Anamnésias 10 - Tchuba na Tchubi Tchiu
Deslumbre. O céu deixou-se chorar e tomei banho à chuva - gel de banho e shampoo na Avenida principal. E os abutres - djugudé -, deviam dormir lá para os lados do porto, escondidos nalgum casebre ou contentor, mas seguramente na zona fluvial. Bissau abluída, de alegria, apesar de sombria, pé-de-vento, tempo triste, uva seca a duas estações. No coração da capital, gel de banho e shampoo, noite feita e alta, do tamanho de um sorriso de prata e de uma dádiva concreta. Bissau inocente, susceptível, exposta, abriga-se como pode e perdoa. Lembrei-me de quem deixei, de quem amo, admiro, de Lisboa... Bissau sucumbia e prostrava-se a um Iran sem filosofia que castiga sem perdão, ilícito. O Iran, maior que todos os homens, temível, não ouviria uma oração, empedernido. Como num curto Natal sem prendas, as gentes reservavam-se em casa durante as monções e as chuvas. Nós, embriagados, na Avenida principal da capital, sinceros, desobstruídos, livres, sem disfarces, tomámos, entre naturais, um banho ridículo de chuva, realidade e alegria sob a chuva que chove muito.
A Jorge Longa, Nelo Varela e Mário.
Etiquetas: Anamnésias, Prosas Cordianas, Viagens
2 Comments:
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