Anno XI - O Jantar
Legenda aleatória da foto 1 (resultado do jogo Benfica vs Braga a 3-0): manas L. e M. Franchi Costa, Miguel Leão Miranda, Rita Franchi, Hugo Simões, Rui Pedro Costa, João Pimenta, Carlos Nunes, João Barroso, Miguel Pereira, Rui Pina e, last but not least, João Trigo.
Legenda aleatória da foto 2 (após o jogo, com resultado final de 5-1): Carlos Nunes, Patrícia Nicolau, João Pimenta, Joana Guerra, Miguel Leão Miranda, Fernando Cruz, Miguel Pereira, Simone Palma Mezzomo, João Barroso, Rui Jacinto, João Trigo, Hugo Simões e Rui Pina.
Este ano, décimo primeiro do Caderno de Corda, foi excepcionalmente alterada a data de realização do Jantar (26 de Março, sendo o aniversário a 27) devido à coincidência com a sexta-feira santa do calendário religioso - um feriado que alongou o fim-de-semana e que tornaria impossível a presença de muitos. Por sugestão, e após alguma discussão acerca da alteração da data, decidi remarcar o Jantar para o dia 1 de Abril - o poisson d'Avril, April's fools, pesce d'Aprile.
No entanto, interpôs-se o calendário futebolístico e os seus imponderáveis, e o Benfica havia de estar destinado a defrontar - e cilindrar - o Braga neste dia. Em resultado disso, muitos dos que estariam certos no Jantar passaram antes o serão na Catedral, donde certamente também saíram com a barriguinha cheia e um sorriso nos lábios. Aos honorários e beneméritos comensais cordianos Gustavo Silva e César da Silveira, Aquele Abraço da Vitória. Ainda assim, também a Patrícia viu a Luz, e ainda veio a tempo de jantar na nossa companhia. Nota também para a primeira ausência do titular absoluto à mesa cordiana Ricardo Pinto, que teve compromissos de palco inadiáveis.
Ora, em jeito de analepse, o também nosso dia das mentiras parece ter tido origem, segundo consta, em França, depois de o rei Carlos IX ter adoptado, em 1564, o calendário gregoriano, determinando que o ano novo seria doravante comemorado a 1 de Janeiro. Recorde-se que, desde o início do século XVI, o ano novo era festejado a 25 de Março, data que apontava a chegada da Primavera. As festas duravam uma semana e terminavam a 1 de Abril... Sucede que alguns franceses resistiram à mudança adoptada pelo rei e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano se iniciava a 1 de Abril. Os trolls da época passaram então a ridicularizá-los, enviando presentes duvidosos e convites para festas que não existiam - plaisanteries, plaisanteries... Por isto, e porque já tive primeiros de Abril de boa memória, me pareceu uma data curiosa e apropriada para estabelecer a excepção à regra de um Jantar que o é, mas da Verdade. Concluo ainda que, porque a perfeição é inatingível, não mais, salvo circunstâncias verdadeiramente excepcionais, alterarei a data do Jantar, e seja o que a deidade quiser.
Devido a insuficiências técnicas, o restaurante A Valenciana não pôde, este ano, dar-nos condições para vermos o jogo numa sala para o efeito, pelo que tomei a iniciativa de levar o meu portátil. Assim, com recurso à rede wireless do restaurante, vimos o jogo em directo, o que redundou numa manifesta e gradual perda de entusiasmo da parte do muy prezado sportinguista João Trigo, à medida que o Benfica ia alavancando um resultado demolidor.
Se, em boa Verdade, a noite seguiu alta para uma snookerada com os sobreviventes Pina, Carlos, Pimenta, Patrícia, Fernando, Joana, Jacinto e Simone no Snooker Club de Lisboa (Penya Barcelonista de Lisboa), mais alta esteve quando, após as quatro da matina, me despedi do Pina, por fim, novamente junto à Valenciana, na sequência de uma conversa de Vida e Verdade que se prolongaria naturalmente por muitas horas, não fosse o frio e a obrigatoriedade quotidiana de seguir caminho.
Mas recuando ao Jantar, inolvidável é também a composição, pela primeira vez, de um texto escrito a múltiplas mãos pelos estimados comensais cordianos, com recurso ao método surrealista cadavre exquis, subvertendo o discurso literário convencional. Dito e feito, a confraria compôs um texto de tal modo progressista e simbólico, pleno de alçapões metafóricos, abstracções elevadas e alegorias finas, quase etéreas, que decidi apresentá-lo desde já traduzido e adaptado em inglês com base em cálculos numerológicos e na sequência de Fibonacci.
Cordian Cadavre Exquis 1
Friends like these, like stoning the pond
of today's communities,
in which we all represent a different facet,
with visions, opinions and influences.
They conquer us, envelop us, consume us,
such as a pungent and constant pain
that leaves me with a bloodied wicker
without ever regretting the pleasure
of, in your company,
watching the Glorious one prevail.
With a little chicken on the goal
- and also in the tummy -
the return to a childhood,
the return to an unresting life
of staring the tender eyes of friends,
sometimes distant,
bringing longing memories
and the yearning of remembering
the mega success of Günther
and the Sunshine Girls
- you touch my trá-lá-lá.
Regresso, por fim, a uma ideia já disposta em aniversários cordianos anteriores, mas que se mantém totalmente válida:
"Enche-me o coração armar um pretexto que volte a reunir outros três ou quatro amigos de infância, de escola primária, e outros tantos amigos de rua cruz-quebradense, de escuteiros, de colégio, de banda, de turma, e todos juntos sermos o momento de que se não desiste. Foi verdadeiramente esse o motivo que me fez, com o impulso do Gustavo Silva, (...) abraçar este Jantar como a uma tabla contínua de passado, presente e futuro maciços e duráveis, que se consubstancia na nossa presença e que consegue, paradoxalmente, flexibilizar os contornos do tempo e do espaço em concavidades e convexidades que nos mantêm à tona de uma realidade que, como não me canso de escrever nesta ocasião, transcende em muito a liça cibernética, resgatando a tangibilidade dos afectos.
Sim, este jantar é um feito de todos, muito além da celebração do aniversário do blogue, e eu só posso sentir-me honrado pelo privilégio de estar convosco anualmente, nesta data, de forma espontânea, livre e desejada mutuamente."
No próximo ano cordiano prometo alimentar a página com conteúdos inéditos e inauditos que neste momento se encontram na gaveta, mas por boas razões. Este blogue é e continuará a ser o meu fiel depositório criativo.
Como sempre nesta ocasião, o cabeçalho do Caderno de Corda encontra-se actualizado, podendo ler-se, no final da animação taylor made pelo realizador Tiago Pereira, Anno XI.
Daqui a exactamente um ano, no mesmo sítio, à mesma hora.
ASSIM foi. Assim seja.
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Etiquetas: Aniversário Cordiano, Da Blogosfera, Diário de Bordo, Fotos e Imagens Cordianas, Hipertexto Infuso, Notas Autorais, Quotidianos
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