sexta-feira, janeiro 13, 2006

Photopoiesis 2 - Quixote viu Dulcineia bela

Veio a noite.
Os homens largaram as máscaras de bons actores,
adormeceram as crianças.
Esqueceram a vida que poderia ter sido,
beberam alegrias efémeras e esperanças,
omitindo os sonhos, escusando amores.
A vida que poderia ter sido mas não foi...
nem é.
Nalguns, vergonha de ser feliz.

Deitou-se a utopia,
sonolenta e trémula na noite escura e fria,
espreitando a água-furtada, à espera,
à espera, à espera
pela luz do dia.
Mas antes adormecia
como uma criança nascida
parida em asfixia.

E nem por isso os homens buscavam
algo que não existe nem existia
em parte alguma.
Um conforto que não se estende
na manta nocturna.
Eis a utopia,
nem esta noite
nem nenhuma,
ou não o seria.

Existe apenas aqui.
Sob uma forma escrita,
religiosamente se coisifica,
transformada poesia,
dos sentidos bebedeira,
sendo tudo pela noite
esgotado até ser dia.
Poesia: Ei-la minha vida verdadeira.
Utopia que agora é.

«E não me venham dizer que é fonética a poesia!»

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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»

sábado, julho 22, 2006 6:27:00 da tarde  

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