quarta-feira, fevereiro 14, 2024

A Escolha da Rosa

DAQUI








Ruas inacessíveis, becos sem saída,

incontáveis estradas bifurcadas.

Regressas à casa de partida,

dado a esperanças e encruzilhadas.


Quando as ilusões te salvam, meu menino,

predestinam a revelação dos teus segredos,

tendo a Lua por testemunha, iluminando-te o caminho,

deitando a teus pés, sobre a calçada, todos os medos.


Ali, duas estradas divergiam sob Sol candente

num momento imóvel e arrastado

que da paixão fez pressentimento

e abriu dois sulcos de um mesmo fado.


Não podias seguir por ambos,

mas a Roma dão todos os caminhos,

peregrinação de amantes sozinhos

que ao Amor conduzem desencantos.


Observaste o primeiro trilho:

desaparecia no horizonte,

serpenteante como um rastilho

a espoletar destino adiante.


Olhaste o segundo, vereda montanhosa

de subidas e descidas extenuantes,

e, ao fundo, uma única e serena rosa

decidiu por ti, num dramático instante.


Colhida a rosa, guardada húmida no bolso,

seguiste viagem, subiste e desceste,

caíste e duvidaste, temeste o impulso,

desejaste outro troço que não este.


Deste de beber à rosa pelo caminho,

junto à margem do rio, fio fino

de água entre estradas, traço azulino

que te saciou e levou ao destino.


Não podias esperar pela morte,

nem tua nem da flor

que entregaste à consorte

do teu destinado Amor.

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