Sestina Cirúrgica da Dívida
A Liberdade nasceu à sombra do juro.
Do berço de Abril despertou a dívida.
No corpo do sonho abriu-se um corte
e o sangue secou sobre o tapete.
Lavaram-no com água do resgate
no jugo eterno do trabalho.
Por decreto, a vida cingida ao trabalho.
Da Liberdade à tirania do juro,
a pátria, de joelhos, pediu resgate;
a Revolução assinou de cruz a dívida
e o sangue do sonho tingiu o tapete.
Lâmina, Fundo Monetário – corte.
Depois do PREC, regressou a corte,
e a vida picava o ponto no trabalho.
O País foi outra vez ao tapete
– em letras pequenas estava o juro.
A esperança incauta pariu a dívida
e o povo assinou de cruz o resgate.
O Santo Mercado pregou o resgate.
De cravo à lapela, posava a corte,
e o País, ébrio, bebeu a dívida.
Na ressaca, o preço foi trabalho.
Do crédito à ditadura do juro,
o século findou bêbedo no tapete.
O povo, varrido sob o tapete,
ajoelhou-se à Troika e ao resgate.
O futuro curvou-se ao peso do juro;
o bisturi do medo firmou o corte;
o corpo rendido voltou ao trabalho.
Do sacrifício restou-nos a dívida.
Do medo inoculado renasceu a dívida;
do chão da esperança puxaram o tapete
ao homem remoto a rezar ao trabalho
e à salvação da vacina, ao resgate.
No fino fio da seringa, sem corte,
o sangue da cura coagula em juro.
O trabalho consumido em juro
e o velho resgate renova a dívida.
Na corte, varridos sob o tapete.
Do berço de Abril despertou a dívida.
No corpo do sonho abriu-se um corte
e o sangue secou sobre o tapete.
Lavaram-no com água do resgate
no jugo eterno do trabalho.
Por decreto, a vida cingida ao trabalho.
Da Liberdade à tirania do juro,
a pátria, de joelhos, pediu resgate;
a Revolução assinou de cruz a dívida
e o sangue do sonho tingiu o tapete.
Lâmina, Fundo Monetário – corte.
Depois do PREC, regressou a corte,
e a vida picava o ponto no trabalho.
O País foi outra vez ao tapete
– em letras pequenas estava o juro.
A esperança incauta pariu a dívida
e o povo assinou de cruz o resgate.
O Santo Mercado pregou o resgate.
De cravo à lapela, posava a corte,
e o País, ébrio, bebeu a dívida.
Na ressaca, o preço foi trabalho.
Do crédito à ditadura do juro,
o século findou bêbedo no tapete.
O povo, varrido sob o tapete,
ajoelhou-se à Troika e ao resgate.
O futuro curvou-se ao peso do juro;
o bisturi do medo firmou o corte;
o corpo rendido voltou ao trabalho.
Do sacrifício restou-nos a dívida.
Do medo inoculado renasceu a dívida;
do chão da esperança puxaram o tapete
ao homem remoto a rezar ao trabalho
e à salvação da vacina, ao resgate.
No fino fio da seringa, sem corte,
o sangue da cura coagula em juro.
O trabalho consumido em juro
e o velho resgate renova a dívida.
Na corte, varridos sob o tapete.
Jeremias Cabrita da Silva in "Ars Poetica et Rebellis"
(Edições Cravo & Ferradura, 2027)
Etiquetas: Chordian Poetry, Jeremias Cabrita da Silva - Citações e Textos, Poemas da Crise, Poesia Cordiana, Revolucionando
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