Elegia do Desígnio
A era expirou; o mar levou o farol.
O código herdou o sopro do criador.
A pátria jaz, funerária, sob o lençol
– a silhueta no sudário do censor.
Velha bandeira, mortalha de poeira,
o falso profeta monetiza a capela;
a democracia é vitrina de algibeira
num púlpito em que o ódio é sentinela.
Havia um tempo aceso, de lampejo,
da palavra a fitar a cobardia.
O homem rendeu-se à usura do desejo,
à verdade conscrita à demagogia.
O amor, finalmente, feito transação
– cruz de néon num registo civil,
esperança possível em promoção
no código frio de um milagre útil.
Marcha a procissão em silente nudez.
Nada como a fome ensina a esperar.
O verbo morde a língua da lucidez
e o povo aplaude o algoz por se salvar.
Ó plebeus da renúncia, onde estais,
que deixais as hordas invasoras
nas tribunas grunhir como animais?
Quem elegeu tantos facínoras?
Um fósforo reacende um templo de luz
e a gente desperta — renasce em lume.
A míngua recusa o silêncio que a reduz.
De archote em punho, rompemos o negrume.
Do fogo à palavra eis a verdade:
Aqui jaz o medo, respira a razão;
reaprende o desígnio a vontade.
Sob a pele, o chão: a refundação.
O código herdou o sopro do criador.
A pátria jaz, funerária, sob o lençol
– a silhueta no sudário do censor.
Velha bandeira, mortalha de poeira,
o falso profeta monetiza a capela;
a democracia é vitrina de algibeira
num púlpito em que o ódio é sentinela.
Havia um tempo aceso, de lampejo,
da palavra a fitar a cobardia.
O homem rendeu-se à usura do desejo,
à verdade conscrita à demagogia.
O amor, finalmente, feito transação
– cruz de néon num registo civil,
esperança possível em promoção
no código frio de um milagre útil.
Marcha a procissão em silente nudez.
Nada como a fome ensina a esperar.
O verbo morde a língua da lucidez
e o povo aplaude o algoz por se salvar.
Ó plebeus da renúncia, onde estais,
que deixais as hordas invasoras
nas tribunas grunhir como animais?
Quem elegeu tantos facínoras?
Um fósforo reacende um templo de luz
e a gente desperta — renasce em lume.
A míngua recusa o silêncio que a reduz.
De archote em punho, rompemos o negrume.
Do fogo à palavra eis a verdade:
Aqui jaz o medo, respira a razão;
reaprende o desígnio a vontade.
Sob a pele, o chão: a refundação.
Etiquetas: Chordian Poetry, Jeremias Cabrita da Silva - Citações e Textos, Poemas da Crise, Poesia Cordiana, Revolucionando


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