrevive-me.
Talvez o fim seja um começo.
O dinheiro continua a ser papel. 

Além de notadas ausências – algumas das quais de última hora, como a do Grão-Mestre João Trigo -, sublinhe-se a do Grão-Mestre João Pimenta, que, este ano, apesar da permanência em Sines, quase teria marcado presença em virtude do expectável nascimento da sua terceira filha por estes dias, em Lisboa, mas tal acabou por não ser possível dada a fixação do dia do nascimento para momento posterior, tendo o Pimenta regressado a Sines à data d’ O Jantar. Podemos assim espalhar a feliz notícia em primeira mão do nascimento da doce Maria Francisca Pimenta, mas no dia 8 de Abril de 2019 ao meio-dia.
No capítulo das estreias, contámos pela primeira vez com a querida Inês Sampaio Soeiro e com o meu velho e talentosíssimo amigo "algarvio" Nuno “Corado” Quaresma, companheiro de aventuras incontáveis no final do século passado em Armação de Pera, reencontrado casualmente por intermédio do amigo comum e Intendente Cordiano Rui Jacinto. Uma vez da Confraria, sempre da Confraria. 
No final da noite juntou-se a nós o Mestre do Tabernáculo Rui Pina, saído de um dos muitos ensaios pós-laborais da sua agenda, ainda a tempo de devorar um prego bem passado. Os últimos cartuchos foram queimados no exterior, na companhia dos sublimes comendadores da Loja Cruz Quebrada – Ricardo Tomás, Rui Pina, Hugo Dantas e Ricardo Pinto.

Este blogue é e continuará a ser o meu fiel depositório criativo. 

Daqui a um ano, no mesmo sítio, à mesma hora.

ASSIM foi. Assim seja.

Legenda aleatória: Gustavo Silva, Ricardo Pinto, Hugo Simões, César da Silveira, Miguel Leão Miranda, Rui Jacinto, João Barroso, Simone Palma Mezzomo, Inês Sampaio Soeiro, Nuno Quaresma (Corado), Miguel Pereira, Ricardo Tomás, Hugo Dantas e Sofia Damião. A Rita Franchi, o Rui Pedro Costa e as suas queridas meninas vieram, como vem sendo habitual, para nos dar o prazer da sua companhia antes e ao início d' O Jantar. O Rui Pina chegou depois, ainda a tempo de desmanchar um prego.

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terça-feira, março 27, 2018

Anno XIII - O Jantar

Imagem gentilmente editada e cedida pelo Grão-Mestre Cordiano João Trigo, cujo número 4 é, nesta data, motivo memorável e de grande felicidade. Legenda aleatória: César da Silveira, Miguel Leão Miranda, João Barroso, Edgar Pombinho, Ricardo Girão, Mafalda Filipe, Ricardo Tomás, Rui Pina, Sara Matos, João Trigo, Bruno Oliveira, Gustavo Silva, Frederico Costa. A Rita Franchi, o Rui Pedro Costa (que não aparece neste quadro) e as suas queridas meninas vieram, como vem sendo habitual, para nos dar o prazer da sua companhia no pós-jantar.

Ao décimo terceiro anno de Caderno de Corda nada creio poder escrever que suplante o prévio ou que verdadeiramente acrescente ao que já debitei por esta data. Subsiste, no entanto, uma ideia - aliás, já antes também aventurada: que o Caderno de Corda não desiste; a Amizade não desiste; O Jantar não desiste. Nós não desistimos. 
E suspeito ser esse um dos efeitos mais marcantes do nosso encontro, enquanto, permitam-me, "houver estrada para andar". De facto, e isto é de relevar, ao invés de irmos perdendo gás com o passar dos anos, não esmorecemos; antes pelo contrário. Até o Caderno de Corda acelerou recentemente a frequência de publicação com alguns textos por que não crê passar vergonha. 
Pela minha parte, posso dizer-vos que chego sempre de coração cheio a casa, lamentando apenas não ter tido noites inteiras, consecutivas, em loop, deste 26 de Março para prolongar o nosso encontro a cada ano e estar mais tempo com todos e cada um. 
Obviamente convido, como sempre, os estimados leitores a visitar esta casa blogosférica, os arquivos, as canções caseiras e as não tão caseiras, e a forma inicial, espontânea, de muitos textos mais ou menos poéticos, alguns dos quais, polidos a posteriori, mais tarde redundaram em dois livros de poesia.
Em retrospectiva, e para aqueles cuja memória não abona ou que apenas recentemente tomam contacto com este blogue, O Jantar começou pela caixa de comentários de um post de título "Anno I - Exortação aos estimados leitores", publicado precisamente AQUI, que assim rezava (note-se que naquele tempo não havia Facebook): 
"O Caderno de Corda está, não tarda, a celebrar o primeiro ano de vida de publicação ininterrupta. Para a data (27 de Março), nada está previsto ser feito até ao momento. Serve este post para solicitar aos estimados leitores - assíduos e ocasionais - a participação, sugerindo, por exemplo, o que, nesse dia, gostariam de ver publicado, sendo certo que tudo é possível, desde que imaginável. Aceitam-se sugestões e até textos originais. Libertem-se e libertem também o Caderno de Corda do umbiguismo poético do Davi Reis, de que está refém. A caixa de comentários é toda vossa. Até à data referida não há impossíveis."
E na caixa de comentários respectiva lavraram-se 20 comentários, todos eles carinhosos e benfazejos, mas houve um que definiu em absoluto o que viria:
"Eu sugiro tudo o atrás sugerido... feito à mesa! Faz um jantar, abre as portas à mesa! Aquele Abraço 
Gustas 
domingo, março 19, 2006 1:35:00 da tarde"
O Kaiser não hesitou, levantou os 20 votos e assim foi. 

Este ano tivemos notadas ausências, mas também fantásticas estreias, entre as quais o Frederico Cruzeiro Costa, a querida Mafalda Filipe, o Edgar Pombinho e o Bruno Oliveira, todos amigos de longuíssima data. Como digo amiudadas vezes, uma vez da Confraria, sempre da Confraria.
Daqui em diante não mais teremos como fundo os azulejos verdes que caracterizavam de há muito as salas do restaurante A Valenciana, que entretanto foi totalmente remodelado, e fizeram-se progressos no que ao acerto de um preço fixo diz respeito. Já a especialidade dos rissóis ocos não fez adeptos entre os Comensais da Sala Marquês.
As ausências, como sempre, devidas a incontornáveis imprevistos de última hora, e outras, previstas, por motivos de força maior. É por isso que não dispenso a menção e Aquele Abraço ao meu Irmão Grão-Mestre Cordiano e fotógrafo oficial da Confraria Ricardo Pinto, que, apesar de ter uma festa de aniversário de que não podia nem queria perder pitada (uma festa que continuará a sobrepor-se ao Jantar nos anos vindouros), ainda telefonou na perspectiva de chegar tardiamente para o abraço, mas as portas já estavam fechadas e na rua estávamos apenas eu, o Ricardo Girão, a Mafalda, o Frederico Costa, o Ricardo Tomás e o Rui Pina a queimarmos os últimos cartuchos - cigarros e dedos de conversa. 
Também os Mestres Comensais João Pimenta, Carolina Pinto, Sofia Damião, João Carlos Graça, Bruno Tomás, Miguel Pereira, Hugo Dantas, Carlos Nunes e Nuno "Dino" Rodrigues foram lembrados, sendo que a permanência do João Pimenta em Sines e o horário de trabalho do Bruno Tomás impactam na trajectória do meu desejo de voltar a revê-los à mesa neste dia. Impactam na trajectória do meu desejo, leram bem.
A eles e aos Comensais Rui Almeida, Paulo Amaral, Bernardo "Moisés" Rodrigues, Patrícia Nicolau, Fernando e Joana, Jacinto e Simone, Bruno Sardo, André Paiva, Felipe Gomes (Félix), Vilma, Joana e Margarida, Rute, Paula, Aquele Abraço. 

A estes e a todos os futuros Comensais Cordianos. 

E repito (mais uma vez) a punch line de um post de há exactamente 12 anos, desta feita no primeiro ano abençoado pela presença da minha doce Rosarinho, Amor Maior, dirigindo um trecho retirado do poema "Setentrional", de Cesário Verde, aos amigos com quem jantei:

"(...) Quando ao nascer da aurora, unidos ambos
Num amor grande como um mar sem praias (...)"

Cesário Verde

Este blogue é e continuará a ser o meu fiel depositório criativo.

Como sempre nesta ocasião, o cabeçalho do Caderno de Corda encontra-se actualizado, podendo ler-se, no final da animação taylor made pelo realizador Tiago Pereira, Anno XIII.

Daqui a exactamente um ano, no mesmo sítio, à mesma hora.

ASSIM foi. Assim seja.

Links para posts análogos dos aniversários anteriores:

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segunda-feira, março 27, 2017

Anno XII - O Jantar

Legenda como sempre aleatória da foto: Ricardo Girão, Moisés, João Pimenta, João Trigo, César da Silveira, Miguel Leão Miranda, Nuno "Dino" Rodrigues, Fernando Cruz, Joana Guerra, Ricardo Pinto, Hugo Simões, Carolina Pinto, Sofia Damião, Rui Pina, Hugo Dantas, Rute Ferreira, Ricardo Tomás, Sara Matos e Carlota Amaral.  

E, ao décimo segundo anno de Caderno de Corda, quando quase toda a substancial prosa poética já foi antes deitada e servida à mesa cibernética por esta ocasião, chegamos àquele ponto em que o blogue deste vosso dedicado escriba parece já não precisar de enlear os leitores para que o seu jantar comemorativo se concretize com Vitalidade e entusiasmo sempre crescentes. Arriscaria dizer ser essa a gratificação suprema no que respeita à memória do seu verdadeiro e último fito.
Este estará por certo longe de ser o post comemorativo mais prolixo, mais inspirado, mais imediatista. Está, de facto, a ser escrito a contra-relógio na manhã de sexta-feira de dia 31 de Março de 2017, mais de quatro dias depois da realização do Jantar e do aniversário do Caderno de Corda, por absoluta necessidade e, por motivos pessoais e profissionais bem aventurados, por impossibilidade declarada de fazê-lo antes com dedicação que a ocasião merece.
Entre grandes volumes de trabalho que exigem entrega absoluta e a preparação de uma longa viagem para Quito, no Equador, dentro de cerca de um dia, aqui me encontro, dedicando-vos, queridos confrades cordianos, estas linhas e algumas considerações fundamentais para a memória futura do que vos escreve e do seu blogue.
Como os honorários e beneméritos comensais cordianos saberão, este blogue foi, durante largo período, depositório criativo regular; construção por vezes sôfrega, megalómana, por vezes suspirante, mas sempre incansável e confidente, de peito e braços abertos. Não obstante, com o tempo, a Vida 1.0 e o advento das redes sociais, o Caderno de Corda foi vendo reduzida, gradualmente, a periodicidade de publicação.

Escrevia-se aqui assim, há dois anos:

(...) quando o Caderno de Corda nasceu, não havia Facebook. Nós líamos mesmo os blogues uns dos outros, procurávamo-nos - a nós e aos outros - numa plataforma de linguagens mais íntimas e duradouras, por oposição à efemeridade e à aparência das redes sociais. Este ano (..) é prova de que a casa se constrói pelos alicerces, e só assim permanecerá e crescerá forte, apesar do temporal lá fora e da iniquidade de um mundo hostil por natureza."
Hoje tudo está melhor, mais sólido, mais forte, mais promissor do que há dois anos. No entanto, o Caderno de Corda não o exprime na forma e no conteúdo do que o caracteriza: a Música, a poesia, a prosa, a prosa poética e outros deleites criativos que exigem Vida e largas doses de ociosa e dedicada contemplação. O que aqui vem sendo prometido nos últimos anos não está a ser cumprido - que o Caderno de Corda voltaria em breve às grandes empreitadas poéticas e à publicação de novos e inéditos objectos criativos, ainda que etéreos. Mas a promessa não é vã - chegue a Vida a dar-nos tempo.

Ainda assim, como também se pode ler AQUI há dois anos, o que está contido nos arquivos pode oferecer longas horas de leitura aos mais entusiastas e curiosos:

(...) só um rato de arquivo (para não escrever "biblioteca", cujo termo seria blogosfericamente desadequado) com muito tempo vago e curiosidade felina poderia abarcar o volume e os conteúdos desta página desde o seu primeiro post. De facto, mesmo clicando na tag que reúne os posts relativos ao aniversário cordiano, e, por consequência, do Jantar, constata-se que, por definição do Blogger, a página inicial já não tem, de há algum tempo a esta parte, capacidade para conter, de uma assentada, todos os conteúdos relacionados, acabando os mais antigos por ficar excluídos, embora consultáveis apenas com recurso aos arquivos mensais. 
Convidando, pois, os estimados leitores a visitar esta casa blogosférica, passo em revista, de modo muito sintético, alguns eventos que marcaram O Jantar - Anno XII, nomeadamente a notada - e justificada - ausência de última hora do Patrono Gustavo Silva, o aparecimento fugaz da Rita Franchi e do Rui Pedro Costa (que não jantaram nem posaram para a foto) e a estreia absoluta do mítico Moisés, também conhecido pelos profanos como Bernardo Rodrigues.
Mais uma vez, foi notada uma conta final inflacionada (possivelmente também devido aos muitos Cartuxas e a hipotéticos digestivos), a que porei termo sob compromisso de que, para o ano, estabeleceremos um valor fixo previamente.
No final, a noite prolongou-se. Primeiro cá fora, com Dino, Girão, Pina e Moisés, e depois em minha casa, com os resistentes Girão e Moisés, sendo que este último só de cá saiu por volta das 19 horas do dia seguinte, por sinal com dedos em sangue vertido nas cordas das minhas guitarras e no papel higiénico em que escreveu uma doce nota de despedida, deixada na porta do frigorífico.
Pela segunda vez foi pedido à confraria cordiana que compusesse ela própria, a múltiplas mãos, um texto que comemorasse a ocasião e, de algum modo, dispensasse este vosso esforçado escriba de, ano após ano, chegar à superação e ao novo. Quando há um ano havíamos tentado recorrer ao método surrealista cadavre exquis, subvertendo o discurso literário convencional, "a confraria compôs um texto de tal modo progressista e simbólico, pleno de alçapões metafóricos, abstracções elevadas e alegorias finas, quase etéreas, que decidi apresentá-lo (...) traduzido e adaptado em inglês com base em cálculos numerológicos e na sequência de Fibonacci".
Este ano sucedeu algo semelhante, mas com a particularidade de que, imediatamente antes de ser entregue a folha e a caneta ao Primeiro Literato Irmão João Trigo, foi feito um anúncio feliz que modelou inadvertida e indelevelmente os conteúdos das proposições escritas dos estimados confrades. Tal não estava previsto e, na Verdade, seria algo preferencialmente mantido em sigilo neste imediato. No entanto, o Caderno de Corda não cerceia; liberta. Assim sendo, neste "Cordian Cadavre Exquis 2 (Vida 2.0)" que deve parte do nome ao Nuno "Dino" Rodrigues (Vida 2.0), a equipa de editores do Caderno de Corda optou por, desta feita, recorrer a uma técnica avançada de pot-pourri, razão por que não vou respeitar necessariamente a ordem pela qual as frases foram integralmente escritas, mas mantenho todo o conteúdo manuscrito, palavra a palavra, misturando ideias e procurando sentidos alternativos que preencham de ambiguação e dúvida o leitor páraquedista quanto ao seu significado original.

 Cordian Cadavre Exquis 2 (Vida 2.0)
Numa noite especial, reúnem-se os amigos para saber, só se assim quiseres, que há que pensar positivo e acima de tudo saber que a solidão não existe. Quando temos tão bons amigos, sempre perto e nunca longe, é de aproveitar que estamos vivos, com saúde, caso precisemos de algo, seja nos bons ou maus momentos. A vida que vivemos e a vida que está por vir, tudo é a nossa história, o passado e o devir. O importante é que se venha!, e que tudo nos leve à Vida 2.0 que tanto queremos que chegue! Tens a caminho a maior felicidade do mundo. Que venha do Sporting porque, do mesmo modo, o consenso sobre a necessidade de qualificação desafia a capacidade de equalização das direcções preferenciais no sentido do progresso para trazer mais este elo de suor, sangue e algum sémen! Ordem e progresso, "ipirangou" alguém! Foda-se, clamou outro! "Random", suspirou o Trigo. Olha, Hugo, tu vai pinar, tu pinas bem! É o que dizem por aí.  Parabéns! É o que se deve dizer. Estaremos todos aqui para ajudar, mas tenho pena, mudando de assunto, não ter entrado na foto de 2008 (fui eu que tirei, eheheh). Aos aniversários, casamentos e baptizados, obrigada pelo apoio mesmo distante, muita saúde e vai ser bué complicado mais um sobrinho! Espero que os reencontros sejam muitos e por bué tempo, no que for preciso, incluindo desencaminhar para o sítio certo. Grande orgulho ver o Simões juntar-se à equipa. Penalti ou não, o melhor remate da tua vida não foi ao poste... Agora a esperança de encontros menos esporádicos dos papás! Seguro que será um grande pai! Uma felicidade inexplicável, imensa, do fundo do coração. Aproveita meu Irmão! Estamos juntos. Viva o Benfica e penalti para o Porto.
(fotografia artística de pormenor da mesa do Jantar por Ricardo Girão e Moisés)

Regresso, novamente, a uma ideia já disposta em aniversários cordianos anteriores, mas que se mantém totalmente válida: 

"Enche-me o coração armar um pretexto que volte a reunir outros três ou quatro amigos de infância, de escola primária, e outros tantos amigos de rua cruz-quebradense, de escuteiros, de colégio, de banda, de turma, e todos juntos sermos o momento de que se não desiste. Foi verdadeiramente esse o motivo que me fez, com o impulso do Gustavo Silva, (...) abraçar este Jantar como a uma tabla contínua de passado, presente e futuro maciços e duráveis, que se consubstancia na nossa presença e que consegue, paradoxalmente, flexibilizar os contornos do tempo e do espaço em concavidades e convexidades que nos mantêm à tona de uma realidade que, como não me canso de escrever nesta ocasião, transcende em muito a liça cibernética, resgatando a tangibilidade dos afectos. Sim, este jantar é um feito de todos, muito além da celebração do aniversário do blogue, e eu só posso sentir-me honrado pelo privilégio de estar convosco anualmente, nesta data, de forma espontânea, livre e desejada mutuamente."
Todas as fotos (exceptuando uma) do Irmão Ricardo Pinto, também referido no Jantar como "Torre do Tombo"

Este blogue é e continuará a ser o meu fiel depositório criativo.

Como sempre nesta ocasião, o cabeçalho do Caderno de Corda encontra-se actualizado, podendo ler-se, no final da animação taylor made pelo realizador Tiago Bettencourt Pereira, Anno XII.

Daqui a exactamente um ano, no mesmo sítio, à mesma hora.

ASSIM foi. Assim seja.

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domingo, abril 03, 2016

Anno XI - O Jantar

Legenda aleatória da foto 1 (resultado do jogo Benfica vs Braga a 3-0): manas L. e M. Franchi Costa, Miguel Leão Miranda, Rita Franchi, Hugo Simões, Rui Pedro Costa, João Pimenta, Carlos Nunes, João Barroso, Miguel Pereira, Rui Pina e, last but not least, João Trigo.  
Legenda aleatória da foto 2 (após o jogo, com resultado final de 5-1): Carlos Nunes, Patrícia Nicolau, João Pimenta, Joana Guerra, Miguel Leão Miranda, Fernando Cruz, Miguel Pereira, Simone Palma Mezzomo, João Barroso, Rui Jacinto, João Trigo, Hugo Simões e Rui Pina.  

Este ano, décimo primeiro do Caderno de Corda, foi excepcionalmente alterada a data de realização do Jantar (26 de Março, sendo o aniversário a 27) devido à coincidência com a sexta-feira santa do calendário religioso - um feriado que alongou o fim-de-semana e que tornaria impossível a presença de muitos. Por sugestão, e após alguma discussão acerca da alteração da data, decidi remarcar o Jantar para o dia 1 de Abril - o poisson d'Avril, April's fools, pesce d'Aprile
No entanto, interpôs-se o calendário futebolístico e os seus imponderáveis, e o Benfica havia de estar destinado a defrontar - e cilindrar - o Braga neste dia. Em resultado disso, muitos dos que estariam certos no Jantar passaram antes o serão na Catedral, donde certamente também saíram com a barriguinha cheia e um sorriso nos lábios. Aos honorários e beneméritos comensais cordianos Gustavo Silva e César da Silveira, Aquele Abraço da Vitória. Ainda assim, também a Patrícia viu a Luz, e ainda veio a tempo de jantar na nossa companhia. Nota também para a primeira ausência do titular absoluto à mesa cordiana Ricardo Pinto, que teve compromissos de palco inadiáveis.
Ora, em jeito de analepse, o também nosso dia das mentiras parece ter tido origem, segundo consta, em França, depois de o rei Carlos IX ter adoptado, em 1564, o calendário gregoriano, determinando que o ano novo seria doravante comemorado a 1 de Janeiro. Recorde-se que, desde o início do século XVI, o ano novo era festejado a 25 de Março, data que apontava a chegada da Primavera. As festas duravam uma semana e terminavam a 1 de Abril... Sucede que alguns franceses resistiram à mudança adoptada pelo rei e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano se iniciava a 1 de Abril. Os trolls da época passaram então a ridicularizá-los, enviando presentes duvidosos e convites para festas que não existiam - plaisanteries, plaisanteries... Por isto, e porque já tive primeiros de Abril de boa memória, me pareceu uma data curiosa e apropriada para estabelecer a excepção à regra de um Jantar que o é, mas da Verdade. Concluo ainda que, porque a perfeição é inatingível, não mais, salvo circunstâncias verdadeiramente excepcionais, alterarei a data do Jantar, e seja o que a deidade quiser.
Devido a insuficiências técnicas, o restaurante A Valenciana não pôde, este ano, dar-nos condições para vermos o jogo numa sala para o efeito, pelo que tomei a iniciativa de levar o meu portátil. Assim, com recurso à rede wireless do restaurante, vimos o jogo em directo, o que redundou numa manifesta e gradual perda de entusiasmo da parte do muy prezado sportinguista João Trigo, à medida que o Benfica ia alavancando um resultado demolidor. 
Se, em boa Verdade, a noite seguiu alta para uma snookerada com os sobreviventes Pina, Carlos, Pimenta, Patrícia, Fernando, Joana, Jacinto e Simone no Snooker Club de Lisboa (Penya Barcelonista de Lisboa), mais alta esteve quando, após as quatro da matina, me despedi do Pina, por fim, novamente junto à Valenciana, na sequência de uma conversa de Vida e Verdade que se prolongaria naturalmente por muitas horas, não fosse o frio e a obrigatoriedade quotidiana de seguir caminho. 
Mas recuando ao Jantar, inolvidável é também a composição, pela primeira vez, de um texto escrito a múltiplas mãos pelos estimados comensais cordianos, com recurso ao método surrealista cadavre exquis, subvertendo o discurso literário convencional. Dito e feito, a confraria compôs um texto de tal modo progressista e simbólico, pleno de alçapões metafóricos, abstracções elevadas e alegorias finas, quase etéreas, que decidi apresentá-lo desde já traduzido e adaptado em inglês com base em cálculos numerológicos e na sequência de Fibonacci.

Cordian Cadavre Exquis 1

Friends like these, like stoning the pond
of today's communities,
in which we all represent a different facet,
with visions, opinions and influences.
They conquer us, envelop us, consume us,
such as a pungent and constant pain
that leaves me with a bloodied wicker
without ever regretting the pleasure
of, in your company, 
watching the Glorious one prevail.
With a little chicken on the goal
- and also in the tummy -
the return to a childhood,
the return to an unresting life 
of staring the tender eyes of friends,
sometimes distant,
bringing longing memories
and the yearning of remembering
the mega success of Günther 
and the Sunshine Girls
- you touch my trá-lá-lá.

Regresso, por fim, a uma ideia já disposta em aniversários cordianos anteriores, mas que se mantém totalmente válida: 

"Enche-me o coração armar um pretexto que volte a reunir outros três ou quatro amigos de infância, de escola primária, e outros tantos amigos de rua cruz-quebradense, de escuteiros, de colégio, de banda, de turma, e todos juntos sermos o momento de que se não desiste. Foi verdadeiramente esse o motivo que me fez, com o impulso do Gustavo Silva, (...) abraçar este Jantar como a uma tabla contínua de passado, presente e futuro maciços e duráveis, que se consubstancia na nossa presença e que consegue, paradoxalmente, flexibilizar os contornos do tempo e do espaço em concavidades e convexidades que nos mantêm à tona de uma realidade que, como não me canso de escrever nesta ocasião, transcende em muito a liça cibernética, resgatando a tangibilidade dos afectos.
Sim, este jantar é um feito de todos, muito além da celebração do aniversário do blogue, e eu só posso sentir-me honrado pelo privilégio de estar convosco anualmente, nesta data, de forma espontânea, livre e desejada mutuamente."
No próximo ano cordiano prometo alimentar a página com conteúdos inéditos e inauditos que neste momento se encontram na gaveta, mas por boas razões. Este blogue é e continuará a ser o meu fiel depositório criativo. 

Como sempre nesta ocasião, o cabeçalho do Caderno de Corda encontra-se actualizado, podendo ler-se, no final da animação taylor made pelo realizador Tiago Pereira, Anno XI.

Daqui a exactamente um ano, no mesmo sítio, à mesma hora.

ASSIM foi. Assim seja.

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sexta-feira, março 27, 2015

Anno X - O Jantar

Semi-aleatória, como sempre, eis a legenda identificativa dos comensais cordianos, queridos Amigos presentes n' O Jantar que, por feliz destino, marca o 10.º aniversário deste blogue: André Paiva, Bruno Sardo, Carolina Pinto, Ricardo Tomás, Sofia Damião, Ricardo Pinto, Nuno 'Dino' Rodrigues, Carlos Nunes, Miguel Pereira, César da Silveira, João Barroso, João Trigo, Miguel Leão Miranda, João Pimenta, Hugo Simões, Rita Franchi, manas L. e M. Franchi Costa e Rui Pedro Costa. Se há um ano tínhamos um 11 inicial disposto a comer a relva, este ano fomos 19 para estágio - equipa completa, portanto, capaz de sentar sete suplentes e tudo, como mandam as regras.

Palavras são parcas, como vem sendo hábito, para descrever o que sinto quando vos vejo chegar, um a um, com um sorriso de amizade genuína estampada no rosto e veemente nos gestos, nos Abraços, nas saudades. De tudo o que possa já ter escrito antes nesta data, eis que procuro um golpe de asa prolixo que transfigure o cansaço, a exaustão, em doçuras de alma que sempre me enternecem, levando-me a perseguir algumas palavras que se agigantem, fazendo-vos justiça. 
Recordo que, há dez anos, quando o Caderno de Corda nasceu, não havia Facebook. Nós líamos mesmo os blogues uns dos outros, procurávamo-nos - a nós e aos outros - numa plataforma de linguagens mais íntimas e duradouras, por oposição à efemeridade e à aparência das redes sociais. Este ano, que completa a primeira década de grande aventura cordiana, é prova de que a casa se constrói pelos alicerces, e só assim permanecerá e crescerá forte, apesar do temporal lá fora e da iniquidade de um mundo hostil por natureza. 
Depois de uma noite em branco a trabalhar, num período difícil e muito exigente, olho para trás e constato que só um rato de arquivo (para não escrever "biblioteca", cujo termo seria bloguisticamente desadequado) com muito tempo vago e curiosidade felina poderia abarcar o volume e os conteúdos contidos nesta página desde o seu primeiro post. De facto, mesmo clicando na tag que reúne os posts relativos ao aniversário cordiano, e, por consequência, ao Jantar, constata-se que, por definição do Blogger, a página inicial já não tem de há algum tempo a esta parte capacidade para conter, de uma assentada, todos os conteúdos relacionados, acabando os mais antigos por ficar excluídos, embora consultáveis apenas com recurso aos arquivos mensais. 
Com todos vós tenho uma ou várias histórias de vida marcantes, momentos partilhados de memórias inapagáveis e impagáveis. Melhor do que isso, apraz-me olhar, por exemplo, para o Dino, para o César e para o Trigo, e vê-los à conversa como poderia tê-los visto há mais de 20 anos. Enche-me o coração armar um pretexto que volte a reunir outros três ou quatro amigos de infância, de escola primária, e outros tantos amigos de rua cruz-quebradense, de escuteiros, de colégio, de banda, de turma, e todos juntos sermos o momento de que se não desiste. Foi verdadeiramente esse o motivo que me fez, com o impulso do Gustavo Silva, patrono original do Jantar, pela primeira vez ausente por motivos incontornáveis, abraçar este Jantar como a uma tabla contínua de passado, presente e futuro maciços e duráveis, que se consubstancia na nossa presença e que consegue, paradoxalmente, flexibilizar os contornos do tempo e do espaço em concavidades e convexidades que nos mantêm à tona de uma realidade que, como não me canso de escrever nesta ocasião, transcende em muito a liça cibernética, resgatando a tangibilidade dos afectos.
Sim, este jantar é um feito de todos, muito além da celebração do aniversário do blogue, e eu só posso sentir-me honrado pelo privilégio de estar convosco anualmente, nesta data, de forma espontânea, livre e desejada mutuamente.
Como já havia referido no ano passado, "quando O Jantar se realize numa sexta-feira ou num sábado, devem os estimados confrades prolongar a saída nocturna para um copo em ambiente aprazível, propício à conversação e à troca de ideias". Ora isto acontecerá precisamente para o ano que vem, sendo que O Jantar irá realizar-se a um sábado. Preparem-se, pois.  
Prometo ainda que, em 2016, entabularei contactos antecipados com o Restaurante A Valenciana de forma a que o preço do jantar seja desinflacionado, uma vez constatada novamente a imparável subida de preços. 
Este ano o patrono do jantar, Gustavo Silva, não pôde, pela primeira vez, comparecer, mas sentimo-lo em espírito, tal como outros comensais cordianos não presentes nesta "edição", como o Paulo Amaral, o Hugo Dantas, o Ricardo Girão, o Rui Pina, o João Carlos, o Bruno Tomás (e a Rute), o Felipe Gomes ou o Rui Almeida. 

Como sempre nesta ocasião, o cabeçalho do Caderno de Corda encontra-se agora actualizado, podendo ler-se, no final da animação taylor made pelo realizador Tiago Pereira, Anno X. 

Daqui a exactamente um ano, no mesmo sítio, à mesma hora.

ASSIM foi. Assim seja. 

















Todas as fotos são do Irmão Ricardo Pinto, que só aparece quando a foto, de grupo, é tirada por um/a funcionário/a do Restaurante A Valenciana. 

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